Comprei um Gigolô e ele era um Bilionário romance Capítulo 88

O jantar formal foi servido no salão de banquetes, onde a longa mesa de carvalho estava posta para trinta pessoas – uma mistura de parentes Bellucci, investidores importantes e figuras da indústria vinícola local. Fui colocada entre Christian e um enólogo famoso cujo nome eu imediatamente esqueci, enquanto Antônio sentou-se estrategicamente próximo a Giuseppe.

Annelise, ao meu alívio, estava diagonalmente oposta a mim, piscando ocasionalmente por cima de sua taça de vinho sempre que algum comentário pretensioso era feito por um dos convidados.

O primeiro prato – uma entrada delicada de vieiras com manteiga de limão siciliano – chegou com uma apresentação impecável. Mas ao primeiro aroma, senti meu estômago revirar novamente. O cheiro do marisco parecia estranhamente intenso e repulsivo.

— Não está com fome? — Christian perguntou discretamente, notando minha hesitação.

— Só um pouco indisposta — murmurei, forçando um sorriso. — Deve ser nervosismo.

Ele franziu ligeiramente o cenho, preocupado.

— Quer se retirar um pouco?

— Não, estou bem. — Peguei minha taça de água, evitando o vinho que, por alguma razão, também não me parecia atraente esta noite. — Apenas preciso me acostumar.

A algumas cadeiras de distância, notei Antônio observando nossa interação, seu olhar calculista disfarçado por um sorriso educado. Victoria, ao seu lado, parecia completamente absorta em uma conversa com Lorenzo, o pai de Christian, que raramente demonstrava tanto entusiasmo quanto estava exibindo agora.

A conversa ao redor da mesa fluía entre assuntos seguros – o clima excepcionalmente bom daquele ano, as perspectivas para a próxima safra, histórias inofensivas sobre figuras conhecidas do mundo do vinho. Participei quando necessário, agradecida pelos anos de prática em eventos sociais durante meu trabalho com vestidos de noiva, onde aprendi a manter sorrisos educados e fazer perguntas no momento certo.

Foi durante a sobremesa – um elaborado parfait de frutas vermelhas com calda de vinho do porto – que Antônio finalmente abordou o assunto que claramente o trazia à propriedade.

— Então, Christian, ouvi dizer que seu projeto orgânico enfrentou alguns... contratempos recentemente.

Um silêncio súbito caiu sobre a mesa. Christian depositou calmamente sua colher ao lado do prato antes de responder:

— Apenas obstáculos temporários. Nada que comprometa a visão de longo prazo.

Antônio assentiu, um brilho predatório em seus olhos.

— Naturalmente. Mas o Conselho Europeu está bastante interessado em entender como exatamente ocorreu este... incidente. Afinal, representa um investimento significativo.

— Estamos investigando — respondeu Christian, sua voz controlada, embora eu pudesse sentir a tensão em seu corpo ao meu lado. — Amanhã te mostro pessoalmente o projeto e os novos sistemas de segurança que implementamos.

— Excelente. — Antônio levantou sua taça em um brinde educado. — Estou ansioso. Victoria tem especial interesse na linha orgânica, não é mesmo, querida?

Victoria sorriu docemente.

— Absolutamente. Na Europa, a demanda por vinhos orgânicos certificados está crescendo exponencialmente. Seria uma pena se a Bellucci perdesse esta... oportunidade.

A ameaça velada pairou no ar como perfume barato. À minha frente, vi Marco apertar o guardanapo com força, enquanto Giuseppe parecia subitamente muito mais velho e cansado.

— A Bellucci sempre esteve na vanguarda da inovação — intervim, surpreendendo até a mim mesma. Todos os olhares se voltaram em minha direção. — É tradição na família, não é mesmo, Giuseppe?

O patriarca sorriu, uma fagulha retornando aos seus olhos.

— Precisamente! Meu pai, Deus o tenha, sempre dizia: "A videira mais forte é aquela que sabe quando se curvar ao vento sem quebrar." — Ele ergueu sua taça. — Um brinde ao futuro da Bellucci e ao projeto que manterá nosso nome na vanguarda por mais uma geração!

O momento de tensão passou quando todos ergueram suas taças, mas a mensagem havia sido clara: Antônio não estava ali apenas para avaliar o projeto, mas para encontrar falhas na liderança do atual CEO. Era evidente que ele ainda alimentava ambições de tomar o lugar do primo no comando da Bellucci, apesar de Christian já ter consolidado sua posição com o casamento. O jogo de poder familiar continuava, apenas com novas estratégias.

Ela se aproximou, interpretando minha palidez como fraqueza.

— O que foi? A verdade dói? — provocou, avançando mais um passo. — Você sabe que é apenas questão de tempo até ele perceber que cometeu um erro, não sabe?

A náusea se intensificou, minha visão embaçando nas bordas. Elise continuava falando, sua voz cada vez mais distante enquanto o perfume forte e enjoativo dela me sufocava.

— Homens como Christian não ficam com garotas como você. Eles se casam com mulheres como Francesca. Como eu.

Tentei me afastar, mas era tarde demais. Com um movimento rápido e totalmente involuntário, me inclinei para frente e vomitei espetacularmente - bem em cima dos Louboutin de setecentos dólares de Elise.

— MEU DEUS! — ela gritou, saltando para trás, horrorizada. — VOCÊ TÁ MALUCA?

Apoiei-me na pia, ofegante, uma estranha sensação de satisfação se misturando à vergonha.

— Desculpe — murmurei, sem sentir realmente. — Seu perfume... é muito forte.

Elise me encarava como se eu tivesse cometido um crime capital, seu rosto alternando entre palidez e fúria incandescente.

— Você me paga por isso, Zoey. — Sua voz era um sibilo furioso enquanto tentava inutilmente salvar seus sapatos arruinados. — Isto não vai ficar assim.

Ela saiu mancando, um pé descalço, deixando para trás um rastro de impropérios em volume crescente.

Quando a porta se fechou, me permiti um pequeno sorriso vingativo antes que outra onda de náusea me atingisse.