Comprei um Gigolô e ele era um Bilionário romance Capítulo 49

Os corredores de pedra pareciam infinitos enquanto Christian me guiava através de uma parte da propriedade que eu não conhecia. A cada passo, o ar ficava mais fresco, o silêncio mais denso. Minha respiração havia voltado ao normal, embora as lágrimas secas ainda deixassem marcas em meu rosto.

— Onde estamos indo? — perguntei finalmente, minha voz ecoando levemente nas paredes de pedra.

— Para o meu lugar favorito em toda a propriedade — respondeu ele, sem soltar minha mão.

Descemos por uma escadaria circular de pedra até chegarmos a uma pesada porta de madeira. Christian digitou um código em um painel discreto e a porta se abriu com um suave clique.

— Bem-vinda à adega principal da Bellucci.

Entrei, e meu fôlego imediatamente se perdeu. O espaço era imenso, muito maior do que parecia possível, iluminado por luzes suaves que criavam sombras dançantes contra as paredes de pedra antiga. Fileiras e mais fileiras de barris de carvalho se estendiam pelo ambiente, alguns tão grandes que eu precisaria esticar os braços para abraçá-los. Nas paredes laterais, nichos cuidadosamente organizados guardavam garrafas que pareciam antigas.

— Esta adega tem mais de duzentos anos — Christian explicou, caminhando entre os barris. — Algumas dessas paredes foram construídas pelos primeiros Bellucci que vieram para o Brasil.

Segui-o, fascinada pelo modo como ele parecia pertencer a este lugar, seus dedos ocasionalmente tocando um barril com familiaridade, como se cumprimentando um velho amigo.

— Pensei que seria divertido escolher os vinhos para a cerimônia — ele disse, parando diante de uma pequena mesa de madeira onde algumas taças de cristal já estavam dispostas.

— Se a ideia é experimentar tudo isso — gesticulei para a vastidão da adega — vou sair daqui completamente bêbada.

Um sorriso genuíno iluminou seu rosto, o primeiro que eu via desde a noite anterior.

— Exatamente essa é a ideia.

Ele retirou uma garrafa de um nicho próximo, abriu com a habilidade de quem fazia isso diariamente, e serviu um pouco do líquido rubi em uma taça.

— Este é um Cabernet Sauvignon de 2015, nosso ano mais premiado — explicou, oferecendo-me a taça. — Tem notas de cereja escura e um toque de carvalho tostado.

Provei, deixando o sabor dançar em minha língua. Era rico, complexo, com um final longo que parecia contar uma história própria.

— É incrível — admiti, genuinamente impressionada.

Passamos para a próxima garrafa, depois outra, e mais outra. Christian explicava cada vinho com paixão evidente, detalhando processos de fermentação, tipos de uva, as peculiaridades de cada safra. Aos poucos, senti a tensão abandonar meus ombros, o peso dos preparativos do casamento temporariamente esquecido.

Após a quarta ou quinta taça, percebi que estávamos rindo mais livremente, sentados agora no chão de pedra da adega, costas apoiadas contra um dos barris gigantes, nossos ombros quase se tocando.

— Sobre o que você ouviu — Christian começou, sua voz mais suave. — O que eu disse para Marco...

— Não precisamos falar sobre isso — interrompi rapidamente.

— Precisamos, sim. — Ele girou o vinho em sua taça, observando como a luz dançava através do líquido. — O que você ouviu... eu só disse aquilo porque estava magoado com o que você me disse na noite anterior. Não queria parecer vulnerável na frente dele.

Ergui os olhos, surpresa com sua honestidade.

— Vulnerável?

— Suas palavras me atingiram mais do que eu esperava.

Algo se agitou dentro de mim, um sentimento que não quis nomear.

— Mas a verdade, Zoey, é que você realmente não é o tipo de mulher para alguém como eu. — Seus olhos encontraram os meus, intensos e sinceros. — Você é o tipo de mulher para alguém muito melhor.

— Sabe o que torna um vinho ainda mais especial? — Minha voz saiu mais baixa, quase um sussurro. — Experimentá-lo de maneiras diferentes.

Ele me olhou com surpresa, e antes que a coragem alcoólica me abandonasse, eliminei a distância entre nós, pressionando meus lábios contra os dele. Por um momento, ele permaneceu imóvel, como se estivesse em choque. Então, suas mãos encontraram minha cintura, puxando-me para mais perto, aprofundando o beijo.

O gosto do vinho se misturava ao calor de sua boca, criando uma intoxicação muito mais poderosa que qualquer álcool. Minhas mãos subiram para seu pescoço, dedos se enredando em seus cabelos, enquanto seu aperto em minha cintura se intensificava.

Foi ele quem se afastou primeiro, sua respiração tão irregular quanto a minha.

— Você está bêbada — murmurou, embora seus olhos permanecessem fixos em meus lábios.

Ri baixinho, admitindo a verdade.

— Talvez um pouco. Mas precisava disso para aguentar Vivian e todo esse circo de casamento.

Algo sombrio e indecifrável passou por seu olhar, mas foi rapidamente substituído por um sorriso compreensivo.

— É melhor voltarmos, então — disse ele, levantando-se e oferecendo sua mão. — Antes que ela envie uma equipe de busca.

Aceitei sua ajuda, meus dedos se entrelaçando aos dele com uma familiaridade surpreendente. Enquanto caminhávamos de volta pelos corredores de pedra, uma parte de mim se perguntava o que tinha acabado de acontecer. O que significava aquele beijo, dado sob o efeito de várias taças de vinho.

E por que, apesar de todas as minhas promessas de manter distância emocional, eu já queria fazer isso novamente.

Ah, merda, Annelise estava certa. Eu precisava me decidir!