Entrar Via

Comprei um Gigolô e ele era um Bilionário (Kayla Sango ) romance Capítulo 489

~ MAITÊ ~

A dor começou como uma onda lenta e constante, partindo da minha lombar e se espalhando pelo abdômen em um aperto que me fez segurar involuntariamente a borda da mesa de cabeceira. Respirei fundo, contando mentalmente enquanto a contração passava, e quando olhei para Marco, vi o exato momento em que ele percebeu o que estava acontecendo.

— Foi outra? — perguntou, levantando-se tão rapidamente da poltrona ao lado da cama que quase derrubou o celular que estava segurando.

— Foi — confirmei, tentando manter a voz calma apesar da tensão que sentia crescer no ar.

Marco começou a andar de um lado para o outro do quarto do hospital, passando as mãos pelos cabelos em um gesto que reconheci como pânico puro.

— Não estou pronto — declarou subitamente, se virando para me encarar com olhos arregalados. — Maitê, não estamos prontos. A gente nem escolheu o nome dela ainda!

Teria rido se outra contração não tivesse começado naquele exato momento. Segurei a borda da cama, respirando através da dor enquanto Marco continuava sua espiral de pânico.

— E o quarto! — ele continuou, aparentemente alheio ao fato de que eu estava tendo uma contração. — Eu queria pintar o quarto de hóspedes eu mesmo. Escolher a cor perfeita, fazer aquelas estrelinhas no teto que brilham no escuro...

— Amor... — tentei interrompê-lo, mas ele estava em modo completo de surto.

— E os livros! Prometi que ia ler todos aqueles livros sobre paternidade. Ainda estou no capítulo três do primeiro! Nem sei como trocar uma fralda direito. Na aula eles usaram aquele boneco e eu coloquei a fralda de trás para frente...

— Marco — chamei novamente.

— E se eu não souber acalmá-la quando ela chorar? E se eu a segurar errado? Bebês são tão pequenos, Maitê! Tão frágeis! E se...

A contração passou e, em vez da tensão residual que geralmente ficava, fui tomada por uma onda súbita e incontrolável de riso. Era a visão de Marco, esse homem que havia me protegido contra ameaças reais e terríveis, agora completamente desmontado pela iminência de sua filha nascer.

Comecei a rir tão forte que tive que segurar a barriga, lágrimas escorrendo pelo meu rosto enquanto Marco parava de andar e me olhava com uma expressão entre confusão e leve ofensa.

— O que foi? — perguntou, visivelmente sem entender o que era tão engraçado.

— Você — consegui dizer entre risadas. — Você está... você está mais nervoso do que eu!

— Bem, alguém tem que estar nervoso! — ele defendeu, mas eu podia ver um pequeno sorriso começando a aparecer nos cantos de sua boca.

Respirei fundo, tentando controlar as risadas, e estendi a mão para ele.

— Amor... amor? — chamei suavemente. — Lembra como fizemos nas aulas?

Marco piscou, confuso.

— O quê?

— Respiração — expliquei com paciência. — Cheira a flor...

Inspirei profundamente pelo nariz, demonstrando, e Marco finalmente pareceu entender. Ele se aproximou da cama, pegando minha mão.

— E apaga a vela — completei, expirando lentamente pela boca.

Marco riu, um som genuíno e aliviado, e começou a fazer os exercícios de respiração comigo. Ficamos assim por alguns minutos, sincronizando nossas respirações, e senti a tensão começar a se dissipar tanto dele quanto de mim.

— Cheira a flor — eu comandava suavemente.

— Cheira a flor — ele repetia, inspirando.

— Apaga a vela.

— Apaga a vela — e ambos expirávamos juntos.

Estávamos tão concentrados nos exercícios que não percebemos a porta se abrir até ouvir uma voz familiar e divertida.

— O que acha de Aurora?

Senti algo se aquecer no meu peito, uma emoção que não conseguia nomear completamente. Aurora. A luz que vem depois da escuridão. O começo de um novo dia.

— Como em... como em um novo amanhecer? — perguntei, minha voz ficando mais suave.

Marco concordou, um sorriso lindo se espalhando pelo seu rosto.

— Um novo amanhecer, um novo começo, uma nova vida... — ele fez uma pausa, seus olhos brilhando. — Depois de tudo que passamos, toda a escuridão, todo o medo... ela é nossa aurora.

Senti lágrimas se acumulando nos meus olhos, mas eram lágrimas boas, lágrimas de alegria e alívio e amor transbordando.

— Acho lindo — consegui dizer, minha voz embargada. — Nossa pequena Aurora.

Marco se inclinou para me beijar, suave e cheio de promessa, e quando nos separamos, ele tinha aquele sorriso malicioso que eu tanto amava.

— Ótimo — disse com uma seriedade cômica. — Agora que já temos o nome, posso surtar com o próximo item da lista.

Ri, puxando-o para mais perto.

— Qual é o próximo item?

— Descobrir como montar aquele berço que Zoey nos deu — admitiu, fazendo uma careta. — Tenho certeza de que tem mais parafusos do que realmente precisa.

— Marco Bellucci, você encarou meu humor maluco, sobreviveu aos meus enjoos matinais, e aguentou meus desejos loucos de comida às três da manhã — lembrei com um sorriso. — Você consegue montar um berço.

— Você tem muito mais fé em mim do que eu mesmo — ele respondeu, mas estava sorrindo.

— Eu tenho toda a fé do mundo em você! — Concordei.

Histórico de leitura

No history.

Comentários

Os comentários dos leitores sobre o romance: Comprei um Gigolô e ele era um Bilionário (Kayla Sango )