~ VIVIANNE ~
Olhei para o uniforme de enfermeira estendido sobre a cama. Verde-claro, impecável, completo com crachá de identificação que dizia "Juliana Santos - Enfermagem".
Vesti o uniforme com dedos trêmulos, ajustando cada botão, cada dobra. Prendi o cabelo num coque apertado antes de colocar a touca descartável, escondendo cada fio. A máscara cirúrgica foi a última peça, cobrindo metade do meu rosto, transformando-me em mais uma funcionária anônima dentre tantas no hospital.
Olhei para meu reflexo no espelho do banheiro. Não me reconheci. Talvez fosse melhor assim.
Já tinha feito muitas coisas ruins. Coisas das quais não me orgulhava. Tinha mentido, manipulado, feito vista grossa para atos que me deixavam enjoada só de pensar. Mas mexer com uma criança... com um bebê...
Fechei os olhos com força, respirando fundo através da máscara.
Eu sabia que tinha dito coisas. Coisas que sabia que Dominic queria ouvir. Era parte do meu plano. Sempre foi parte do plano. Mas nunca pensei que precisaria chegar a algo desse nível. Nunca imaginei que ele fosse tão longe. Que eu fosse tão longe.
Mas precisava fazer. Precisava executar o plano de Dominic. Porque se não fizesse, ele encontraria outra pessoa. E essa outra pessoa não teria as minhas... reservas.
— Está acabando — sussurrei baixinho para meu reflexo, tão baixo que mal consegui me ouvir. — Logo tudo chega ao fim.
Peguei a bolsa de academia que Dominic tinha me dado — grande, discreta, com espaço suficiente. Meu estômago revirou só de pensar para quê.
Saí do quarto e caminhei pelos corredores do hospital com passos firmes, fingindo uma confiança que não sentia. O crachá balançava no meu pescoço. Ninguém me olhava duas vezes. Eu era apenas mais uma enfermeira cumprindo seu turno.
Dominic tinha dito que conseguiu uma falha nas câmeras de segurança por quinze minutos. Se eu passasse disso, seria pega. As câmeras voltariam a funcionar e meu rosto ficaria registrado para sempre.
Quinze minutos. O relógio já estava correndo.
Cheguei à porta que levava às alas de funcionários. Passei o cartão de acesso — o mesmo que deveria estar no bolso da verdadeira enfermeira, que neste momento estava desmaiada dentro de algum armário que Dominic tinha escolhido.
A luz ficou verde. A fechadura clicou.
Entrei.
O corredor era mais silencioso aqui, mais frio. Meus passos ecoavam levemente no piso de linóleo. Segui as placas até chegar à área do berçário, onde os bebês ficavam quando não estavam no quarto com as mães.
Respirei fundo mais uma vez antes de empurrar a porta.
Duas enfermeiras estavam lá dentro, uma mexendo em papéis, a outra ajeitando um dos berços. A primeira me viu e seus olhos se iluminaram.
— Finalmente! — ela disse, largando imediatamente a prancheta que segurava. — Estava morrendo de fome!
Perfeito. Cheguei no momento certo da troca de turnos, como previsto.
A segunda enfermeira franziu a testa, olhando ao redor como se procurasse alguém.
— Cadê a Sandra? — ela perguntou, claramente estranhando o fato de eu estar sozinha. Sempre tinham duas funcionárias juntas no berçário.
Então seus olhos desceram para a bolsa de academia que eu carregava, e ela inclinou a cabeça.
— Você é novata? Não te reconheço.
Meu coração disparou, mas mantive a voz firme.
— Não, só estou em um turno diferente — respondi, ajustando a alça da bolsa no ombro. — Vim direto da academia, não tive tempo de deixar a bolsa no vestiário.
Precisava mudar de assunto. Rápido.
— Sandra já está vindo — menti, caminhando mais para dentro da sala como se fosse meu lugar. — Vocês podem ir, eu dou conta aqui.
