Comprei um Gigolô e ele era um Bilionário (Kayla Sango ) romance Capítulo 304

Os últimos dias haviam sido uma forma única de tortura. Minha rotina matinal se resumia a um ritual patético: pegar o celular, digitar uma mensagem para Anne, apagar, reescrever, apagar novamente, até finalmente conseguir algo que não soasse desesperado demais. "Bom dia" parecia seguro. Perguntar como ela estava era arriscado - poderia parecer que estava cobrando uma resposta. Às vezes comentava sobre algo banal do meu dia, na esperança de que soasse natural.

Era um equilíbrio impossível entre me fazer presente e não invadir o espaço que ela claramente precisava. Cada palavra era pesada e repesada antes de ser enviada, cada mensagem uma tentativa cuidadosa de mostrar que não havia desistido sem parecer que estava implorando.

Mas a pior parte é o que acontece depois de enviar cada mensagem. Meu coração dispara toda vez que o celular anuncia uma nova notificação, uma parte ridiculamente esperançosa de mim pensando que pode ser Anne respondendo. Que talvez desta vez ela tenha decidido conversar, que talvez esteja pronta para me ouvir.

Nunca era.

Eram sempre e-mails de trabalho, notificações de aplicativos, mensagens de outras pessoas que não conseguiram ocupar meu pensamento por mais de dois segundos. A decepção se tornou uma companheira constante, um peso no peito que se instalou a cada falso alarme.

Tentei me distrair de todas as formas possíveis. Voltei para a academia com uma intensidade que não demonstrava há meses, corri pelas ruas de Londres até meus pulmões queimarem, li livros que não consegui realmente absorver. Mas nada funcionou completamente. Anne esteve sempre ali, na periferia de cada pensamento, em cada silêncio entre as palavras de conversas com outras pessoas.

A culpa foi constante e corrosiva. Fiquei repassando mil cenários diferentes em que eu poderia ter contado a verdade, momentos perfeitos que deixei passar por covardia ou má timing. Aquela noite na ponte em Bath, quando quase confessei tudo. Os momentos íntimos que compartilhamos quando eu poderia ter sido honesto. Cada oportunidade perdida me assombrou.

Até que recebi uma ligação de Bianca que me deixou ainda mais miserável, se é que isso era possível.

— Nate, você é um idiota — disse sem preâmbulos assim que atendi.

— Oi, Bianca. Bom dia para você também.

— Não me venha com sarcasmo. Anne me ligou completamente devastada, e eu tive que sentar e ouvir minha amiga me acusar de traição porque você não teve coragem de contar a verdade para ela antes que descobrisse sozinha.

A culpa se intensificou, se tornando quase física.

— Eu ia contar...

— Quando? — ela me interrompeu. — Quando exatamente você ia contar, Nate? Porque pelo que entendi, vocês passaram dias juntos em Bath, tiveram inúmeras oportunidades, e você simplesmente... não contou.

— Eu não queria estragar...

— Estragar o quê? O relacionamento baseado numa mentira fundamental?

Suas palavras cortaram mais fundo do que qualquer coisa Anne poderia ter me dito.

— Ela me odeia? — perguntei, odiando como minha voz soou vulnerável.

— Ela não te odeia — Bianca suspirou, seu tom suavizando ligeiramente. — Mas está confusa e magoada, e honestamente? Você merece. Deveria ter contado desde o começo, ou pelo menos quando percebeu que estava se apaixonando por ela de verdade.

— Eu sei — admiti miseravelmente. — Sei que estraguei tudo.

— Ainda não estragou tudo — disse após uma pausa. — Mas precisa consertar isso. De verdade, desta vez. Sem mais mentiras, sem mais omissões.

Concordei, embora não soubesse exatamente como fazer isso quando Anne nem sequer estava falando comigo.

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