O jatinho particular da família Bellucci sobrevoava o território gaúcho, e eu ainda não conseguia me acostumar com a ideia de que, pelo menos tecnicamente, esta aeronave também era "minha". Annelise, por outro lado, já parecia perfeitamente confortável com a nova realidade.
— Explica para mim de novo por que você ainda paga aluguel naquele apartamento minúsculo? — perguntou ela, reclinando-se no assento de couro branco enquanto uma aeromoça lhe servia mais champanhe. — Porque sinceramente, maninha, isso aqui é... — Ela fez um gesto abrangente para a cabine luxuosa. — É outro nível.
— Anne, fala baixo — sussurrei, embora soubesse que a tripulação estava treinada para ser discretamente surda às conversas dos passageiros.
— Por quê? — Ela riu. — É a verdade. Você é praticamente dona desta coisa magnífica e age como se fosse um táxi qualquer.
— Não sou dona de nada — corrigi automaticamente. — É de Christian.
Anne revirou os olhos de forma tão exagerada que quase pude ouvir o movimento.
Abri a boca para argumentar, mas a luz que indicava o pouso acendeu, e a aeromoça aproximou-se para conferir nossos cintos. Pouco depois, estávamos descendo a escada do jatinho para a pista privada, onde Christian, Marco e até mesmo Giuseppe aguardavam junto a um Range Rover preto.
Meu coração deu um salto ao ver Christian. Uma semana separados não deveriam ter esse efeito, mas aparentemente tinham.
— Oi, estranho — cumprimentei, tentando soar casual enquanto me aproximava.
Seu sorriso foi contido, mas seus olhos traíam a mesma alegria que eu sentia.
— Bem-vinda à Serra Gaúcha — respondeu, inclinando-se para um beijo casto na minha bochecha.
Annelise passou por nós como um furacão, indo direto para Marco e dando-lhe um beijo que definitivamente não era adequado para apresentações familiares. Giuseppe soltou uma risada sonora.
— Essa menina tem espírito! — declarou ele, abrindo os braços para mim. — Zoey, minha querida, que bom ver você novamente!
O abraço do patriarca Bellucci era surpreendentemente forte. Quando nos separamos, ele manteve suas mãos em meus ombros, examinando-me cuidadosamente.
— Você está bem? Christian tem cuidado de você?
— Estou ótima, Giuseppe — garanti. — Estou reorganizando as coisas no Rio.
Sua expressão se transformou em uma careta de desaprovação.
— Ah sim, Christian mencionou essa história moderna de morar separados. Bobagem, se quer minha opinião.
Annelise escolheu este momento para se juntar à conversa, após finalmente libertar Marco de seu abraço.
— Sabe o que eu disse para ela? — comentou, como se fossem amigos de longa data. — Eu disse: 'Zoey, você tem acesso a um jatinho particular e uma mansão, mas prefere continuar pagando aluguel naquele cubículo em Botafogo?' — Ela sacudiu a cabeça dramaticamente. — Minha irmã sempre foi teimosa, Sr. Bellucci.
Senti o rubor subir pelo meu pescoço enquanto todos riam. Christian pareceu perceber meu desconforto e sutilmente conduziu todos em direção ao veículo.
— Vamos? O almoço deve estar sendo servido.
O almoço foi servido no terraço coberto, com vista para os vinhedos. A mesa estava elegantemente posta para cinco pessoas, com a melhor porcelana e talheres de prata. Carmen, a governanta que eu havia conhecido brevemente antes do casamento, supervisionava o serviço com eficiência silenciosa.
— Um brinde! — declarou Giuseppe assim que as taças foram preenchidas com um vinho branco claro. — À família reunida novamente!
O almoço foi uma experiência extraordinária, com pratos que misturavam técnicas italianas tradicionais e ingredientes locais brasileiros. Giuseppe dominou grande parte da conversa, compartilhando histórias sobre sua juventude.
Foi durante a sobremesa – um tiramisu que mesmo Anne, crítica feroz de doces, declarou "divino" – que Giuseppe retomou o tema da nossa situação residencial.
— Zoey, Zoey, quando você vai parar com essa bobagem de ficar no Rio e vir para cá, onde é seu lugar?
A pergunta direta me pegou desprevenida, com a colher suspensa no ar.
— Nonno... — começou Christian em tom de aviso.
