~ MARCO ~
Mal havia dormido. Passei a noite inteira no quarto de hóspedes revirando na cama, analisando cada palavra da briga com Maitê, cada expressão de dor que passou pelo rosto dela quando disse coisas que não deveria ter dito. A cama era confortável, mas minha consciência pesada tornava impossível qualquer descanso real.
Às seis da manhã, finalmente admiti para mim mesmo que não conseguiria pegar no sono e me levantei. Olhei-me no espelho do banheiro de hóspedes e vi exatamente o que esperava: olheiras profundas, cabelos completamente desalinhados, e uma expressão que gritava "homem que passou a noite se odiando".
Precisava pedir desculpas a Maitê. Não estava pronto para me abrir completamente sobre certas partes do meu passado mas não queria que minha incapacidade de compartilhar criasse um abismo intransponível entre nós. Principalmente não hoje, quando tínhamos a consulta de ultrassom.
Hoje poderíamos ouvir os batimentos cardíacos do nosso filho pela primeira vez. Era um marco importante demais para ser manchado pela tensão da nossa briga de ontem.
Desci para a cozinha e fiz café, mas percebi que não tínhamos quase nada para um café da manhã adequado. Decidi sair para comprar algumas coisas especiais. Uma forma tangível de mostrar que me importava, que queria consertar as coisas entre nós. Conhecia uma padaria excelente a poucas quadras de distância que fazia croissants frescos e tinha uma seleção impressionante de doces italianos.
Caminhei pelas ruas ainda tranquilas de Florença, aproveitando o ar fresco da manhã para organizar meus pensamentos. Precisava encontrar uma forma de explicar minha reação defensiva sem revelar detalhes que ainda não estava preparado para compartilhar. Era uma linha tênue para navegar.
Na padaria, comprei croissants frescos, pães diversos, frutas, sucos naturais, e algumas especialidades italianas que sabia que Maitê gostava. Mas enquanto pagava, me lembrei de algo que ela havia mencionado durante o jantar com Anne e Nate - como sentia falta de brigadeiro.
Saí da padaria com a intenção de voltar direto para casa, mas a lembrança daquele comentário melancólico sobre brigadeiro me fez mudar de direção. Florença tinha uma comunidade brasileira pequena mas ativa. Certamente alguém venderia doces brasileiros.
Passei a próxima hora rodando a cidade, visitando pequenas lojas especializadas e perguntando em cafés que sabia serem frequentados por brasileiros. Finalmente, em uma pequena confeitaria próxima ao centro histórico, encontrei uma brasileira que fazia brigadeiros sob encomenda para eventos. Consegui convencê-la a me vender uma pequena caixa que tinha preparado para uma festa mais tarde.
Voltei para casa com as sacolas cheias e um plano simples: preparar um café da manhã especial, levar para Maitê na cama com os brigadeiros como surpresa, pedir desculpas sinceras pelo meu comportamento de ontem, e depois irmos juntos para a consulta médica.
Era um plano que dependia de timing e boa vontade, mas tinha que funcionar.
Quando entrei no apartamento, tudo estava silencioso. Maitê ainda não havia se levantado. Organizei tudo cuidadosamente em uma bandeja: croissants quentes, suco de laranja fresco, café com leite na temperatura que ela gostava, frutas cortadas artisticamente, e no centro, a pequena caixa de brigadeiros como peça de resistência.
Logo teríamos que sair para a consulta de ultrassom, então ela não podia dormir muito mais mesmo. Era o momento perfeito para uma reconciliação seguida de um dia importante para nós dois.
Subi as escadas equilibrando cuidadosamente a bandeja, ensaiando mentalmente as palavras que diria. Algo simples mas sincero sobre ter agido de forma defensiva desnecessariamente, sobre querer que fôssemos juntos para a consulta, sobre não permitir que o passado interferisse no presente que estávamos construindo.
— Maitê? — chamei suavemente antes de abrir a porta do nosso quarto. — Trouxe café da manhã.
