O silêncio do quarto contrastava com o caos que se instalara em minha mente. A manhã do casamento finalmente chegara, e eu me encontrava sentada diante do espelho, observando meu reflexo como se fosse uma estranha. O vestido branco – aquele mesmo que Christian havia comprado meses atrás – caía em ondas suaves pelo meu corpo, o tecido delicado capturando a luz que entrava pelas amplas janelas.
— Você está absolutamente deslumbrante! — Minha mãe exclamou ao entrar no quarto, seus olhos brilhando com lágrimas contidas. — Minha filha, uma noiva.
Tentei sorrir, mas o gesto pareceu forçado até para mim. Não era nervosismo o que sentia, ou pelo menos não o tipo normal de nervosismo que uma noiva deveria sentir. Era algo mais complexo, uma mistura de culpa, ansiedade e, surpreendentemente, uma estranha sensação de antecipação.
— Uau! — Annelise parou na porta, boquiaberta. — Alguém vai ter um ataque cardíaco quando te vir nesse vestido, e não estou falando de Giuseppe.
— Anne! — repreendeu minha mãe, mas não conseguiu esconder um sorriso.
Elas circularam ao meu redor animadas, ajustando o véu, comentando sobre o penteado, oferecendo opiniões sobre joias e maquiagem. Uma equipe inteira de profissionais havia estado no quarto mais cedo, transformando-me na versão mais glamourosa de mim mesma que eu jamais havia visto.
— Vocês poderiam me dar um momento? — pedi finalmente, sentindo a necessidade de respirar. — Só preciso de alguns minutos sozinha.
Minha mãe pareceu hesitar, preocupação cruzando seu rosto.
— Tem certeza, filha?
— Sim, por favor. — Forcei um sorriso tranquilizador. — Estarei pronta para descer em quinze minutos, prometo.
Relutantemente, elas saíram, Annelise lançando-me um último olhar significativo antes de fechar a porta.
Sozinha, deixei o sorriso desaparecer. Levantei-me e caminhei até a janela, observando os jardins abaixo, onde cadeiras brancas haviam sido dispostas em fileiras perfeitas, um altar improvisado decorado com flores frescas, a pérgola envolta em trepadeiras floridas e luzes delicadas que brilhariam quando o sol começasse a se pôr.
Era perfeito. Como um sonho.
Um sonho que antes eu imaginava viver com Alex.
Alex. Era estranho como seu nome agora parecia distante, quase como se pertencesse a outra vida. Fechei os olhos, tentando invocar a dor, a mágoa, aquela sensação de traição que por tanto tempo tinha sido minha companheira constante. Mas era como tentar segurar areia entre os dedos – escorregava, desaparecia.
"Você sempre foi tão sem graça," Elise tinha dito naquele fatídico dia. "Você nunca teve nada de especial."
Olhei para meu reflexo novamente. A mulher que me encarava de volta não parecia sem graça. Não parecia comum. Parecia... transformada. E não apenas pelo vestido, pela maquiagem, pelo cabelo.
Havia algo em meus olhos – uma força que não estava lá antes. Uma resolução que tinha nascido nos últimos meses, entre vinhedos antigos e acordos de meia-noite, entre beijos roubados em adegas escuras e olhares significativos por cima de taças de vinho.
Não era mais Alex que ocupava meus pensamentos nas horas quietas da noite. Era Christian. Seu sorriso raro mas genuíno, a vulnerabilidade que ele ocasionalmente deixava transparecer, a dedicação a seu avô, a paixão pelo legado de sua família.
O pensamento me atingiu com a força de um golpe físico: eu estava desenvolvendo sentimentos por Christian Bellucci. Sentimentos reais, profundos, perigosos.
— Oh não — murmurei para o quarto vazio. — Isso não estava no acordo.
Uma batida suave na porta interrompeu meu momento de revelação. Pensando que seria Annelise novamente, chamei sem virar:
— Preciso só de mais um minutinho, por favor.
