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Aliança Provisória - Casei com um Homem apaixonado por Outra romance Capítulo 151

Acordei com um leve frio na barriga. Sabe quando o corpo acorda antes da mente, mas a mente logo lembra do que aconteceu na noite anterior e aí… pronto, um turbilhão começa?

Foi exatamente isso.

O beijo, os abraços, o jeito como Alessandro me olhou, falou… parecia até outro homem. E o pior ou o melhor, é que eu acreditei em cada palavra. Mas era cedo pra dizer se ele mudaria pra sempre.

Ainda assim, meu peito estava leve.

Coloquei um moletom, prendi o cabelo de qualquer jeito e fui pra cozinha fazer um café. Gabriel ainda dormia. Peguei o celular, abri o grupo com a Cathe, mas desisti de mandar mensagem. Não, isso era papo pra ser falado olhando nos olhos. Então, depois que Gabriel acordou e tomou o café da manhã, pedi pra Julia ficar com ele e saí.

Cheguei na casa da Cathe batendo palmas no portão.

— O que que houve? — ela perguntou de cara, quando me viu parada ali com cara de segredo mal guardado.

— Preciso falar com você. — Falei meio sem graça, segurando um sorriso.

— Meu Deus, tu tá com essa cara de quem transou — ela disse, abrindo o portão às pressas. — Vem logo!

Entrei rindo, mas revirando os olhos. Sentamos no sofá e eu respirei fundo.

— Eu não transei, tá? — falei logo, antes que ela surtasse mais. — Mas... eu fui jantar com o Alessandro ontem.

— AH NÃO! — ela deu um gritinho e literalmente pulou no sofá. — AAAAAH! Meu Deus, eu sabia! Eu sabia que aquele homem tava diferente! Amiga, me conta tudo!

— Calma, louca. — Ri com ela, sentindo o coração aquecer. — Foi um jantar só. A gente conversou… e muito. Ele se abriu, me contou tudo, desde o início. Da Chiara, do casamento, da forma como ele me via antes, como ele me tratou, como se sentia... Foi sincero, Cathe. Muito sincero.

Ela ficou me olhando com a boca entreaberta, claramente esperando mais.

— E…? — ela incentivou.

— E... eu beijei ele — confessei, sentindo meu rosto esquentar de leve.

Ela soltou outro gritinho.

— AAAH! Tu beijou ele! Larissaaa! Meu Deus, que novela! E aí? Foi bom?

— Foi mais do que bom. — Falei baixinho, desviando o olhar. — Foi intenso, verdadeiro. Mas... — suspirei — eu tô com medo, Cathe.

Ela me olhou com carinho, segurando minha mão.

— Medo de quê?

— De me machucar. De ser boba de novo, acreditar, me entregar e no fim… acabar do mesmo jeito. Só que agora tem o Gabriel e eu… eu não quero que ele sofra também.

Ela assentiu, apertando levemente meus dedos.

— Larissa, você tem todo o direito de ter medo. Mas também tem todo o direito de ser feliz. Vocês dois merecem isso, merecem tentar. Você é uma mãe incrível, fez tudo sozinha até aqui. Mas se agora tem a chance de formar uma família completa… com alguém que parece realmente disposto a mudar, por vocês... você também tem que se permitir.

Meus olhos se encheram d’água e eu sorri.

— Eu sei… e é isso que mais me assusta. Porque eu ainda amo ele, Cathe. Mesmo depois de tudo.

Ela se aproximou e me abraçou forte.

— Então se j**a. Mas se ele te ferir de novo, juro que eu mesmo arrasto aquele homem pelos cabelos até a delegacia.

— Tá bom, dona justiceira — falei, rindo com ela. — Por enquanto, é só o começo… Um passo de cada vez.

Ela soltou um suspiro bem dramático.

— Isso vai dar um livro.

E eu sorri. Talvez dê mesmo.

***

A semana tinha passado tão rápido quanto arrastada. Meio contraditório, eu sei. Mas era exatamente isso que eu sentia. Todos os dias foram preenchidos por reuniões, decisões importantes e ajustes mil na parceria entre minha empresa e a do Alessandro.

A aliança estava fluindo, os resultados começando a aparecer. Mas mesmo com tudo isso… meu coração dava sinais de que sentia falta de algo.

Falta dele.

Nossas conversas tinham se limitado a trocas profissionais, e quando nos víamos, era sempre com outras pessoas por perto. Mas eu sentia.

Sentia os olhares, os bilhetes que ele mandava com o café da manhã que às vezes chegava na minha sala, as mensagens com emojis quase discretos que ele deixava no final das planilhas compartilhadas.

— Tá. Prometo me comportar… mais ou menos. — Ele deu um sorriso de canto. — Agora… sobre o que você queria falar?

— Amanhã vou decidir com o Gabriel o tema do aniversário. A gente vai no parque — falei, ajeitando a blusa. — A médica liberou ele pra brincar, desde que não seja brinquedo radical. Vai ser um momento especial… e eu queria saber se você quer ir com a gente.

O sorriso que ele abriu foi automático, mas logo o vi franzir o cenho.

— Amanhã… — ele murmurou, como quem se lembrava de algo. — Eu tenho uma viagem marcada pra São Paulo. Uma reunião importante com os investidores novos...

— Ah… tudo bem. — Tentei esconder a leve frustração que senti. — Eu entendo. É trabalho e você não pode faltar agora. Eu só achei que seria especial com você lá, mas a gente se vê depois.

Ele balançou a cabeça com firmeza.

— Não, eu vou. Eu mando o Caio no meu lugar. Você e o Gabriel são minha prioridade agora. Eu não quero perder esses momentos.

— Tem certeza?

— Tenho. — Ele segurou minha mão. — Quero estar lá e escolher esse tema com meu filho.

Meu coração se apertou e aqueceu ao mesmo tempo. Sorri pra ele, emocionada.

Antes que eu dissesse qualquer coisa, a porta se abriu e Diogo apareceu com a cara mais debochada do mundo.

— Juro que achei que ia pegar vocês no flagra — disse, rindo.

— Não foi dessa vez — respondi, com um meio sorriso.

— Os novos investidores já chegaram. Estão esperando você na sala dois.

— Tô indo — falei, me virando pra Alessandro. — Te encontro amanhã no parque?

— Com certeza — ele respondeu, os olhos fixos em mim.

Saí da sala tentando conter o sorriso bobo. Mesmo com toda a pressão do trabalho, com todas as feridas do passado, tinha algo diferente acontecendo.

E eu estava deixando acontecer.

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