Comprei um Gigolô e ele era um Bilionário (Kayla Sango ) romance Capítulo 463

~ MARCO ~

— O quê? — perguntei, genuinamente confuso pela declaração que havia acabado de ouvir. — Você acha que eu estou refletindo a Aria em você?

A pergunta saiu carregada de incredulidade. Como ela havia chegado a essa conclusão? O que eu havia feito ou dito que pudesse ter dado essa impressão?

Maitê me olhou com uma expressão que misturava cansaço e uma tristeza profunda, como se estivesse explicando algo óbvio que eu havia me recusado a enxergar durante todo esse tempo.

— Talvez você não veja. Ou talvez... Talvez não seja exatamente isso — ela disse, sua voz ganhando um tom reflexivo, como se estivesse organizando pensamentos que vinham se formando há algum tempo. — Mas talvez você veja em mim o seu projeto de salvação. Uma forma de se redimir de um passado que ainda te assola.

Senti como se ela tivesse me dado um soco no estômago. Projeto de salvação? Era assim que ela via nosso relacionamento? Como algum tipo de experimento psicológico mal resolvido?

— E talvez... — ela continuou, pausando como se estivesse reunindo coragem para dizer algo que sabia que me machucaria — talvez você tenha tentado me amar como amou a Aria, e não admita dizer para mim que não é isso, não é amor.

As palavras dela ecoaram no apartamento silencioso, cada uma delas se cravando em meu peito como lâminas afiadas. Era como se ela estivesse dissecando nosso relacionamento inteiro e encontrando apenas artificialidade onde eu acreditava haver autenticidade.

— Mas agora eu entendo — ela disse com uma finalidade que me gelou por completo. — Agora eu sei.

Fiquei ali parado, tentando processar o que havia acabado de ouvir, tentando entender como tínhamos chegado a esse ponto. Ela entendia? Mas agora era eu quem não entendia. Completamente. Como ela havia chegado a essas conclusões devastadoras sobre meus sentimentos?

Eu nunca havia comparado Maitê com Aria. Nunca. Eram duas pessoas completamente diferentes em minha mente e em meu coração. Aria havia sido meu primeiro amor adolescente, aquela paixão intensa e inocente que marcara para sempre como eu entendia o que significava perder alguém que você ama.

Sim, eu havia amado Aria com toda a intensidade de um garoto de dezessete anos. Havia sofrido por ela, carregado a culpa de sua morte como uma pedra no peito, vivido meu luto por muito mais tempo do que seria saudável para qualquer pessoa. Mas isso não significava que tudo o que veio depois fosse uma tentativa de recriar ou compensar aquela perda.

Maitê não era meu projeto de salvação. Ela era uma mulher completamente diferente de Aria em todos os aspectos imagináveis. Onde Aria havia sido jovem e sonhadora, Maitê era madura e resiliente. Onde Aria havia sido protegida e inocente, Maitê havia enfrentado batalhas que eu nem conseguia imaginar completamente.

E sim, eu a amava. Não como havia amado Aria - com aquela paixão adolescente e idealizada - mas de uma forma adulta, complexa, real. Amava sua força quando enfrentava adversidades, sua vulnerabilidade quando se permitia confiar em mim, sua capacidade de me desafiar intelectualmente, a forma como seu rosto se iluminava quando ria de algo genuinamente engraçado.

Amava como ela se preocupava com as pessoas ao seu redor, mesmo quando estava lutando contra seus próprios demônios. Amava como ela havia encontrado forças para reconstruir sua vida depois de tudo que Dominic havia feito com ela. Amava como ela conseguia ser corajosa mesmo quando estava com medo.

— Ok — concordei, sabendo que argumentar seria inútil quando ela já havia tomado uma decisão. — Vou avisar o Christian que partimos com ele e a Zoey amanhã de manhã.

— Obrigada — ela disse simplesmente, e começou a subir as escadas em direção ao nosso quarto.

Observei-a subir alguns degraus, sentindo como se estivesse assistindo ela se afastar não apenas fisicamente, mas emocionalmente também. Como se cada passo que dava fosse um passo para longe de mim, de nós, de qualquer possibilidade de consertar o que havia se quebrado entre nós.

— Maitê — a chamei quando ela estava quase no topo da escada.

Ela se virou, olhando para mim com uma expressão que misturava cansaço e curiosidade sobre o que eu ainda poderia ter a dizer depois de tudo que havia sido revelado.

— Eu sei que você não é ela — disse, as palavras saindo carregadas de uma sinceridade que esperava que ela conseguisse sentir.

Maitê me olhou por um longo momento, seus olhos estudando meu rosto como se estivesse procurando por sinais de que eu realmente acreditava no que havia acabado de dizer. Finalmente, ela concordou de leve com a cabeça, um movimento quase imperceptível, e voltou a subir as escadas.