~ MAITÊ ~
Eram quase duas da manhã quando finalmente admiti para mim mesma que não conseguiria dormir. Havia ficado na cama por horas, revirando a briga com Marco na minha mente, analisando cada palavra trocada, cada tom de voz, cada expressão de dor que havia passado pelo rosto dele quando mencionei que nem sabíamos se o bebê era dele.
O apartamento estava silencioso demais. Marco estava no quarto de hóspedes, provavelmente dormindo tranquilamente enquanto eu me torturava com pensamentos em círculos.
Me levantei da cama e caminhei até a janela, observando as ruas vazias de Florença sob a luz amarelada dos postes. A cidade dormia pacificamente enquanto eu me consumia com dúvidas e inseguranças.
Peguei meu celular e liguei para Lívia. Tocou várias vezes antes dela atender, sua voz sonolenta e confusa.
— Maitê? São duas da manhã. Está tudo bem?
— Posso ir até aí? — perguntei sem preâmbulos, minha voz traindo o desespero que sentia.
— Claro. O que aconteceu?
— Briguei com o Marco. Não consegui dormir. Preciso conversar com alguém — admiti, sentindo lágrimas de frustração começarem a se formar. — Não aguento mais ficar aqui sozinha com meus próprios pensamentos.
— Vou te esperar na porta — disse imediatamente, sem fazer mais perguntas.
Vesti roupas rapidamente e chamei um táxi. A viagem até o apartamento que Lívia dividia com Mia passou em um borrão de luzes de rua e pensamentos dispersos.
Quando cheguei, Lívia já estava me esperando na entrada do prédio, vestindo um pijama de flanela e um casaco grosso por cima, os cabelos presos em um coque desleixado.
— Você parece terrível — disse sem rodeios, mas com carinho.
— Me sinto pior ainda — respondi.
— Mia está dormindo — sussurrou enquanto subíamos as escadas. — Vamos pro meu quarto para não acordá-la.
O quarto de Lívia era pequeno mas acolhedor, com uma decoração simples que ela havia montado nos últimos meses para tornar o espaço mais pessoal. Havia algumas plantas que ela cuidava com dedicação, livros empilhados na mesinha de cabeceira, e uma manta macia em tons de azul que ela havia comprado em uma das nossas primeiras saídas juntas pela cidade. Era reconfortante ver que ela estava criando um lar para si mesma, mesmo em circunstâncias tão extraordinárias.
Ela me levou até a cama e nós nos sentamos de frente uma para a outra, pernas cruzadas, como costumávamos fazer quando éramos crianças.
— Conta tudo — disse simplesmente, pegando minhas mãos entre as suas.
E eu contei. Tudo. Sobre Anne ter deixado escapar que ela e Marco tiveram algo no passado. Sobre Marco admitindo que foi "algo" mas minimizando a importância. Sobre minha própria reação defensiva, as coisas cruéis que dissemos um ao outro, e finalmente sobre Aria.
— Quem é Aria? — Lívia perguntou com a mesma curiosidade que eu sentia, se inclinando para frente.
— Não faço ideia. Mas ele chama por ela às vezes quando está dormindo. E quando confrontei ele sobre isso, ficou completamente na defensiva. Disse que não era da minha conta — expliquei, sentindo a frustração retornar com força total.
— E você está com ciúmes — Lívia observou. Não era uma pergunta, era uma constatação baseada no conhecimento que ela tinha de mim.
Suspirei pesadamente, finalmente admitindo em voz alta o que vinha negando para mim mesma há horas.
— Estou. Completamente. E me sinto ridícula por isso.
— Por quê? É natural sentir ciúmes quando seu... — ela hesitou, procurando pela palavra certa — quando Marco está claramente carregando sentimentos por outra pessoa.
— É natural? Lívia, como posso estar com ciúmes de alguém que talvez nem conheça direito?
— Você está com ciúmes da Anne também?
Mas mesmo dizendo isso, sabia que estava mentindo. Não conseguiria simplesmente esquecer ou ignorar. O nome Aria agora estava gravado na minha mente, associado a mistérios e segredos que Marco claramente não pretendia compartilhar.
Ficamos em silêncio por alguns minutos, eu perdida em pensamentos sombrios e Lívia claramente tentando encontrar uma forma construtiva de me ajudar.
— Sabe o que eu acho que a gente precisa? — disse finalmente, quebrando o silêncio pesado.
— O quê?
— Uma ocupação.
Franzi a testa, confusa.
— Mas você não está trabalhando na Bellucci?
— Estou, mas é praticamente simbólico, visto que nem é a minha área de especialização — Lívia deu de ombros. — Mas não estou falando disso. Estou falando de um hobby, algo para esvaziar a mente. Você está obcecada com essa situação porque não tem mais nada produtivo para pensar. Sua mente fica ruminando os mesmos problemas em círculos infinitos.
Ri pela primeira vez desde que havia saído de casa, reconhecendo a verdade na observação dela.
— Provavelmente tem razão. Não consigo pensar em algo a longo prazo no momento, considerando que nem sei onde vou estar daqui a alguns meses. Mas se você estiver procurando uma ocupação para amanhã, pode me acompanhar no ultrassom do bebê. É possível que consigamos ouvir o coração pela primeira vez.
O rosto de Lívia se iluminou com uma alegria genuína que aqueceu meu peito.
— Deve ser um momento mágico! Marco não vai com você? — Lívia perguntou.
— Ele ia. Mas agora não sei. Não sei mais de nada.

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Comprei um Gigolô e ele era um Bilionário (Kayla Sango )
Bom dia. Poderiam liberar 10 capítulos diários. É complicado ler assim, tipo conta gotas. Por isso muitos desistem dos livros e partem pra outros. Pensa nisso com carinho autora....
Poxa q triste, ficou chata demais a história, nas partes da Maitê eu nem gasto mais moedas, reviro os olhos sem perceber…. Li os dois primeiros livros duas vezes, mas essa Maitê dá ânsia...
Que descaso! Comprei as moedas está dizendo que o capítulo 508 está disponível, da erro qdo eu tento liberar e ainda computa as moedas....
Maitê foi um erro na vida de Marco...
Não faz sentido o que aconteceu com o Marco! Essa é a história dele, como assim?...
Cansativo demais. Só 2 capítulos por dia. Revoltante. Coloca logo um valor e entrega o livro completo. Só vou ler até minhas moedas acabarem. Qdo terminar não vou mais comprar. Desanimadora essa situação....
Está ficando cansativo demais, só está sendo liberado 1 ou 2 capítulos por dia (hoje só o capítulo 483)...afff... Ninguém merece.......
2 capítulos por dia, as vezes 1, é ridículo!!! Isso é claramente uma forma de arrecadar as moedas!! Quem sabe, calculem um valor para a história, e seus capítulos … cobrem e liberem!!! Quem quer ler vai pagar, essa forma de liberação só desestimula quem está lendo!!! Está pessimo, além , de opiniões pessoais sobre a obra!...
Estou gostando muito das estórias ….a única coisa é que cobra as moedas e não libera o capítulo …. Já perdi umas 30 moedas com essa situação !...
Que história mais vida louca... AMEI!!!...