~ FRANCESCA ~
O peso da tornozeleira eletrônica já havia se tornado parte da minha rotina diária, uma presença constante que me lembrava das minhas escolhas e suas consequências. Estava sentada na varanda dos fundos da mansão Monteiro, observando os vinhedos que se estendiam pelas colinas, quando ouvi o som de um carro se aproximando pela estrada principal.
Verifiquei o relógio. Três da tarde, exatamente como havíamos combinado. Entrei pela porta dos fundos e subi discretamente para o meu quarto, de onde tinha uma visão perfeita da entrada principal.
Dominic era nada se não pontual quando se tratava dos seus planos meticulosamente calculados. A história de hoje seria a mesma de sempre - uma "reunião de negócios" com meus pais para discutir a gestão conjunta da vinícola Monteiro. Oficialmente, é claro. Na realidade, essas visitas regulares serviam a propósitos muito mais interessantes.
Dominic era meticuloso em suas operações ilegais, e corromper o oficial responsável pelo meu monitoramento eletrônico havia sido uma das primeiras providências que tomou. O homem, um funcionário de meia-idade com salário atrasado e filhos na faculdade particular, não ofereceu muita resistência quando Dominic depositou numa conta offshore o equivalente a três anos do seu salário. Agora, minhas "visitas de negócios" regulares simplesmente não apareciam nos relatórios ao juiz.
Era arriscado? Sim. Mas Dominic não era o tipo de homem que deixava pontas soltas. Ele tinha certeza de que o oficial jamais o trairia - afinal, se o esquema fosse descoberto, seria ele quem iria para a prisão por prevaricação e facilitação de crimes. Era uma segurança mútua baseada no medo e na ganância.
Dominic apareceu minutos depois, fechando a porta atrás de si com um clique suave mas definitivo. Havia algo predatório na forma como se movia pelo meu quarto, examinando brevemente os livros na estante, a vista da janela, antes de finalmente se virar para mim.
— Trouxe algo para comemorar — disse, tirando uma garrafa de vinho tinto do interior de sua jaqueta. Não tinha rótulo, naturalmente. — Produção especial. Achei que você apreciaria a ironia.
Peguei a garrafa, reconhecendo imediatamente a safra pela coloração e viscosidade. Era Bellucci. Ou pelo menos, deveria ser.
— Uma comemoração perigosa, não acha? — perguntei, servindo duas taças que mantinha em meu quarto especificamente para essas ocasiões.
— Este é dos lotes limpos. Não teria graça comemorar nossa vitória se acabássemos intoxicados também, não é?
Ri da macabra sensatez disso. Brindamos, o som das taças se tocando ecoando suavemente no quarto.
— Aos Bellucci caindo — disse, tomando um gole generoso.
— À queda inevitável deles — Dominic concordou, seus olhos brilhando com uma satisfação cruel. — Christian Bellucci recuando, tirando todos os produtos do mercado mundial. Foi quase satisfatório demais ver a notícia.
Aproximei-me da janela, observando os vinhedos.
— Quase consigo ver a expressão dele — murmurei com prazer genuíno. — Aquela arrogância toda finalmente quebrada. Christian sempre se achou intocável, superior. Ver ele sendo forçado a admitir derrota publicamente... é quase melhor do que o dinheiro.
— Quase — Dominic concordou com um sorriso malicioso, se aproximando por trás de mim. — Mas o dinheiro também é bom.
Senti suas mãos no meu quadril, puxando-me contra ele. Era um jogo perigoso que estávamos jogando - uma dança entre aliados que não confiavam completamente um no outro, mas que encontravam prazer tanto na conspiração quanto na atração física que existia entre nós.
Virei-me em seus braços, nossa proximidade deixando muito pouco espaço entre nossos corpos.
— Cuidado, Dominic — avisei com um sorriso provocador. — Não aceito ser segunda opção para ninguém.
Ele riu, um som baixo e genuinamente divertido.
— As pessoas só são opções para mim quando servem ao meu propósito — respondeu com uma franqueza brutal. — Maitê só servirá até colocar a filha no mundo.
Havia algo frio na forma como ele dizia isso, como se estivesse discutindo a utilidade de uma ferramenta e não de uma pessoa que ele supostamente amava.
— E depois? — perguntei, genuinamente curiosa sobre até onde seus planos se estendiam.
