~ Christian ~
O café da manhã na propriedade dos Bellucci na Serra Gaúcha sempre foi uma refeição solitária para mim. Durante minha infância e adolescência, era raro ver meus pais à mesa. Os funcionários mantinham distância respeitosa, e eu me acostumei a comer em silêncio, revisando mentalmente meus compromissos do dia.
Exceto quando Giuseppe estava presente.
— Isto não é café da manhã! — exclamou meu avô, olhando com desaprovação para meu café preto e a torrada que eu mal havia tocado. — Na minha época, homens comiam como homens! Ovos, pão fresco, presunto... — Ele gesticulou para o seu próprio prato abundante. — É por isso que sua geração está sempre ansiosa. Não comem direito!
Sorri, apesar do cansaço. Havia dormido mal, acordando várias vezes durante a noite, meu corpo procurando instintivamente por Zoey ao meu lado. O telefonema constrangedor pela manhã só piorou meu humor.
— Estou bem, Nonno. Apenas sem muito apetite hoje.
Giuseppe me estudou com aqueles olhos perspicazes que pareciam enxergar através de qualquer fachada.
— É a sua esposa. Você sente falta dela. — Não era uma pergunta. — Por que diabos vocês jovens inventam essa modernidade de morar separados? Na minha época, homem e mulher ficavam juntos. Era simples assim.
Suspirei, prevendo o discurso que estava por vir.
— Sua nonna e eu nunca passamos uma noite separados após o casamento. Nem mesmo quando brigávamos! — Ele bateu na mesa com a mão, enfatizando o ponto. — E brigávamos muito, aquela mulher tinha o temperamento do diabo! — Um sorriso nostálgico cruzou seu rosto. — Mas dormíamos juntos. Acordávamos juntos. Casamento é isso.
— Os tempos são diferentes, Nonno. — Tomei um gole do café, ganhando tempo. — O casamento e a lua de mel foram muito repentinos. Zoey precisa de um tempo para organizar a vida que deixou no Rio. A família dela está lá.
— Família? — Giuseppe franziu as sobrancelhas. — Então traga a família dela também! São pessoas boas, conheci no casamento. Aquela irmã é uma figura! E a casa é grande demais para um velho como eu e um casal jovem. — Ele gesticulou amplamente, abrangendo a mansão ao nosso redor.
Sorri de novo, imaginando minha mãe descobrindo que eu havia convidado a família inteira dos Aguilar para viver na mansão. O infarto seria instantâneo.
— Não é tão fácil assim, Nonno. Zoey tem sua própria vida, suas próprias obrigações. — Hesitei, procurando uma forma de explicar melhor. — Ela precisa de tempo para se ajustar. Para se organizar.
— Vocês jovens complicam tudo. — Giuseppe sacudiu a cabeça, incrédulo.
Contive a vontade de explicar que o mundo havia mudado significativamente nos últimos sessenta anos. Que as mulheres não abandonavam mais suas carreiras e aspirações simplesmente porque se casavam. Que Zoey era independente, determinada, e acima de tudo, ainda estava se adaptando a um casamento que começou como... bem, isso eu definitivamente não explicaria.
— Ela vem nos visitar no fim de semana — ofereci, tentando animá-lo.
O rosto de Giuseppe se iluminou imediatamente.
— Veramente? — Ele bateu palmas, deliciado. — Ótimo! Vou pedir para Carmen preparar aquele bacalhau que ela gostou no jantar antes do casamento.
Seu entusiasmo era contagiante, e senti um calor se espalhar no peito. Para Giuseppe, Zoey já era parte da família – sem reservas, sem condições, sem prazos de validade.
— Vou mostrar a ela as novas mudas no projeto orgânico — comentei, incapaz de esconder meu próprio entusiasmo. — Ela pareceu muito interessada quando falei sobre isso.
— É um bom projeto. — Giuseppe assentiu solenemente. — Sua nonna sempre dizia que devíamos respeitar a terra tanto quanto respeitamos o vinho que ela nos dá. Acho que Zoey vai entender isso.
Antes que pudesse responder, a porta da sala de jantar se abriu e Marco entrou, já vestido em seu traje formal de trabalho, o que era surpreendente considerando seu hábito habitual de chegar atrasado às reuniões matinais.
