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Comprei um Gigolô e ele era um Bilionário (Kayla Sango ) romance Capítulo 481

~ MAITÊ ~

Estava deitada na cama ao lado de Marco, a luz do abajur lançando sombras suaves pelo quarto. Minha barriga de sete meses tornava difícil encontrar uma posição confortável para dormir, mas não era o desconforto físico que me mantinha acordada naquela noite.

— Desde o enterro do meu pai, não vi mais minha mãe — disse quebrando o silêncio confortável que havia se instalado entre nós.

Marco se virou para me olhar, sua atenção completamente focada em mim.

— Ele dizia na carta para eu perdoá-la — continuei, sentindo as palavras saírem mais hesitantes do que pretendia. — E... eu queria tentar.

Fiz uma pausa, reunindo coragem para fazer a pergunta que me atormentava.

— Você me acha burra por isso?

Marco segurou minha mão entre as dele, seu polegar traçando círculos reconfortantes em minha pele.

— Não — disse com uma sinceridade que reconheci como genuína. — Entendo que às vezes não estamos prontos para abrir mão de certos relacionamentos, por mais que eles tenham nos feito sofrer, quando ainda acreditamos que podemos consertá-los.

Mordi o lábio, considerando suas palavras antes de perguntar o que realmente me preocupava.

— Mas sou boba por achar que posso consertá-lo? Depois de tudo que ela fez?

Marco suspirou, e pude ver que ele estava pesando cuidadosamente sua resposta.

— Talvez vocês nunca sejam melhores amigas — disse honestamente. — Mas podem tentar se reaproximar se isso é importante para você. Ainda mais sabendo que possivelmente Dominic estava por trás de muito do que ela fez. Ela também foi vítima, à sua maneira.

Adormeci naquela noite ainda pensando nas palavras de Marco, e acordei na manhã seguinte com uma determinação renovada. Precisava ao menos tentar.

A casa dos meus pais - agora apenas da minha mãe - ficava em um bairro elegante de São Paulo, uma mansão que sempre me parecera mais museu do que lar. Fui até lá com uma das seguranças me acompanhando discretamente, como havia se tornado protocolo desde que voltáramos ao Brasil.

Toquei a campainha e esperei, meu coração batendo acelerado. Quando a empregada abriu a porta e me reconheceu, sua expressão mostrou surpresa genuína.

— Senhora Maitê! Sua mãe não estava esperando...

— Eu sei. Posso entrar?

Ela hesitou por um momento antes de me deixar passar, murmurando algo sobre avisar minha mãe.

Encontrei-a na sala de estar, e o que vi me chocou profundamente. Minha mãe sempre havia sido impecável - cabelos perfeitamente arrumados, maquiagem aplicada com precisão, roupas elegantes mesmo quando estava apenas em casa. Mas a mulher que vi agora estava irreconhecível.

Seus cabelos estavam bagunçados e sem vida, claramente não lavados há dias. Vestia um pijama desleixado e manchado. Havia olheiras profundas sob seus olhos, e seu rosto tinha uma palidez doentia que me assustou.

— Maitê? — disse, sua voz rouca de surpresa e algo que soava como vergonha.

— Oi, mãe.

Minha mãe me olhou por um longo momento, e havia algo em seus olhos que me fez perceber que o que viria a seguir seria importante.

— Dominic matou seu pai — disse simplesmente, as palavras caindo entre nós como bombas. — Talvez eu seja a próxima.

Demorei alguns segundos para absorver o golpe daquelas palavras. Meu cérebro se recusava a processar completamente o que ela havia acabado de dizer.

— Mas... papai morreu de infarto, não foi? — consegui dizer, minha voz soando distante até para mim mesma.

— É fácil causar um infarto em alguém que já tem histórico cardíaco e toma medicação — ela respondeu, sua voz assumindo um tom quase clínico. — Uma dose extra de certos remédios, algo misturado na bebida... e parece natural. Mas o que realmente aconteceu naquele hospital... nunca vamos ter certeza absoluta.

Senti o mundo girar ao meu redor. Dominic havia matado meu pai. Não apenas contribuído para sua morte através de dívidas e pressão, mas ativamente o assassinado.

— Não... não vai acontecer — disse, ouvindo minha própria voz soar mais forte e determinada do que me sentia. — Não vou deixar ele fazer nada com você.

Minha mãe balançou a cabeça com uma tristeza resignada.

— Agora que você tem os parques e está grávida, ele não precisa mais de você também. Só do herdeiro direto. Quando esse bebê nascer, especialmente se for filho dele, você se torna tão descartável quanto seu pai foi. Quanto eu sou.

Ela apertou minha mão novamente, suas unhas se cravando levemente em minha pele.

— Vá embora, Maitê. Pegue seu marido, pegue essa criança quando nascer, e vá embora daqui. Para a Itália, para qualquer lugar onde Dominic não possa te alcançar. Mas vá embora!

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