— Não tem tempo nem mesmo para uma velha amiga?
A voz fez meu sangue congelar nas veias. Girei bruscamente para encontrar Elise parada na porta, elegante em um vestido azul-petróleo que parecia ter sido feito para ela. Seu cabelo estava impecavelmente arranjado, sua maquiagem perfeita – a imagem da sofisticação que sempre me fez sentir inadequada ao seu lado.
— O que você está fazendo aqui? — perguntei, incapaz de esconder a surpresa em minha voz.
Ela entrou, fechando a porta suavemente atrás de si. Em sua mão, uma taça de vinho tinto balançava perigosamente enquanto ela caminhava pelo quarto, examinando cada detalhe.
Senti o rubor subindo pelo meu pescoço.
— Nosso relacionamento não é da sua conta.
— Ah, mas é. — Ela sorriu, um sorriso frio que me lembrou Isabella. — Porque quando isso inevitavelmente explodir, e vai explodir, a Elite RP vai ter que limpar a bagunça. E francamente, tenho coisas melhores para fazer.
Dei um passo para trás, precisando de distância.
— Elise, por favor, saia.
Algo endureceu em seu olhar.
— Você nunca aprende, não é? Sempre achando que pertence a lugares onde não pertence, com pessoas que estão muito acima do seu nível.
— Saia! — repeti, minha voz mais firme.
Elise deu de ombros, um gesto deliberadamente casual.
— Tudo bem. Mas lembre-se do que eu disse quando ele te deixar. — Ela se virou como se fosse sair, mas então parou, olhando por cima do ombro. — Ah, e mais uma coisa...
O movimento foi tão rápido que não tive tempo de reagir. Com um gesto fluido, Elise jogou o conteúdo de sua taça diretamente no meu vestido. O vinho tinto espalhou-se como uma mancha escarlate pelo tecido branco imaculado, escorrendo em pequenos riachos pelo corpete até a saia.
Fiquei paralisada, olhando em horror para o desastre que se espalhava pelo meu vestido.
— Oops — Elise disse com falsa inocência. — Parece que você precisa de um novo vestido. Que pena que faltam apenas... — ela consultou o relógio de pulso de forma teatral — vinte minutos para a cerimônia.

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Comprei um Gigolô e ele era um Bilionário (Kayla Sango )
Bom dia. Poderiam liberar 10 capítulos diários. É complicado ler assim, tipo conta gotas. Por isso muitos desistem dos livros e partem pra outros. Pensa nisso com carinho autora....
Poxa q triste, ficou chata demais a história, nas partes da Maitê eu nem gasto mais moedas, reviro os olhos sem perceber…. Li os dois primeiros livros duas vezes, mas essa Maitê dá ânsia...
Que descaso! Comprei as moedas está dizendo que o capítulo 508 está disponível, da erro qdo eu tento liberar e ainda computa as moedas....
Maitê foi um erro na vida de Marco...
Não faz sentido o que aconteceu com o Marco! Essa é a história dele, como assim?...
Cansativo demais. Só 2 capítulos por dia. Revoltante. Coloca logo um valor e entrega o livro completo. Só vou ler até minhas moedas acabarem. Qdo terminar não vou mais comprar. Desanimadora essa situação....
Está ficando cansativo demais, só está sendo liberado 1 ou 2 capítulos por dia (hoje só o capítulo 483)...afff... Ninguém merece.......
2 capítulos por dia, as vezes 1, é ridículo!!! Isso é claramente uma forma de arrecadar as moedas!! Quem sabe, calculem um valor para a história, e seus capítulos … cobrem e liberem!!! Quem quer ler vai pagar, essa forma de liberação só desestimula quem está lendo!!! Está pessimo, além , de opiniões pessoais sobre a obra!...
Estou gostando muito das estórias ….a única coisa é que cobra as moedas e não libera o capítulo …. Já perdi umas 30 moedas com essa situação !...
Que história mais vida louca... AMEI!!!...