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Comprei um Gigolô e ele era um Bilionário (Kayla Sango ) romance Capítulo 431

~ MAITÊ ~

A escuridão dentro do elevador parecia estar ficando mais densa a cada minuto que passava. Mesmo com a luzinha vermelha piscando no painel, eu conseguia ver muito pouco ao meu redor. Estava sentada no chão, encostada na parede dos fundos, tentando controlar minha respiração como Marco havia me ensinado pelo interfone.

A voz dele tinha me acalmado por alguns minutos, mas agora que ele havia parado de falar para conversar com o técnico, o pânico estava voltando. Cada pequeno ruído do elevador - o zumbido elétrico, o rangido ocasional do cabo - fazia meu coração disparar.

Foi quando ouvi um som diferente vindo de cima.

Um ruído metálico, como se alguém estivesse mexendo na parte superior do elevador. Meu sangue gelou. Em minha mente aterrorizada, todas as possibilidades ruins começaram a se formar: e se o elevador estivesse prestes a cair? E se a estrutura estivesse cedendo?

— Não, não, não — murmurei, me pressionando ainda mais contra a parede.

O barulho continuou, agora claramente como se alguém estivesse abrindo algo acima de mim. Na escuridão quase completa, ouvi o som de metal contra metal, seguido por uma leve corrente de ar que não estava lá antes.

Comecei a gritar.

— HELP! AIUTO! — gritei em inglês e italiano, as únicas palavras que consegui formar. — POR FAVOR! ALGUÉM!

— Maitê! — a voz de Marco veio de cima, clara e próxima. — Calma, sou eu! Fica calma!

— Marco? — murmurei, ainda tremendo.

— Sim, sou eu. Vou descer aí com você, ok?

Ouvi movimentos acima, e então vi uma silhueta descendo pela abertura que havia sido criada no teto do elevador. Em segundos, Marco estava ali comigo, no chão do elevador, puxando-me imediatamente para seus braços.

Enterrei o rosto no peito dele, sentindo seu perfume familiar. Seus braços me envolveram completamente, uma mão acariciando meus cabelos enquanto a outra me segurava firmemente contra ele.

— O que você está fazendo? — perguntei contra seu peito, minha voz ainda tremula.

— Se você tem medo de ficar aqui sozinha — ele respondeu simplesmente — então eu vou ficar com você.

— Mas... eles não vão me tirar daqui?

— Estão trabalhando nisso — disse, ajustando nossa posição para que eu ficasse mais confortável encostada nele. — Mas agora você só precisa se acalmar. Não está mais sozinha.

— É difícil — admiti, tentando controlar a respiração irregular. — Eu sei que é só um elevador, eu sei que é temporário, mas...

— Mas te lembra do armário — ele completou gentilmente.

Assenti contra seu peito.

— Meu pai bebia muito numa época — comecei, surpresa comigo mesma por continuar falando sobre isso. — Quando os parques começaram a declinar muito e o dinheiro já não era mais como antes. Ele e minha mãe viviam brigando porque ele também a traía, então eram sempre gritarias pela casa.

Marco não disse nada, apenas continuou acariciando meus cabelos, me dando espaço para falar.

— Eu me escondia no armário do meu quarto porque tinha medo — continuei. — Qualquer coisa que eu fizesse, até mesmo respirar mais alto, podia ser motivo para atrair a raiva dele. E quando ele bebia... ele batia em mim.

— Trouxe doces para você — corrigiu. — Eu me lembro de você falando sobre isso ontem no jantar e... A Mia disse que eu precisava vir com chocolate e um belo discurso de desculpas.

Peguei um brigadeiro e o levei à boca. O sabor rico de chocolate meio amargo explodiu em minha língua, e deixei escapar um gemido involuntário de prazer. Estava com mais vontade de brigadeiro do que havia percebido.

— Nossa — murmurei, lambendo os dedos. — Isso é incrível.

Marco sorriu, e mesmo na penumbra do elevador eu conseguia ver o alívio em seus olhos por me ver reagindo de forma mais normal.

— Sobre o discurso de desculpas — ele disse, sua voz ficando mais séria. — É verdade que eu tenho segredos sobre o passado. Segredos que ainda doem e que eu preferia deixar guardados para sempre.

Virei-me ligeiramente para poder olhá-lo melhor.

— Quando eu estava vindo para o hospital, pensei em mil formas de pedir desculpas para você e dizer o quanto me importo contigo — continuou — mas sempre tentando fazer isso sem precisar me abrir sobre essas feridas.

Ele pausou, passando a mão pelos meus cabelos.

— Então... aqui está você, falando sobre suas dores do passado como se eu fosse a única pessoa em quem você pudesse confiar para te salvar — disse. — E então eu entendi... que é sobre isso. É sobre saber com quem você pode se abrir sobre suas fraquezas e ainda se sentir forte.

— Exatamente o que você quer dizer com isso? — perguntei, sentindo que estávamos chegando em algo importante.

Marco respirou fundo, como se estivesse se preparando para pular de um penhasco.

— É sobre a Aria.

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