~ MARCO ~
O nome saiu dos lábios de Maitê como uma punhalada direta no peito. Senti meu corpo inteiro congelar, cada músculo se tensionando instantaneamente. Era como se o chão tivesse desaparecido debaixo dos meus pés, deixando-me suspenso em um vazio que conhecia bem demais.
Aria.
Como ela sabia esse nome? Como era possível que aquele nome tivesse chegado até ela?
— Onde você ouviu esse nome? — perguntei, minha voz saindo mais áspera do que pretendia.
Maitê me olhou com uma expressão que era metade tristeza, metade determinação.
— Às vezes você chama por ela dormindo.
A revelação me atingiu como um segundo golpe. Durante o sono. Claro que era durante o sono. Achei que havia conseguido controlar isso, que os anos de terapia intensiva tinham finalmente me ajudado a processar certas memórias que insistiam em voltar quando eu baixava a guarda.
Havia passado tanto trabalhando meticulosamente para encontrar maneiras de lidar com tudo aquilo que ocupava espaços na minha mente. Técnicas de respiração, medicação quando necessário. Achava que havia finalmente encontrado uma forma de conviver com aqueles sentimentos. Que havia conseguido organizá-los de uma forma que não interferisse mais na minha vida diária.
Mas talvez estar na Itália novamente por tanto tempo tenha trazido certas memórias de volta de forma não intencional. As ruas familiares de Florença, os cheiros da infância, a língua italiana sendo falada constantemente ao meu redor. Todos esses gatilhos sensoriais trabalhando silenciosamente para desenterrar o que eu havia lutado tanto para organizar em compartimentos mentais seguros.
Senti minha postura mudar automaticamente, meus ombros se enrijecendo, minha mandíbula se contraindo. Era uma reação defensiva que eu conhecia bem, uma armadura emocional que eu havia aprendido a usar quando me sentia ameaçado ou exposto demais.
— Isso não é da sua conta — disse, meu tom saindo mais ríspido do que pretendia, mais cortante do que a situação merecia.
Vi Maitê recuar ligeiramente a expressão no rosto dela mudou imediatamente, a vulnerabilidade anterior sendo substituída por algo mais duro, mais protetor. Era como ver um espelho da minha própria reação defensiva.
— Então não venha me dizer que não temos segredos — replicou, sua voz saindo afiada. — Porque você claramente tem.
— Isso é coisa do passado — disse, tentando manter o controle da situação, tentando minimizar algo que sabia que não podia ser facilmente minimizado. Mas as palavras soaram fracas até para mim.
— Tudo parece sempre ser coisa do passado — Maitê respondeu, cruzando os braços sobre o peito em um gesto defensivo. — Mas o passado ainda fica rodeando você. Anne é passado, Aria é passado, mas ambas ainda estão aqui, não é? Uma na minha sala de jantar, outra nos seus sonhos.
A observação dela me irritou mais do que deveria. Havia uma verdade incômoda ali que eu não queria reconhecer, uma percepção aguçada que me fazia sentir exposto de uma forma que não gostava.
— Eu não preciso explicar nada — respondi, recorrendo à defensividade novamente, construindo muros quando deveria estar construindo pontes. — Assim como você disse, nós nem temos um relacionamento real. Então por que isso importaria?
Vi minhas próprias palavras atingirem Maitê como uma bofetada. Ela recuou fisicamente, seus olhos se enchendo de uma mistura de dor e raiva que me fez sentir imediatamente como um completo idiota. Havia usado suas próprias inseguranças contra ela, transformando sua vulnerabilidade em uma arma.
— Você tem razão — ela disse friamente, sua voz ganhando uma qualidade distante que me fez perceber que eu havia cruzado uma linha da qual talvez não conseguisse voltar. — Não temos nada real mesmo.
O silêncio que se seguiu foi tenso e desconfortável. Ficamos nos encarando através da cozinha, dois estranhos que de alguma forma haviam se tornado adversários em uma batalha que nenhum de nós realmente queria lutar. Duas pessoas feridas tentando proteger seus pontos mais sensíveis, mesmo que isso significasse ferir um ao outro.
— Vou dormir no quarto de hóspedes — anunciei finalmente, decidindo que a distância física seria melhor para ambos. Precisávamos de espaço para processar essa conversa, para decidir como seguir adiante sem nos destruirmos mutuamente.
Comecei a sair da cozinha, cada passo parecendo mais pesado que o anterior. A discussão havia drenado toda minha energia emocional, deixando-me exausto de uma forma que ia muito além do físico. Era o tipo de cansaço que vinha de expor feridas que ainda não haviam cicatrizado completamente.
Foi quando estava quase chegando à porta que ouvi Maitê gritar às minhas costas:
— Ótimo! Sonhe com a sua Aria!

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Comprei um Gigolô e ele era um Bilionário (Kayla Sango )
Bom dia. Poderiam liberar 10 capítulos diários. É complicado ler assim, tipo conta gotas. Por isso muitos desistem dos livros e partem pra outros. Pensa nisso com carinho autora....
Poxa q triste, ficou chata demais a história, nas partes da Maitê eu nem gasto mais moedas, reviro os olhos sem perceber…. Li os dois primeiros livros duas vezes, mas essa Maitê dá ânsia...
Que descaso! Comprei as moedas está dizendo que o capítulo 508 está disponível, da erro qdo eu tento liberar e ainda computa as moedas....
Maitê foi um erro na vida de Marco...
Não faz sentido o que aconteceu com o Marco! Essa é a história dele, como assim?...
Cansativo demais. Só 2 capítulos por dia. Revoltante. Coloca logo um valor e entrega o livro completo. Só vou ler até minhas moedas acabarem. Qdo terminar não vou mais comprar. Desanimadora essa situação....
Está ficando cansativo demais, só está sendo liberado 1 ou 2 capítulos por dia (hoje só o capítulo 483)...afff... Ninguém merece.......
2 capítulos por dia, as vezes 1, é ridículo!!! Isso é claramente uma forma de arrecadar as moedas!! Quem sabe, calculem um valor para a história, e seus capítulos … cobrem e liberem!!! Quem quer ler vai pagar, essa forma de liberação só desestimula quem está lendo!!! Está pessimo, além , de opiniões pessoais sobre a obra!...
Estou gostando muito das estórias ….a única coisa é que cobra as moedas e não libera o capítulo …. Já perdi umas 30 moedas com essa situação !...
Que história mais vida louca... AMEI!!!...