~ MAITÊ ~
Dois meses. Dois meses desde que nos mudamos para nosso próprio apartamento em Florença.
O Natal havia sido estranho - meu primeiro longe da família no Brasil, sem as tradições que conhecia desde criança. Mas a família de Marco me acolheu com tanto carinho que acabei me surpreendendo ao descobrir que era possível criar novas tradições. Giovanni havia insistido que celebrássemos na propriedade rural, e passamos uma semana inteira entre olivais cobertos de geada e lareiras acesas. Beatrice me ensinou receitas italianas tradicionais, Luca e Mia me incluíram em todas as brincadeiras familiares, e Marco... Marco me deu um colar delicado com um pequeno pingente de concha pérola, sussurrando que era para que Afrodite nunca esquecesse de Apolo.
Agora, em pleno inverno italiano, com as ruas de Florença cobertas por uma fina camada de chuva fria e as pessoas caminhando apressadas com casacos pesados, nós dois nos confinávamos em nosso apartamento tentando construir algo que se parecesse com um casamento real, e eu estava começando a entender por que tantos relacionamentos fracassavam quando casais decidiam morar juntos.
Não eram grandes problemas. Eram pequenas coisas, detalhes aparentemente insignificantes que, somados, criavam uma tensão constante no ar. Marco deixava a xícara de café na pia depois do café da manhã, sempre com aquela pequena mancha marrom no fundo que precisava ser esfregada. Eu, por outro lado, lavava tudo imediatamente após usar, incapaz de relaxar sabendo que havia louça suja, mesmo sabendo que a diarista chegaria mais tarde.
Ele gostava de acordar com o noticiário italiano em volume alto, enquanto eu preferia começar o dia no silêncio, especialmente agora que os enjoos matinais ainda apareciam mais ocasionalmente e eu conseguia dormir um pouco melhor. Marco tomava banhos longos e deixava toalhas úmidas no chão do banheiro, enquanto eu dobrava cuidadosamente as minhas e as pendurava no lugar certo.
Havia também a questão da temperatura. Ele estava acostumado ao clima italiano e achava o apartamento sempre muito quente, abrindo janelas mesmo quando eu estava com frio. Eu, grávida e com o sistema de regulação térmica completamente desregulado, oscilava entre ondas de calor e calafrios constantes.
Mas talvez o que mais me incomodava era como ainda éramos essencialmente dois estranhos tentando dividir um espaço íntimo. Nas Maldivas, tínhamos sido Apolo e Afrodite, personas românticas em uma bolha de fantasia. Aqui, éramos Marco e Maitê, duas pessoas reais com hábitos, manias e expectativas diferentes.
Lívia havia sabiamente decidido morar com Mia para nos dar privacidade de casal, mas às vezes eu me perguntava se não teria sido mais fácil ter uma terceira pessoas para aliviar a tensão entre nós. Pelo menos com ela por perto, não teríamos que navegar sozinhos através de todos esses pequenos conflitos domésticos.
Marco havia retornado ao trabalho no escritório da Bellucci em Florença, tentando manter alguma normalidade profissional apesar de toda a situação. Eu, por outro lado, passava a maior parte dos dias sozinha no apartamento, explorando a cidade quando me sentia bem ou simplesmente lendo nas horas em que o enjoo me prendia em casa.
A solidão não me incomodava tanto quanto o desconhecimento. Ainda estava aprendendo quem Marco realmente era quando não estava tentando me impressionar ou me proteger. Descobri que ele era meticulosamente organizado com papéis de trabalho, mas completamente desleixado com roupas pessoais. Que falava ao telefone em um italiano rápido e assertivo que me lembrava que ele era, de fato, um executivo poderoso acostumado a dar ordens.
Também aprendi que ele tinha pesadelos ocasionais - não sobre nossa situação atual, mas sobre coisas do passado que ainda não havia compartilhado comigo. Acordava às vezes no meio da noite, tenso e suado, mas sempre minimizava quando eu perguntava o que estava errado.
Na verdade, essa era outra fonte de tensão entre nós. Eu ainda me sentia hesitante em relação à intimidade física completa, e isso criava uma atmosfera estranha de proximidade emocional misturada com distanciamento físico. Dormíamos na mesma cama, nos beijávamos eventualmente, nos abraçávamos, mas sempre havia um momento em que eu me afastava, e sempre havia aquela expressão de frustração contida nos olhos dele.
Mas nada me irritava mais do que sua tendência de simplesmente desaparecer por horas sem avisar. Era quinta-feira à noite, eu estava preparando um jantar simples quando olhei o relógio e percebi que eram quase nove da noite. Marco havia saído pela manhã dizendo que voltaria no final da tarde para jantarmos juntos.
Tentei ligar para o celular dele três vezes, mas foi direto para a caixa postal. Minha ansiedade começou a crescer. E se algo tivesse acontecido? E se Dominic tivesse descoberto onde estávamos? E se a polícia italiana tivesse decidido cooperar com a extradição? Minha mente começou a criar cenários cada vez mais catastróficos.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Comprei um Gigolô e ele era um Bilionário (Kayla Sango )
Cadê o restante do livro? Parou no capítulo 449....
Estava lendo sem pedir para comprar com moedas, e desde o capítulo 430 já não consigo mais. Fiquei bem chateada!...
A melhor foi a história da Zoey e Christian mesmo. Foi a mais emocionante....
Site tá uma porcaria cheio de propagandas que não tinha antes, atrapalhando a leitura....
21984019417...
Alguém mais está dando erro nos capitulos 426, 427 e 428?...
Cadê o capítulo 85 🥲...
Queria o final. Como faço?...
O meu travou no 406, mais as moedas estão sumindo...
O meu travou no 325...