— O quê? Não é um crime perguntar! — protestou o idoso. — Não entendo essa história de casados morando separados. Sua avó me daria um tapa na cabeça se eu sugerisse algo assim.
— São tempos diferentes, Nonno — argumentou Christian, sua voz paciente. — Zoey e eu estamos nos ajustando.
— Ajustando ao quê? Ao casamento? — Giuseppe fez um gesto dismissivo com a mão. — Casamento é simples. Duas pessoas, uma casa, uma vida.
Não queria contradizer Giuseppe, especialmente conhecendo sua saúde frágil e o quanto ele valorizava a família. Mas também não podia simplesmente concordar.
— Então... — comecei, ao mesmo tempo em que ele dizia:
— Quer conhecer...
Paramos simultaneamente, e então rimos, quebrando um pouco da tensão.
— Desculpe — disse ele, passando a mão pelos cabelos. — Isso é ridículo. Parece que esquecemos como agir um com o outro.
— Tem sido estranho, não tem? — concordei. — Como se estivéssemos começando do zero novamente.
Ele me encarou por um longo momento, seus olhos percorrendo meu rosto como se estivesse memorizando cada detalhe. Então, sem aviso, ele fechou a distância entre nós, tomou meu rosto entre suas mãos e me beijou.
Não foi um beijo educado ou contido. Foi voraz, desesperado, como se estivéssemos respirando um ao outro após muito tempo submersos. Minhas mãos se enredaram em seus cabelos, puxando-o para mais perto, enquanto seu corpo pressionava o meu contra a balaustrada do terraço.
Quando finalmente nos separamos, ofegantes, ele encostou sua testa na minha.
— Oi — disse simplesmente, um sorriso genuíno suavizando suas feições.
— Oi — respondi, incapaz de conter um sorriso igualmente bobo.
Seus olhos, agora escurecidos de desejo, encontraram os meus em uma pergunta silenciosa.
— Quarto? — perguntou ele, sua voz rouca.
Meu corpo já respondia por mim, pulsando com uma necessidade que três dias separados só havia intensificado.
— Agora.
Enquanto ele pegava minha mão e me conduzia rapidamente pelos corredores da mansão, não pude deixar de refletir sobre a ironia da situação. Podíamos estar confusos sobre onde morar, como equilibrar nossas vidas, ou mesmo o que sentíamos um pelo outro, mas pelo menos na química física nos entendíamos perfeitamente. Um olhar, um toque, e toda a distância e constrangimento desapareciam.
O que eu ainda não sabia era se essa conexão física intensa era uma bênção ou uma maldição. Se facilitava ou complicava tudo. Se nos aproximava de algo real ou apenas mascarava todas as questões não resolvidas entre nós.

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Comprei um Gigolô e ele era um Bilionário (Kayla Sango )
Bom dia. Poderiam liberar 10 capítulos diários. É complicado ler assim, tipo conta gotas. Por isso muitos desistem dos livros e partem pra outros. Pensa nisso com carinho autora....
Poxa q triste, ficou chata demais a história, nas partes da Maitê eu nem gasto mais moedas, reviro os olhos sem perceber…. Li os dois primeiros livros duas vezes, mas essa Maitê dá ânsia...
Que descaso! Comprei as moedas está dizendo que o capítulo 508 está disponível, da erro qdo eu tento liberar e ainda computa as moedas....
Maitê foi um erro na vida de Marco...
Não faz sentido o que aconteceu com o Marco! Essa é a história dele, como assim?...
Cansativo demais. Só 2 capítulos por dia. Revoltante. Coloca logo um valor e entrega o livro completo. Só vou ler até minhas moedas acabarem. Qdo terminar não vou mais comprar. Desanimadora essa situação....
Está ficando cansativo demais, só está sendo liberado 1 ou 2 capítulos por dia (hoje só o capítulo 483)...afff... Ninguém merece.......
2 capítulos por dia, as vezes 1, é ridículo!!! Isso é claramente uma forma de arrecadar as moedas!! Quem sabe, calculem um valor para a história, e seus capítulos … cobrem e liberem!!! Quem quer ler vai pagar, essa forma de liberação só desestimula quem está lendo!!! Está pessimo, além , de opiniões pessoais sobre a obra!...
Estou gostando muito das estórias ….a única coisa é que cobra as moedas e não libera o capítulo …. Já perdi umas 30 moedas com essa situação !...
Que história mais vida louca... AMEI!!!...