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Comprei um Gigolô e ele era um Bilionário (Kayla Sango ) romance Capítulo 469

~ MAITÊ ~

O hospital particular onde meu pai estava internado era imponente e assepticamente moderno. As paredes brancas e o cheiro de desinfetante me transportaram imediatamente de volta aos dias em que havia passado na clínica psiquiátrica, e senti meu estômago se contrair com memórias que preferia manter enterradas.

Marco e eu caminhamos em direção à recepção, meus passos ecoando no piso de mármore polido. Segurava a mão dele com força, nossos dedos entrelaçados numa conexão que era a única âncora que conseguia encontrar em meio à tempestade de emoções que sentia por dentro.

Não sabia bem o que esperar. Durante todo o voo, havia ensaiado mentalmente diferentes cenários - encontrar meu pai consciente, vê-lo dormir, talvez até mesmo ter uma conversa difícil mas necessária sobre nosso relacionamento complicado. O que não havia ensaiado era o medo crescente que sentia a cada passo que dava em direção ao seu quarto.

A recepcionista, uma mulher nos cumprimentou com a cortesia profissional típica de hospitais caros.

— Boa tarde. Em que posso ajudá-los?

— Viemos visitar Alfredo Salvani — respondi, tentando manter minha voz firme apesar da ansiedade crescente.

Ela digitou algumas coisas no computador, seus dedos movendo-se rapidamente sobre o teclado. Após alguns segundos, levantou os olhos para mim.

— Qual a relação da senhora com o paciente?

— Filha — respondi, e a palavra saiu carregada de todo o peso de um relacionamento que nunca conseguimos consertar completamente.

Ela assentiu e fez algumas anotações antes de levantar os olhos novamente.

— Podem ir para a salinha de espera ali à direita, por favor? Vou chamar o médico responsável para conversar com vocês. Aguardem só um momento.

Senti um frio percorrer minha espinha. Por que precisávamos falar com o médico antes de ver meu pai? Por que não podíamos simplesmente ir direto ao quarto dele? Essas perguntas se multiplicaram em minha mente conforme seguíamos para a pequena sala indicada.

A salinha era aconchegante mas formal, com sofás de couro bege e uma mesa de centro com revistas organizadas perfeitamente. Marco se sentou ao meu lado, ainda segurando minha mão, e pude sentir que ele também estava tenso, provavelmente percebendo as mesmas nuances na atitude da recepcionista que eu havia notado.

Poucos minutos depois, um homem de cabelos grisalhos vestindo jaleco branco entrou na sala. Ele tinha aquela expressão cuidadosamente controlada que médicos desenvolvem quando precisam dar notícias difíceis.

— Senhora Salvani? — perguntou, se dirigindo a mim.

— Sim.

Meu pai estava morto.

O homem que me forçava a ser a filha perfeita, que controlava cada aspecto da minha vida com mão de ferro, que havia me internado em uma clínica psiquiátrica quando não conseguiu mais me manipular. Mas também o homem que segurou na minha mão quando eu tive medo de andar na roda gigante no parque quando tinha seis anos. O homem que pacientemente me ensinou matemática nas tardes de domingo, sentado à mesa da cozinha com lápis e papel. O homem que costumava me levar para pescar no lago da nossa casa de campo, ensinando-me a ficar quieta e paciente enquanto esperávamos os peixes morderem a isca.

Ele se foi, e eu nunca teria chance de recuperar isso. Nunca teria chance de recuperar as boas memórias da infância que haviam sido soterradas por anos de conflito e controle. Nunca mais poderíamos nos entender, nunca mais poderíamos nos perdoar mutuamente pelos erros que cometemos um contra o outro.

Se tivesse aceitado vir com Vivianne no jatinho dela, teria chegado a tempo. Teria tido a chance de me despedir, de dizer as palavras que precisavam ser ditas, de tentar consertar pelo menos uma pequena parte do que estava quebrado entre nós.

Nunca me perdoaria por essa escolha.

Marco continuava chamando por mim, sua voz carregada de preocupação crescente, mas eu continuava presa em minhas reflexões e no luto recente que me atingia como ondas violentas. A culpa se misturava com a dor, criando uma tempestade emocional que me deixava completamente paralisada.

Mas repentinamente, a dor na minha cabeça se tornou ainda mais preocupante. Senti uma dor aguda e súbita na barriga, diferente de qualquer coisa que havia sentido antes. Arreglei os olhos e encarei Marco, o pânico imediatamente substituindo o luto.

— Não me sinto bem — consegui dizer, minha voz saindo rouca e desesperada.

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