Dominic tomou outro gole de vinho antes de responder, seus olhos fixos nos meus com uma intensidade perturbadora.
— Uma trágica história, não acha? — disse com uma calma assustadora. — Com a família Salvani inteira morta, a menina se torna a única herdeira. E eu... bem, sou o pai e administrador de tudo.
Senti um arrepio percorrer minha espinha, mas não de medo - de excitação perversa diante da audácia absoluta do plano.
— Uma bela história — concordei, me afastando ligeiramente para poder observá-lo melhor. — Se ela for sua filha.
Dominic sorriu, e havia algo de absolutamente confiante naquele sorriso.
— Vai ser. Nada que um DNA comprado não dê jeito.
Aproximei-me dele novamente, desta vez com um propósito diferente. Deixei minhas mãos deslizarem pelos seus ombros, meus lábios quase tocando os dele quando falei:
— Sabe, Dominic, nós dois temos algo em comum — murmurei de forma sedutora mas com um fio de ameaça evidente. — Eu também só mantenho por perto quem me é útil. Então... nem pense em me trair, porque se isso acontecer, eu já vou ter te traído antes.
Senti-o rir contra meus lábios antes de finalmente nos beijarmos - um beijo que tinha menos a ver com paixão e mais com uma promessa mútua de destruição caso um traísse o outro.
Quando nos separamos, Dominic tinha aquele sorriso malicioso que eu estava começando a reconhecer.
Olhei para o relógio na parede. Quarenta minutos haviam passado - o tempo máximo que conseguíamos esticar essas "reuniões de negócios" sem levantar suspeitas.
— Ótimo — disse, me afastando completamente e ajeitando minha roupa. — Agora vá. O tempo da visita acabou.
Dominic concordou, pegando sua jaqueta e a garrafa de vinho já quase vazia. Na porta, ele se virou uma última vez.
— Nos vemos na próxima reunião de negócios — disse com um sorriso cúmplice.
— Mal posso esperar para discutir mais... detalhes operacionais — respondi com o mesmo tom.
Quando ele saiu, fechando a porta atrás de si, voltei para a janela. Observei-o atravessar o jardim em direção ao carro, cumprimentar educadamente meus pais, e finalmente partir pela estrada de terra que levava de volta à rodovia principal.
Toquei a tornozeleira eletrônica no meu tornozelo, sentindo seu peso familiar. Era uma prisão, sim. Mas até mesmo prisões podem se tornar fortalezas quando você aprende a usar suas limitações a seu favor.
Christian Bellucci havia me colocado aqui, havia destruído minha liberdade com suas acusações e evidências cuidadosamente construídas. Mas ele havia cometido um erro fatal - ele havia me deixado viva, com tempo para planejar, recursos para executar, e agora um aliado tão implacável quanto eu mesma.
A queda dos Bellucci seria lenta, dolorosa e absolutamente irreversível.
E eu teria a melhor vista possível daqui da minha prisão dourada, observando cada passo da destruição deles.

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Comprei um Gigolô e ele era um Bilionário (Kayla Sango )
Já tem uns 3 dias que não disponibiliza os capítulos. Parou no capítulo 557. PS. Esse livro que não acaba.... 🤔...
Queria saber o que está acontecendo, que os capítulos não estão mais disponíveis....
Poxa vida, ja era ruim liberar 2 ou 3 capitulos por noite a conta gotas, agora falhar na liberacao diaria é pèssimo ... oq tem acontecidoncom frequencia. Desanimador....
Alguém sabe me dizer, quando sai mais capítulos?...
Oq esta acontecendo com os capitulos 566 e 567? Liberei as moedas mas nenhum dos dois foi liberado. E ontem tbem nao houve liberacao de capitulos novos ......
Mdss estou impactada com o plost twist mds mds, história de Maitê é a mais louca e surreal, considero a melhor....
Capitulo 518. Votos de Marcos e Maitê, que lindo... Até eu fiquei emocionada 😍...
Capítulo 539 está dando erro...
Bom dia. Poderiam liberar 10 capítulos diários. É complicado ler assim, tipo conta gotas. Por isso muitos desistem dos livros e partem pra outros. Pensa nisso com carinho autora....
Poxa q triste, ficou chata demais a história, nas partes da Maitê eu nem gasto mais moedas, reviro os olhos sem perceber…. Li os dois primeiros livros duas vezes, mas essa Maitê dá ânsia...