A primeira enfermeira já estava praticamente saindo pela porta, claramente ansiosa para o final do seu turno. Mas a segunda hesitou, ainda me olhando com uma expressão incerta.
— Você tem certeza? São muitos bebês e...
— Vamos logo — a primeira a interrompeu, pegando o braço da colega. — Olha pra eles, estão todos dormindo. Ela não vai ter trabalho por agora. E eu preciso comer alguma coisa antes de desmaiar.
A segunda enfermeira ainda parecia relutante, mas finalmente cedeu.
Logo descobririam que estava faltando. Logo o hospital inteiro entraria em pânico. Logo Maitê e Marco descobririam que sua filha tinha desaparecido.
Mas eu já estaria longe.
Saí da sala do berçário, fechando a porta suavemente atrás de mim. Segui o caminho que Dominic tinha arquitetado — o mais rápido, o mais deserto, o que evitava as áreas principais do hospital. Escadas de serviço em vez de elevadores. Corredores de funcionários em vez dos principais.
Ninguém me parou. Ninguém sequer me olhou.
A cada passo, a bolsa no meu ombro parecia pesar mais. Não pelo peso físico, mas pelo peso do que eu estava fazendo. Do que eu tinha acabado de fazer.
Finalmente, cheguei à saída de trás do hospital. Uma porta de metal pesada que levava ao estacionamento de serviço. Empurrei-a e o ar fresco da noite me atingiu, tão frio que ardia nos pulmões.
Tirei a máscara, respirando mais profundamente. A noite estava escura, apenas algumas luzes de postes iluminando o estacionamento quase vazio.
Um carro — o carro de Dominic, preto e discreto — parou rapidamente ao meu lado, os pneus rangendo levemente no asfalto.
Não hesitei. Joguei-me no banco de trás, fechando a porta atrás de mim com mais força do que pretendia.
Dominic se virou do banco do motorista, seus olhos imediatamente encontrando os meus através do retrovisor.
— E aí? — ele perguntou, e havia tensão em sua voz. Expectativa.
Olhei para a bolsa no meu colo. Abri-a lentamente, revelando o embrulho rosa dentro. A bebê continuava dormindo, completamente alheia ao fato de que tinha acabado de ser sequestrada.
— Feito — respondi, minha voz saindo vazia.
Dominic sorriu. Foi o sorriso mais perturbador que já vi em seu rosto — mistura de triunfo, satisfação e algo que parecia quase ternura ao olhar para a criança.
— Aurora — ele murmurou, estendendo a mão para tocar levemente a mantinha rosa. — Minha pequena Aurora.
O que diabos eu acabei de fazer?

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Comprei um Gigolô e ele era um Bilionário (Kayla Sango )
Já tem uns 3 dias que não disponibiliza os capítulos. Parou no capítulo 557. PS. Esse livro que não acaba.... 🤔...
Queria saber o que está acontecendo, que os capítulos não estão mais disponíveis....
Poxa vida, ja era ruim liberar 2 ou 3 capitulos por noite a conta gotas, agora falhar na liberacao diaria é pèssimo ... oq tem acontecidoncom frequencia. Desanimador....
Alguém sabe me dizer, quando sai mais capítulos?...
Oq esta acontecendo com os capitulos 566 e 567? Liberei as moedas mas nenhum dos dois foi liberado. E ontem tbem nao houve liberacao de capitulos novos ......
Mdss estou impactada com o plost twist mds mds, história de Maitê é a mais louca e surreal, considero a melhor....
Capitulo 518. Votos de Marcos e Maitê, que lindo... Até eu fiquei emocionada 😍...
Capítulo 539 está dando erro...
Bom dia. Poderiam liberar 10 capítulos diários. É complicado ler assim, tipo conta gotas. Por isso muitos desistem dos livros e partem pra outros. Pensa nisso com carinho autora....
Poxa q triste, ficou chata demais a história, nas partes da Maitê eu nem gasto mais moedas, reviro os olhos sem perceber…. Li os dois primeiros livros duas vezes, mas essa Maitê dá ânsia...