Não houve resposta. Empurrei a porta delicadamente com o pé e entrei.
— Maitê? — tentei novamente.
Silêncio total.
Foi quando meus olhos se ajustaram completamente à luz filtrada pelas cortinas que percebi: a cama estava vazia. As cobertas estavam jogadas de lado, como se alguém tivesse saído apressadamente, mas definitivamente não havia ninguém ali.
Deixei a bandeja rapidamente na mesinha de cabeceira e caminhei até o banheiro.
— Maitê? — chamei, batendo levemente na porta. — Você está aí?
Nada.
Abri a porta do banheiro. Vazio.
Comecei a sentir um frio no estômago. Onde ela estava? Olhei o relógio - eram apenas oito da manhã. Para onde ela teria ido tão cedo? Minha mente imediatamente começou a criar cenários cada vez mais alarmantes.
— Tivemos uma briga ontem à noite. Eu dormi no quarto de hóspedes.
— E foi uma briga ruim o suficiente para ela sair de casa no meio da madrugada para buscar consolação com a prima? — Mia pressionou.
— Aparentemente — admiti, me sentindo como um adolescente sendo repreendido pela irmã mais nova.
— Não sei o que você fez, mas é bom se desculpar — disse com a confiança de alguém que claramente já havia conversado com Maitê e Lívia sobre a situação.
Ri apesar da seriedade da situação.
— Como você pode ter tanta certeza de que sou eu quem está errado?
— Porque Maitê está grávida — Mia respondeu como se fosse a coisa mais óbvia do mundo. — Nunca é culpa dela, são sempre os hormônios. E para casos como esse, o errado é sempre o homem. É uma regra universal.
Ri mais genuinamente dessa vez, reconhecendo que havia uma dose considerável de verdade na observação dela.
— Admito que errei — disse finalmente. — Mas acho que ela não quer me ver por enquanto.
— Para de bobagem — Mia retrucou imediatamente. — Vai encontrá-la no hospital para o ultrassom. Ela quer muito que você esteja lá.
— Tem certeza?
— Tenho. E Marco... — ela fez uma pausa dramática — leve chocolate. E um belo discurso de desculpas.

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Comprei um Gigolô e ele era um Bilionário (Kayla Sango )
Bom dia. Poderiam liberar 10 capítulos diários. É complicado ler assim, tipo conta gotas. Por isso muitos desistem dos livros e partem pra outros. Pensa nisso com carinho autora....
Poxa q triste, ficou chata demais a história, nas partes da Maitê eu nem gasto mais moedas, reviro os olhos sem perceber…. Li os dois primeiros livros duas vezes, mas essa Maitê dá ânsia...
Que descaso! Comprei as moedas está dizendo que o capítulo 508 está disponível, da erro qdo eu tento liberar e ainda computa as moedas....
Maitê foi um erro na vida de Marco...
Não faz sentido o que aconteceu com o Marco! Essa é a história dele, como assim?...
Cansativo demais. Só 2 capítulos por dia. Revoltante. Coloca logo um valor e entrega o livro completo. Só vou ler até minhas moedas acabarem. Qdo terminar não vou mais comprar. Desanimadora essa situação....
Está ficando cansativo demais, só está sendo liberado 1 ou 2 capítulos por dia (hoje só o capítulo 483)...afff... Ninguém merece.......
2 capítulos por dia, as vezes 1, é ridículo!!! Isso é claramente uma forma de arrecadar as moedas!! Quem sabe, calculem um valor para a história, e seus capítulos … cobrem e liberem!!! Quem quer ler vai pagar, essa forma de liberação só desestimula quem está lendo!!! Está pessimo, além , de opiniões pessoais sobre a obra!...
Estou gostando muito das estórias ….a única coisa é que cobra as moedas e não libera o capítulo …. Já perdi umas 30 moedas com essa situação !...
Que história mais vida louca... AMEI!!!...