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Comprei um Gigolô e ele era um Bilionário (Kayla Sango ) romance Capítulo 284

~ Nathaniel ~

Respirei fundo, sentindo o peso das palavras que precisava dizer. O momento parecia perfeito - nós dois sozinhos na ponte, Bath iluminada ao nosso redor, Anne encostada em mim com aquela expressão de completa felicidade. Era agora ou nunca.

Era irônico que esse fosse o único ponto do dia que eu não havia planejado meticulosamente. Havia organizado cada detalhe - o Jane Austen Centre, as Termas Romanas, a câmara subterrânea - mas contar a verdade sobre Wanderer... isso tinha simplesmente surgido no momento. Talvez porque ela parecia tão feliz com o desenrolar do dia, porque parecíamos ter nos aproximado ainda mais, porque finalmente me sentia seguro o suficiente sobre nós. Ela entenderia. Não entenderia?

— Anne... — comecei, minha voz soando mais tensa do que pretendia. — Eu preciso te contar algo sobre...

O som de saltos apressados nas pedras da calçada me interrompeu. Me virei e vi Tori se aproximando rapidamente, segurando o casaco fechado e claramente desconfortável com o frio cortante da noite.

— Desculpem interromper — disse quando chegou perto, tirando uma mecha de cabelo do rosto. — Mas mamãe está chamando vocês. É hora de se arrumarem para a ceia.

Senti uma frustração imensa tomar conta de mim. Mais alguns segundos e eu teria contado tudo para Anne. Agora o momento havia se perdido, e não sabia quando teria outra oportunidade perfeita como aquela.

— Seus pés devem estar congelando — Anne disse, observando os sapatos elegantes de Tori com uma mistura de admiração e preocupação. — E você ainda se mantém nesses saltos. Impressionante!

— Mamãe estava ficando ansiosa — Tori respondeu, fazendo uma careta enquanto flexionava os pés. — E sinceramente, eu meio que já estou acostumada a tortura.

Anne riu suavemente.

— Pensei que salto fosse sempre confortável para quem está acostumada.

— Só quem está acostumada sabe que nunca é confortável — Tori corrigiu com leveza, e pela primeira vez desde que chegamos, vi as duas trocarem um sorriso genuíno.

Talvez houvesse esperança para elas se entenderem afinal.

Conforme Tori se aproximou mais, sob a luz dos postes da rua, ela observou o cabelo de Anne com um olhar curioso.

— Essa umidade de Bath deixa qualquer cabelo rebelde — comentou. — Tenho um creme ótimo para isso, se quiser.

Vi Anne corar ligeiramente, e senti minha própria face esquentar. Eu sabia exatamente por que os fios dela estavam rebeldes - as imagens da nossa hora nas termas subterrâneas voltaram vividamente à minha mente. O vapor, suas mãos em meus cabelos, a forma como ela sussurrou meu nome...

— Claro! — Anne concordou. — Obrigada!

Tori nos observou com aquela curiosidade característica, como se estivesse tentando decifrar de onde exatamente vínhamos e o que havíamos estado fazendo.

— Vamos entrar — disse rapidamente, antes que ela pudesse fazer mais perguntas. — Não queremos deixar mamãe esperando.

Quando entramos em casa, o calor nos envolveu imediatamente, junto com o aroma delicioso de algo assando no forno. A cozinha estava em plena atividade - Elizabeth circulava entre panelas e fornos com a eficiência de alguém que havia orquestrado dezenas de ceias natalinas. Do fundo da casa, podia ouvir o som suave do piano - meu pai tocando uma das canções natalinas clássicas que sempre ensaiava nesta época do ano, provavelmente algo de Bach ou Handel.

— Cadê o Oliver? — perguntei, notando sua ausência na movimentação familiar.

— Foi buscar a Sarah — Tori respondeu, já caminhando em direção ao balcão da cozinha. — Disse que voltaria a tempo para a ceia.

— Obrigada pelo dia mais perfeito da minha vida — sussurrou contra meus lábios.

A abracei de volta, sentindo uma mistura de felicidade e culpa. Ela estava radiante, completamente feliz, e eu ainda carregava aquele segredo que podia mudar tudo entre nós.

— Foi perfeito mesmo — concordei, beijando suavemente sua testa.

Mas enquanto a segurava, não conseguia parar de pensar no momento perdido na ponte. Havia estado tão perto de contar sobre Wanderer, de finalmente ser completamente honesto com ela. Agora teria que encontrar outro momento, outra oportunidade.

Bem... ainda tinha até o final das festas. Bianca havia me dado esse prazo, e eu pretendia usá-lo. Só precisava encontrar a hora certa, o lugar certo, as palavras certas.

Anne se afastou ligeiramente para me olhar, seus olhos brilhando com aquela felicidade pura que me fazia sentir simultaneamente o homem mais sortudo e o maior covarde do mundo.

— O que você ia me contar na ponte? — perguntou, brincando com a gola da minha camisa.

Olhei para ela, sentindo o peso da verdade na ponta da língua. Mas não dava para contar agora. Não com o tempo limitado e minha família do lado de fora da porta, esperando que descêssemos para a ceia. Uma conversa sobre Wanderer precisaria de tempo, de privacidade, de espaço para explicar tudo sem interrupções.

— Nada importante — menti, forçando um sorriso. — Pode esperar.

Ela assentiu, confiando em mim completamente, e essa confiança cega apenas intensificou minha culpa.

Logo, prometi silenciosamente. Logo eu contaria tudo, e esperava que ela pudesse me perdoar por ter esperado tanto tempo.

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