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Comprei um Gigolô e ele era um Bilionário (Kayla Sango ) romance Capítulo 487

~ FRANCESCA ~

O peso da tornozeleira eletrônica já havia se tornado parte da minha rotina diária, uma presença constante que me lembrava das minhas escolhas e suas consequências. Estava sentada na varanda dos fundos da mansão Monteiro, observando os vinhedos que se estendiam pelas colinas, quando ouvi o som de um carro se aproximando pela estrada principal.

Verifiquei o relógio. Três da tarde, exatamente como havíamos combinado. Entrei pela porta dos fundos e subi discretamente para o meu quarto, de onde tinha uma visão perfeita da entrada principal.

Dominic era nada se não pontual quando se tratava dos seus planos meticulosamente calculados. A história de hoje seria a mesma de sempre - uma "reunião de negócios" com meus pais para discutir a gestão conjunta da vinícola Monteiro. Oficialmente, é claro. Na realidade, essas visitas regulares serviam a propósitos muito mais interessantes.

Dominic era meticuloso em suas operações ilegais, e corromper o oficial responsável pelo meu monitoramento eletrônico havia sido uma das primeiras providências que tomou. O homem, um funcionário de meia-idade com salário atrasado e filhos na faculdade particular, não ofereceu muita resistência quando Dominic depositou numa conta offshore o equivalente a três anos do seu salário. Agora, minhas "visitas de negócios" regulares simplesmente não apareciam nos relatórios ao juiz.

Era arriscado? Sim. Mas Dominic não era o tipo de homem que deixava pontas soltas. Ele tinha certeza de que o oficial jamais o trairia - afinal, se o esquema fosse descoberto, seria ele quem iria para a prisão por prevaricação e facilitação de crimes. Era uma segurança mútua baseada no medo e na ganância.

Dominic apareceu minutos depois, fechando a porta atrás de si com um clique suave mas definitivo. Havia algo predatório na forma como se movia pelo meu quarto, examinando brevemente os livros na estante, a vista da janela, antes de finalmente se virar para mim.

— Trouxe algo para comemorar — disse, tirando uma garrafa de vinho tinto do interior de sua jaqueta. Não tinha rótulo, naturalmente. — Produção especial. Achei que você apreciaria a ironia.

Peguei a garrafa, reconhecendo imediatamente a safra pela coloração e viscosidade. Era Bellucci. Ou pelo menos, deveria ser.

— Uma comemoração perigosa, não acha? — perguntei, servindo duas taças que mantinha em meu quarto especificamente para essas ocasiões.

— Este é dos lotes limpos. Não teria graça comemorar nossa vitória se acabássemos intoxicados também, não é?

Ri da macabra sensatez disso. Brindamos, o som das taças se tocando ecoando suavemente no quarto.

— Aos Bellucci caindo — disse, tomando um gole generoso.

— À queda inevitável deles — Dominic concordou, seus olhos brilhando com uma satisfação cruel. — Christian Bellucci recuando, tirando todos os produtos do mercado mundial. Foi quase satisfatório demais ver a notícia.

Aproximei-me da janela, observando os vinhedos.

— Quase consigo ver a expressão dele — murmurei com prazer genuíno. — Aquela arrogância toda finalmente quebrada. Christian sempre se achou intocável, superior. Ver ele sendo forçado a admitir derrota publicamente... é quase melhor do que o dinheiro.

— Quase — Dominic concordou com um sorriso malicioso, se aproximando por trás de mim. — Mas o dinheiro também é bom.

Senti suas mãos no meu quadril, puxando-me contra ele. Era um jogo perigoso que estávamos jogando - uma dança entre aliados que não confiavam completamente um no outro, mas que encontravam prazer tanto na conspiração quanto na atração física que existia entre nós.

Virei-me em seus braços, nossa proximidade deixando muito pouco espaço entre nossos corpos.

— Cuidado, Dominic — avisei com um sorriso provocador. — Não aceito ser segunda opção para ninguém.

Ele riu, um som baixo e genuinamente divertido.

— As pessoas só são opções para mim quando servem ao meu propósito — respondeu com uma franqueza brutal. — Maitê só servirá até colocar a filha no mundo.

Havia algo frio na forma como ele dizia isso, como se estivesse discutindo a utilidade de uma ferramenta e não de uma pessoa que ele supostamente amava.

— E depois? — perguntei, genuinamente curiosa sobre até onde seus planos se estendiam.

Dominic tomou outro gole de vinho antes de responder, seus olhos fixos nos meus com uma intensidade perturbadora.

— Uma trágica história, não acha? — disse com uma calma assustadora. — Com a família Salvani inteira morta, a menina se torna a única herdeira. E eu... bem, sou o pai e administrador de tudo.

Senti um arrepio percorrer minha espinha, mas não de medo - de excitação perversa diante da audácia absoluta do plano.

— Uma bela história — concordei, me afastando ligeiramente para poder observá-lo melhor. — Se ela for sua filha.

Dominic sorriu, e havia algo de absolutamente confiante naquele sorriso.

— Vai ser. Nada que um DNA comprado não dê jeito.

Aproximei-me dele novamente, desta vez com um propósito diferente. Deixei minhas mãos deslizarem pelos seus ombros, meus lábios quase tocando os dele quando falei:

— Sabe, Dominic, nós dois temos algo em comum — murmurei de forma sedutora mas com um fio de ameaça evidente. — Eu também só mantenho por perto quem me é útil. Então... nem pense em me trair, porque se isso acontecer, eu já vou ter te traído antes.

Senti-o rir contra meus lábios antes de finalmente nos beijarmos - um beijo que tinha menos a ver com paixão e mais com uma promessa mútua de destruição caso um traísse o outro.

Quando nos separamos, Dominic tinha aquele sorriso malicioso que eu estava começando a reconhecer.

— Isso nem passou pela minha cabeça — disse, mas ambos sabíamos que era mentira. Tudo passava pela cabeça de Dominic Sforza. Ele apenas escolhia quais pensamentos transformar em ações.

Olhei para o relógio na parede. Quarenta minutos haviam passado - o tempo máximo que conseguíamos esticar essas "reuniões de negócios" sem levantar suspeitas.

— Ótimo — disse, me afastando completamente e ajeitando minha roupa. — Agora vá. O tempo da visita acabou.

Dominic concordou, pegando sua jaqueta e a garrafa de vinho já quase vazia. Na porta, ele se virou uma última vez.

— Nos vemos na próxima reunião de negócios — disse com um sorriso cúmplice.

— Mal posso esperar para discutir mais... detalhes operacionais — respondi com o mesmo tom.

Quando ele saiu, fechando a porta atrás de si, voltei para a janela. Observei-o atravessar o jardim em direção ao carro, cumprimentar educadamente meus pais, e finalmente partir pela estrada de terra que levava de volta à rodovia principal.

Toquei a tornozeleira eletrônica no meu tornozelo, sentindo seu peso familiar. Era uma prisão, sim. Mas até mesmo prisões podem se tornar fortalezas quando você aprende a usar suas limitações a seu favor.

Christian Bellucci havia me colocado aqui, havia destruído minha liberdade com suas acusações e evidências cuidadosamente construídas. Mas ele havia cometido um erro fatal - ele havia me deixado viva, com tempo para planejar, recursos para executar, e agora um aliado tão implacável quanto eu mesma.

A queda dos Bellucci seria lenta, dolorosa e absolutamente irreversível.

E eu teria a melhor vista possível daqui da minha prisão dourada, observando cada passo da destruição deles.

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