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Comprei um Gigolô e ele era um Bilionário (Kayla Sango ) romance Capítulo 483

~ MARCO ~

Havíamos ido até a mansão Bellucci na Serra Gaúcha assim que o sol nasceu. O jatinho particular de Christian nos levou rapidamente da agitação de São Paulo para as colinas verdes e tranquilas do Rio Grande do Sul, mas ninguém estava admirando a paisagem. Todos estávamos mergulhados em nossos próprios pensamentos sombrios sobre o que acabávamos de descobrir.

Agora, sentados na ampla sala de estar da mansão - Christian, Zoey, Maitê, Bianca, Matheus, Dante e eu, com Nate participando por videoconferência da Inglaterra - encarávamos a magnitude do problema que enfrentávamos.

— Como o nome da Bellucci foi parar nisso tudo? — Matheus perguntou pela terceira vez, sua frustração evidente enquanto caminhava de um lado para outro da sala.

Bianca estava sentada ereta em uma poltrona, já no modo executivo eficiente que a caracterizava nos negócios.

— Precisamos considerar todas as possibilidades — disse. — Metanol pode contaminar bebidas de várias formas. Durante o processo de destilação, se a primeira fração não for descartada corretamente...

— A Bellucci nunca comete esse tipo de erro — Christian a interrompeu firmemente. — Temos controles de qualidade em cada etapa. Amostras são testadas constantemente. Nossa equipe de produção supervisiona pessoalmente cada lote.

— Poderia ser nos equipamentos? — Dante sugeriu, tentando parecer útil. — Metanol usado para limpeza que contamina as garrafas?

— Não usamos metanol em nenhum processo de limpeza — respondi, balançando a cabeça. — Justamente para evitar qualquer risco de contaminação cruzada. Temos protocolos rigorosos há gerações.

Na tela do laptop, Nate franziu a testa.

— E quanto aos fornecedores? Alguém poderia estar fornecendo matéria-prima adulterada?

Christian pegou uma pasta grossa sobre a mesa de centro.

— Já investigamos isso. Todos os nossos fornecedores passam por verificação rigorosa. As análises que fizemos dos lotes suspeitos mostram que o vinho em si não tem metanol em concentrações perigosas. O metanol está sendo adicionado depois, em algum ponto da cadeia de distribuição.

— Então alguém está abrindo nossas garrafas, adicionando metanol, e resselando? — Zoey perguntou, sua expressão mostrando incredulidade. — Isso exigiria uma operação enorme.

Foi quando Maitê finalmente falou, sua voz calma mas carregada de um conhecimento amargo que todos reconhecemos.

— Vamos tirar o elefante branco da sala? — disse, suas mãos descansando protetoramente sobre a barriga de sete meses. — Eu sei o que todos estão pensando. E sim, isso é exatamente o tipo de coisa que Dominic faria.

O silêncio que se seguiu confirmou que ela estava certa. Todos nós havíamos pensado nisso, mas ninguém queria ser o primeiro a dizê-lo em voz alta.

Zoey se inclinou para frente.

— Como ele agiria? Especificamente? Precisamos entender o modus operandi para combatê-lo.

Maitê respirou fundo, claramente revisitando memórias dolorosas.

— Não confiem em ninguém. Ao menos... não em ninguém fora dessa sala, da família. Dominic é meticuloso. Ele pode ter comprado até seu funcionário mais fiel. Alguém que vocês jamais suspeitariam.

Christian passou a mão pelos cabelos, em um gesto de frustração evidente.

— Mas para fazer uma adulteração em larga escala dentro da Bellucci... teriam que mobilizar muitos funcionários. Sempre haveria alguém para denunciar. Nossa equipe é leal, muitos estão conosco há décadas.

Fiquei pensando nisso, tentando visualizar como uma operação dessas funcionaria logisticamente. Adicionar metanol a centenas de garrafas sem ser detectado, passar pelos nossos controles de qualidade, chegar aos distribuidores e consumidores...

Foi quando algo clicou em minha mente.

Matheus se sentou pesadamente, sua expressão sombria.

— Como estamos lidando com as intoxicações? Do ponto de vista corporativo e humano?

Senti o peso da responsabilidade apertar meu peito.

— A Bellucci está se responsabilizando por todos os tratamentos médicos das vítimas. Etanol farmacêutico, hemodiálise, internações prolongadas. Mas...

Fiz uma pausa, sentindo a garganta apertar.

— Tem gente morrendo, Matheus. Seis mortes confirmadas até agora. Pessoas que tomaram o que pensavam ser vinho Bellucci legítimo e morreram por isso.

Maitê falou novamente, sua voz carregada de uma tristeza profunda.

— Mais assassinatos para a conta de Dominic. Mas que estão caindo na conta da Bellucci.

A realidade daquilo era devastadora. Não importava que não fôssemos responsáveis pela adulteração - nosso nome estava ligado a mortes. Nossa reputação de gerações estava sendo destruída dia após dia.

Christian olhou para todos nós, sua expressão mostrando uma vulnerabilidade que raramente via nele. Sempre foi o estrategista, o solucionador de problemas, o que tinha resposta para tudo.

Mas agora, ele suspirou pesadamente e admitiu algo que nunca pensei ouvir dele dizer:

— Pela primeira vez, eu não sei nem por onde começar.

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