Comprei um Gigolô e ele era um Bilionário romance Capítulo 58

A festa de casamento se estendeu até o anoitecer, quando as últimas taças de champanhe foram esvaziadas e os convidados finalmente começaram a se despedir. Meus pés doíam nos sapatos de salto que eu havia usado por horas, e meu rosto quase doía de tanto sorrir para as fotografias.

— Acho que sobrevivemos — comentou Christian, enquanto subíamos a escadaria principal da mansão.

— Quase não acredito — respondi, ajustando uma das pétalas que ameaçava se soltar do vestido. Eu deveria ter me trocado. Usado um vestido diferente para a recepção. Mas o vestido customizado fez tanto sucesso que Vivian me obrigou a ficar com ele até o final.

A adrenalina do dia começava a diminuir, dando lugar a um cansaço que se espalhava por meus músculos.

Quando chegamos ao corredor que levava aos quartos, parei automaticamente. Uma nova realidade se apresentava: éramos oficialmente marido e mulher. Para onde eu deveria ir agora? Meu quarto de hóspedes, onde minhas coisas estavam, ou...

— Pensei que poderíamos comemorar com uma garrafa especial — sugeriu Christian, interrompendo meus pensamentos confusos. — A não ser que esteja muito cansada?

Seu tom era casual, porém percebi uma insegurança sutil em seus olhos que nunca havia notado antes.

— Na verdade, aceito essa garrafa especial — respondi, tentando manter a voz leve apesar do coração acelerado.

Christian sorriu, aquele sorriso genuíno que raramente mostrava em público, e seguiu em direção à suíte principal. Hesitei por um segundo antes de segui-lo. Era a mesma suíte onde havíamos ficado durante minha primeira visita à mansão, mas agora tudo parecia diferente. Mais permanente. Mais real.

Quando entrei, notei que alguém – provavelmente Vivian ou alguma das camareiras – havia espalhado pétalas de rosa na cama enorme. O gesto romântico, obviamente planejado para uma lua de mel verdadeira, me fez corar instantaneamente.

— Não ligue para isso — disse Christian, percebendo meu constrangimento. — Vivian tende a ser... tradicional.

Ele se dirigiu a um pequeno bar embutido na parede e retirou uma garrafa empoeirada.

— Reserva especial, uma das melhores safras da vinícola — explicou, examinando o rótulo com carinho. — Vovô guarda algumas garrafas de anos especiais para ocasiões importantes.

— Isso não é muito valioso para abrir agora? — perguntei, genuinamente curiosa.

Christian deu de ombros, um gesto surpreendentemente descontraído.

— Se não vamos abrir no nosso casamento, quando abriríamos?

Nosso casamento. Duas palavras simples que carregavam um peso enorme. Observei enquanto ele abria a garrafa com a precisão de quem nasceu fazendo isso, o som da rolha se soltando ecoando no quarto silencioso.

— A nós — ele propôs, oferecendo-me uma taça.

— A nós — repeti, tocando minha taça na dele, nossos olhos se encontrando por cima do cristal.

O vinho era extraordinário, profundo e complexo de uma forma que eu jamais havia experimentado antes. Ou talvez fosse apenas a noite, tudo contribuindo para intensificar a experiência.

— Isso é... incrível — consegui dizer, depois do primeiro gole.

Christian sorriu, seus olhos nunca deixando os meus.

— Primeira vez que te vejo sem palavras, Zoey Aguilar. Ou devo dizer, Zoey Bellucci?

Um arrepio percorreu minha espinha ao ouvir meu novo sobrenome. Era estranho como duas palavras podiam mudar tudo.

— Acho que vou precisar de tempo para me acostumar com isso — admiti. — Uma Bellucci. Tudo porque te confundi com um gigolô.

Christian riu, um som grave e genuíno.

— Melhor mal-entendido da minha vida — disse ele, seus olhos brilhando com diversão. — Imagine se você tivesse abordado outra pessoa naquela festa. Provavelmente não estaríamos aqui agora.

Não pude evitar rir também, lembrando daquela noite confusa que, por algum acaso do destino, nos havia trazido até aqui.

— Quem diria que confundir um bilionário com um acompanhante de luxo me traria para uma vinícola centenária? — balancei a cabeça, ainda achando toda a situação surreal.

— O destino tem um senso de humor peculiar — ele respondeu, o tom leve, mas algo em seus olhos parecia mais sério, quase vulnerável.

Virei-me, um pequeno sorriso brincando em meus lábios.

— Estava apenas admirando os vinhedos. Há algo mágico neles ao luar.

Ele aproximou-se, parando ao meu lado para observar a paisagem.

— É seu agora também — ele respondeu, seu olhar intenso me estudando. — Bem-vinda à família Bellucci, Zoey.

Mais uma taça de vinho depois, o cansaço do dia finalmente me alcançou. Bocejei involuntariamente, e Christian riu.

— Deveria ter avisado que esse vinho é traiçoeiro — disse ele, pegando minha taça vazia. — Vá para a cama, eu durmo no sofá.

— Não seja ridículo — repliquei, a coragem vinda parcialmente do vinho. — A cama é enorme. Podemos compartilhá-la como adultos civilizados.

Sua sobrancelha se ergueu ligeiramente, mas ele não protestou. Deslizei para debaixo das cobertas macias, afundando no colchão perfeito. Depois de um momento de hesitação, Christian se juntou a mim, mantendo uma distância respeitosa.

Ficamos deitados em silêncio, olhando para o teto ornamentado.

— Foi um belo casamento — comentei finalmente, minha voz já embargada pelo sono.

— Foi — ele concordou, sua voz quase um sussurro.

Sem pensar muito, rolei para o lado dele, apoiando minha cabeça em seu peito. Senti-o enrijecer por um segundo, surpreso, mas então seu braço se moveu, envolvendo-me hesitantemente.

— Boa noite, marido — murmurei, já perdendo a batalha contra o sono.

Enquanto adormecia, pensei tê-lo ouvido sussurrar algo em resposta, seus dedos acariciando suavemente meu cabelo, mas talvez fosse apenas um sonho começando.