A ligação chegou dois dias após a festa improvisada em casa de Nate. Estávamos tomando café juntos na cozinha, discutindo os apartamentos que visitaríamos - ele havia marcado cinco opções diferentes em bairros que achava que eu gostaria - quando o telefone de Nate tocou exibindo o número da delegacia.
— Precisamos que vocês venham novamente para alguns esclarecimentos — disse a voz do detetive Thompson do outro lado da linha, seu tom profissional mas não urgente. — Questões de rotina, conferência de fatos, checagem de alguns detalhes dos depoimentos. Nada muito complicado, mas necessário para o processo.
Senti meu estômago se contrair imediatamente, como se alguém tivesse apertado um nó apertado bem no centro do meu abdômen. O café da manhã que havia estado saboreando momentos antes de repente perdeu todo o sabor, e minha boca ficou seca. Pensei que a parte mais difícil havia passado, que poderia começar a processar o trauma em paz, no meu próprio ritmo, sem ter que reviver constantemente os detalhes mais perturbadores daquela noite terrível.
— É extremamente traumático ficar relembrando de tudo novamente — confessei para Nate durante o trajeto de carro até a delegacia, observando a paisagem familiar de Londres passar pela janela sem realmente registrar nada do que via. — Cada vez que tenho que contar a história outra vez, sinto como se estivesse sendo forçada a voltar para aquele quarto, para aquela sensação de desespero e vulnerabilidade. Às vezes eu só queria deixar para lá, seguir em frente e fingir que nada disso aconteceu.
Era verdade. Parte de mim queria simplesmente esquecer que James Morrison existia, que Alessandra tinha qualquer poder sobre minha vida, que aquela noite havia acontecido. Queria voltar para a simplicidade de apenas me preocupar com relatórios de trabalho e que filme assistir com Nate à noite.
Nate pegou minha mão por cima do câmbio do carro, apertando-a com firmeza reconfortante, seus dedos entrelaçando-se com os meus de uma forma que sempre me acalmava.
— Entendo completamente — disse com a gentileza que sempre demonstrava quando eu estava vulnerável. — Ninguém deveria ter que passar por isso, reviver trauma repetidamente para satisfazer burocracias legais. Mas sei que você é forte o suficiente para lidar com isso, e mais importante, sei que você quer garantir que James fique na prisão pelo maior tempo possível e nunca mais possa fazer com nenhuma outra mulher o que quase fez com você.
Ele estava certo, é claro. Se meu testemunho pudesse evitar que outra pessoa sofresse nas mãos de James, então valia a pena o desconforto pessoal.
Quando chegamos à delegacia - um prédio cinzento e institucional que cheirava a café velho e produtos de limpeza industrial - descobrimos que o caso havia se tornado significativamente maior e mais complexo do que qualquer um de nós havia esperado inicialmente.
— Depois que o rosto de James Morrison foi estampado nos jornais locais — explicou o detetive Thompson enquanto nos guiava através de corredores estreitos até uma sala de reuniões —, outras mulheres se juntaram ao processo. Três até agora, todas com histórias perturbadoramente similares à sua.
— Isso é... isso fortalece o caso contra ele? — perguntei hesitantemente, tentando processar as implicações legais enquanto lidava com as emocionais.
— Muito — confirmou Thompson com convicção. — Múltiplas vítimas com evidências consistentes e um padrão comportamental claro criam um caso praticamente inquestionável. Com testemunhos corroborando uns aos outros e evidências físicas de pelo menos duas das outras situações, dificilmente ele escapará de uma condenação significativa. Estamos falando de uma sentença de muitos anos.
A conversa foi interrompida quando David Richardson, o advogado experiente que Nate havia contratado para me representar durante todo o processo, chegou à sala carregando uma pasta volumosa e uma expressão facial que não conseguia esconder completamente sua frustração e preocupação. Richardson era conhecido por sua competência em casos criminais complexos e por sua taxa impressionante de sucessos, o que tornava sua expressão atual ainda mais preocupante.
— Boas notícias e más notícias — disse sem preâmbulos característicos, se sentando do outro lado da mesa de reuniões e organizando seus documentos com movimentos precisos. — As boas notícias vocês provavelmente já ouviram do detetive Thompson. Com as outras vítimas se apresentando e fornecendo testemunhos corroborantes, temos um caso extremamente sólido contra James Morrison.
