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Comprei um Gigolô e ele era um Bilionário (Kayla Sango ) romance Capítulo 515

~ MAITÊ ~

O endereço que Christian tinha me dado levava a um bairro simples na zona leste de São Paulo. Casas modestas enfileiradas ao longo de ruas arborizadas. O tipo de lugar onde as pessoas ainda se conheciam pelo nome, onde crianças brincavam nas calçadas até o sol se pôr, onde vizinhos conversavam por cima dos muros baixos sobre futebol e o preço do gás.

Era um mundo completamente diferente do meu. E ainda mais distante do mundo de Dominic.

Estacionei o carro em frente ao número 247 e desliguei o motor, mas não saí imediatamente. Fiquei ali sentada, as mãos ainda no volante, olhando para a casa através do para-brisa.

Era pequena. Dois andares. Pintura creme recente, mas já começando a descascar em alguns cantos. Um jardim da frente cuidado com amor, mesmo que simples - algumas roseiras, um canteiro de temperos, pedrinhas brancas delimitando os caminhos. Uma bicicleta infantil rosa e roxa encostada na varanda, a cestinha da frente cheia de giz de cera.

Uma casa. Um lar. Construído com esforço e amor por uma mulher que tinha todo o direito de ter desistido. Mas não desistiu.

Respirei fundo, sentindo o peso da pasta de documentos no banco do passageiro. Tinha adiado isso por uma semana. Uma semana desde aquela noite. Desde que tudo tinha acabado.

Marco estava em casa se recuperando, resmungando constantemente sobre o repouso forçado mas obedecendo quando eu ou Mia o olhávamos com severidade. Aurora estava crescendo visivelmente a cada dia, seus olhos ficando mais alertas, seus sons se tornando mais variados. E eu estava tentando - realmente tentando - processar tudo que tinha acontecido.

Mas havia uma promessa que eu ainda não tinha cumprido. Uma promessa que pesava em mim a cada dia que passava.

Vivianne tinha me feito prometer. E por mais complicado que fosse tudo relacionado a ela, por mais confusos que fossem meus sentimentos sobre o que ela tinha feito, uma promessa era uma promessa.

Peguei a pasta, saí do carro, e caminhei até a porta. Cada passo parecia mais pesado que o anterior. O que eu ia dizer? Como começar uma conversa assim? "Oi, sou a mulher que estava lá quando sua irmã matou o homem que te estuprou"?

Toquei a campainha antes que pudesse me acovardar e fugir.

Ouvi movimento lá dentro. Passos leves mas apressados. Uma voz infantil dizendo algo que não consegui distinguir. Uma voz feminina respondendo suavemente.

E então a porta se abriu.

A mulher na minha frente me fez parar de respirar por um segundo.

Ela era mais nova do que eu esperava. Talvez vinte e seis, vinte e sete anos no máximo. Cabelos castanhos escuros presos em um rabo de cavalo simples, alguns fios rebeldes escapando ao redor do rosto. Usava jeans desbotados e uma camiseta oversized com manchas de tinta - o tipo de roupa de quem não esperava visitas. Rosto delicado, sem maquiagem, com aqueles mesmos olhos expressivos que Vivianne tinha.

Mas onde os olhos de Vivianne eram sempre calculistas, sempre medindo, sempre guardados atrás de camadas e camadas de defesas, os olhos de Cecília tinham uma suavidade que me desarmou completamente. Uma gentileza genuína.

E também uma tristeza. Profunda. Antiga. Do tipo que se instala nos ossos e nunca realmente vai embora. Apenas aprende a conviver. A coexistir com os momentos bons.

Era uma tristeza que eu reconheci imediatamente. Porque eu também a carregava. Porque todas nós que tínhamos sido tocadas por Dominic a carregávamos.

— Cecília? — perguntei, minha voz saindo mais suave do que pretendia.

Ela assentiu lentamente, me estudando com uma mistura de curiosidade e apreensão cautelosa.

— Sou Maitê Salvani — me apresentei, segurando a pasta contra o peito como se fosse um escudo. — Não sei se Vivianne mencionou meu nome, mas eu...

— Você — Cecília me interrompeu, e algo mudou dramaticamente em sua expressão. Os olhos se arregalaram. A mão foi até a boca. — Você é a Maitê. A que estava... a que estava lá quando...

Sua voz falhou. Não conseguiu terminar a frase. Mas não precisava. Eu sabia o que ela estava tentando dizer.

— Sim — disse simplesmente, segurando seu olhar. — Eu estava lá. Estava lá quando tudo aconteceu.

Ficamos paradas ali na soleira da porta, apenas nos olhando. Duas estranhas. Duas mulheres que nunca tinham se encontrado antes. Mas conectadas para sempre pela violência de um mesmo homem. Pelo que ele tinha feito. Pelo que ele tinha tirado de nós.

Vi lágrimas começarem a se formar nos olhos de Cecília.

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