— Bom dia, família! — cumprimentou ele, inclinando-se para beijar o topo da cabeça de Giuseppe antes de se servir de café. — Christian, preciso falar com você sobre aquelas novas videiras na encosta oeste.
Algo em seu tom me deixou alerta.
— Algum problema?
Marco hesitou, olhando de soslaio para Giuseppe.
No caminho para os vinhedos, Marco me atualizou sobre outros assuntos pendentes – a chegada de novos tanques de fermentação, negociações com distribuidores asiáticos, problemas com o sistema de irrigação na encosta leste. Tentei me concentrar, fazer anotações mentais, formular soluções, mas minha mente continuava voltando para o telefonema desajeitado com Zoey.
Quando chegamos à encosta oeste, a visão das mudas danificadas só piorou meu humor.
— Acha que foi alguém de dentro?
— Não podemos descartar nenhuma possibilidade. — Contemplei as vinhas que se estendiam pela encosta em fileiras ordenadas. Havia algo quase poético na forma como capturavam a luz da manhã. — Este projeto é importante demais para ser comprometido.
Passei a hora seguinte inspecionando outras áreas, conversando com os trabalhadores, revisando planilhas de produção com o gerente do vinhedo. Tudo parecia estar em ordem, exceto por área danificadas – um pequeno problema no esquema geral, mas um sinal preocupante.
Enquanto Marco se reunia com a equipe de segurança para implementar as novas medidas, encontrei um momento de solidão na beirada da encosta. Dali, podia ver quase toda a propriedade – os vinhedos se estendendo como um tapete verde, as instalações de produção ao longe, a mansão imponente no topo da colina. O legado da minha família. Minha responsabilidade.
E, pela primeira vez, me peguei desejando compartilhar tudo isso com alguém.
Quase sem pensar, tirei o celular do bolso. A tela mostrava dezenas de notificações de e-mails, mensagens e chamadas perdidas – negócios que exigiam minha atenção. Ignorei todas elas e abri a conversa com Zoey.
Hesitei por um momento, lembrando da formalidade constrangedora do telefonema mais cedo. Talvez ela precisasse de espaço. Talvez eu também.
Mas então me lembrei das palavras do meu avô: "Na minha época, era simples."
Talvez ainda pudesse ser.
Digitei rapidamente, antes que pudesse pensar demais:
"Sinto sua falta. Mal posso esperar pelo fim de semana."

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Comprei um Gigolô e ele era um Bilionário (Kayla Sango )
Bom dia. Poderiam liberar 10 capítulos diários. É complicado ler assim, tipo conta gotas. Por isso muitos desistem dos livros e partem pra outros. Pensa nisso com carinho autora....
Poxa q triste, ficou chata demais a história, nas partes da Maitê eu nem gasto mais moedas, reviro os olhos sem perceber…. Li os dois primeiros livros duas vezes, mas essa Maitê dá ânsia...
Que descaso! Comprei as moedas está dizendo que o capítulo 508 está disponível, da erro qdo eu tento liberar e ainda computa as moedas....
Maitê foi um erro na vida de Marco...
Não faz sentido o que aconteceu com o Marco! Essa é a história dele, como assim?...
Cansativo demais. Só 2 capítulos por dia. Revoltante. Coloca logo um valor e entrega o livro completo. Só vou ler até minhas moedas acabarem. Qdo terminar não vou mais comprar. Desanimadora essa situação....
Está ficando cansativo demais, só está sendo liberado 1 ou 2 capítulos por dia (hoje só o capítulo 483)...afff... Ninguém merece.......
2 capítulos por dia, as vezes 1, é ridículo!!! Isso é claramente uma forma de arrecadar as moedas!! Quem sabe, calculem um valor para a história, e seus capítulos … cobrem e liberem!!! Quem quer ler vai pagar, essa forma de liberação só desestimula quem está lendo!!! Está pessimo, além , de opiniões pessoais sobre a obra!...
Estou gostando muito das estórias ….a única coisa é que cobra as moedas e não libera o capítulo …. Já perdi umas 30 moedas com essa situação !...
Que história mais vida louca... AMEI!!!...