— E as más notícias? — Nate perguntou, embora seu tom de voz e sua postura corporal sugerissem que já suspeitava qual direção a conversa tomaria.
— Claro que não foi Alessandra diretamente! — Nate disse, sua voz carregada de frustração e raiva mal controlada. — Ela é inteligente demais para deixar suas marcas em qualquer evidência. Ela arquitetou toda a operação nos mínimos detalhes, manipulou as pessoas certas para fazer o trabalho sujo por ela, mantendo as próprias mãos completamente limpas de qualquer envolvimento rastreável.
— Entendo perfeitamente a lógica e concordo com a avaliação — Richardson disse, sua experiência profissional transparecendo em sua análise. — Mas o sistema legal funciona com evidências concretas e provas tangíveis, não com deduções, por mais corretas que possam ser. Sem evidências físicas diretas conectando Alessandra Bellucci à conspiração, não temos base legal sólida para acusá-la de qualquer crime específico.
— Ela foi pelo menos chamada para prestar depoimento? — perguntei, me agarrando a qualquer esperança residual de que algum tipo de justiça pudesse ser aplicada.
— Foi convocada e prestou depoimento formal ontem — confirmou Richardson. — Negou categoricamente qualquer envolvimento ou conhecimento prévio dos eventos. Alegou ter ficado tão chocada e horrorizada quanto qualquer outra pessoa quando soube do que havia acontecido. Apresentou álibi para a noite em questão e demonstrou cooperação total com a investigação. Sem provas concretas contradizendo seu testemunho, não há nada que possamos fazer do ponto de vista legal.
— E as evidências do hotel? — Nate pressionou, claramente tentando encontrar qualquer ângulo que pudéssemos explorar. — O Hotel Milani se demonstrou completamente disposto a cooperar com a investigação desde o primeiro momento. Certamente as gravações de segurança mostrariam Alessandra entrando e saindo do quarto, ou pelo menos coordenando atividades suspeitas com James Morrison durante a noite.
Richardson fez uma pausa longa e significativa, sua expressão se tornando ainda mais sombria e preocupada do que havia estado durante toda a conversa.
— Aí que está o nosso maior problema — disse lentamente, como se estivesse relutante em revelar a informação. — As gravações de segurança daquela noite simplesmente desapareceram.

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Comprei um Gigolô e ele era um Bilionário (Kayla Sango )
Bom dia. Poderiam liberar 10 capítulos diários. É complicado ler assim, tipo conta gotas. Por isso muitos desistem dos livros e partem pra outros. Pensa nisso com carinho autora....
Poxa q triste, ficou chata demais a história, nas partes da Maitê eu nem gasto mais moedas, reviro os olhos sem perceber…. Li os dois primeiros livros duas vezes, mas essa Maitê dá ânsia...
Que descaso! Comprei as moedas está dizendo que o capítulo 508 está disponível, da erro qdo eu tento liberar e ainda computa as moedas....
Maitê foi um erro na vida de Marco...
Não faz sentido o que aconteceu com o Marco! Essa é a história dele, como assim?...
Cansativo demais. Só 2 capítulos por dia. Revoltante. Coloca logo um valor e entrega o livro completo. Só vou ler até minhas moedas acabarem. Qdo terminar não vou mais comprar. Desanimadora essa situação....
Está ficando cansativo demais, só está sendo liberado 1 ou 2 capítulos por dia (hoje só o capítulo 483)...afff... Ninguém merece.......
2 capítulos por dia, as vezes 1, é ridículo!!! Isso é claramente uma forma de arrecadar as moedas!! Quem sabe, calculem um valor para a história, e seus capítulos … cobrem e liberem!!! Quem quer ler vai pagar, essa forma de liberação só desestimula quem está lendo!!! Está pessimo, além , de opiniões pessoais sobre a obra!...
Estou gostando muito das estórias ….a única coisa é que cobra as moedas e não libera o capítulo …. Já perdi umas 30 moedas com essa situação !...
Que história mais vida louca... AMEI!!!...