(Alessandro)
Senti algo me acertar no rosto. Não foi forte, mas o bastante pra me tirar do sono. Abri os olhos devagar e dei de cara com um pézinho miúdo no meio da minha cara.
Gabriel.
Sorri. Aquele moleque tinha um talento nato pra dormir de qualquer jeito, em qualquer posição. A cabeça dele já estava virada pro lado oposto da cama, como se tivesse dado um giro completo durante a madrugada. Era inacreditável.
Me virei um pouco, e então vi Larissa tirando o pé dele com todo cuidado, como se ele fosse feito de porcelana. E mesmo ali, com o cabelo bagunçado, o rosto ainda meio inchado de sono… ela tava linda. De um jeito que me deu vontade de congelar o tempo só pra ficar mais ali.
Fiquei observando os dois por um momento. Era surreal. O meu filho ali, deitado entre a gente. E ela, a mulher que eu destruí, e que agora, por algum milagre, estava me deixando reconstruir tudo.
Suspirei, sentindo um aperto bom no peito. Não era só sobre o sexo que sim, foi como imaginei, incrível e diferente de tudo que já vivi. Era o que veio depois, a paz, o carinho, o sentimento de estar no lugar certo. Pela primeira vez na vida, eu me senti inteiro.
Ela me olhou com um sorriso leve.
— Bom dia — disse com a voz rouquinha de sono.
— Bom dia. Dormiu bem?
— Melhor do que há muito tempo.
Me apoiei no cotovelo, encarando ela mais um pouco.
— Essa noite também foi a melhor pra mim… desde que você foi embora.
Ela desviou o olhar por um segundo e depois assentiu. Se sentou devagar, puxando a coberta pra cobrir o ombro e suspirou.
— É melhor você ir, né? Antes que apareça alguém. Eu não quero ter que ficar dando explicação.
Assenti, entendendo. Me levantei devagar e fui até o banheiro, me trocando rápido. Quando voltei pro quarto, ela já tava vestida, com o cabelo preso num coque bagunçado, indo escovar os dentes. Me sentei na beira da cama e olhei pra Gabriel.
Ele ainda dormia, a boca entreaberta, os cílios longos. Passei a mão devagar no cabelo dele, com cuidado, como se aquele toque pudesse me fazer acreditar que tudo aquilo era real.
Larissa voltou do banheiro e me olhou com aquele sorrisinho pequeno nos lábios.
— Vocês dois se parecem tanto — comentou.
Assenti, sem desviar os olhos do nosso filho.
— Eu sei… é até engraçado. Eu sempre tive medo de não me reconhecer nele, mas agora… eu vejo tudo. — Me levantei e fui até ela, a segurando pela cintura. — Obrigado… por me deixar viver isso.
Ela me puxou pra um beijo calmo, gostoso e então saímos do quarto, bem devagar.
Só que mal abrimos a porta e demos de cara com Rafael, parado no corredor com uma mala na mão, olhando a gente como se tivesse visto um fantasma.
— Bom dia — eu disse, tentando soar natural.
Ele nos encarou por uns dois segundos… e então gargalhou alto.
— Cara… eu não acredito no que eu tô vendo. Vocês dois?! É sério isso?
Larissa bufou ao meu lado e passou a mão no rosto, rindo meio envergonhada.
— Rafael…
— Eu saio pra uma viagem e quando volto tá todo mundo de lua de mel — ele brincou, ainda rindo.
Rafael piscou pra mim, ainda rindo, e passou com a mala.
— Boa sorte, meu chapa. Porque se você ferrar com ela de novo… dessa vez nem Gabriel te salva.
Assenti com a cabeça, mais sério agora.
— Eu sei. Mas não vou errar outra vez.
E por mais que ele tivesse falado em tom de piada, aquela promessa não era. Eu ia fazer valer a pena. Cada segundo.
Depois de deixar Larissa com um beijo demorado e mais um olhar que me fazia querer ficar, segui de volta pra mansão. O sol já estava alto e eu só queria tomar um banho rápido e colocar a cabeça no lugar. Assim que entrei, encontrei Margarida recolhendo algumas coisas na sala.
— Margarida — chamei, me aproximando.
Ela se virou com aquele sorriso sempre educado.
— Senhor?
— Pode tirar o dia de folga, tá bom? Não vou voltar pro almoço. — Pausei, pensando. — E aproveita e descansa mesmo, de verdade.
Ela pareceu surpresa por um segundo, mas logo assentiu.
— Claro. Obrigada, senhor Alessandro.
Subi as escadas, cada degrau ecoando uma sensação estranha. Aquela mansão já não parecia minha há muito tempo. Talvez nunca tivesse sido depois que Larissa foi embora. Entrei no quarto, tirei a roupa e entrei direto no chuveiro. A água quente batendo nas costas me ajudou a pensar.
Saí, me enxuguei rápido e vesti uma roupa confortável. Me sentei em frente ao notebook e comecei a procurar casas. Queria algo bom, seguro, de preferência no mesmo condomínio ou num próximo. Algo que fosse nosso, meu, da Larissa e do Gabriel.
Depois de listar algumas opções, liguei pro meu assistente e pedi pra ele agendar visitas durante a semana.
Desliguei, respirei fundo e então, finalmente, tomei coragem.
Peguei a chave do carro e dirigi até a casa da minha mãe.
O coração batia mais forte quando estacionei na garagem. Não sabia bem o que esperar. Da última vez, só deixei minha tia na porta e fui embora. Mas agora… eu precisava falar com ela.
Entrei e a casa estava em silêncio. A sala vazia, nem parecia que alguém morava ali. Um barulho vindo da cozinha me chamou atenção e segui até lá.
— Tia — chamei, assim que a vi de costas no fogão.
Ela se virou e abriu um sorriso emocionado e me abraçou forte.
— Meu menino…
— Como ela tá? — perguntei, preocupado.
— Na mesma. Não sai do quarto, quase não come… fica ali, deitada, olhando pro nada.
— Obrigado por estar aqui. De verdade. — Acariciei o braço dela. — Eu… eu vou falar com ela.
Ela assentiu com um olhar meio tenso.
— Ela está no quarto. Mas se prepare, viu? Ela tá amarga, Alessandro. Mais do que o normal.
Sorri pela primeira vez em horas.
— Ele tá prestes a fazer aniversário. A gente tá organizando a festa e você tá mais do que convidada.
Ela sorriu, e dessa vez foi genuíno.
— Eu vou sim e vou levar um presentão pra ele.
Saí da casa da minha mãe com um peso no peito. Mas era isso. Eu tinha feito minha parte. E agora, mais do que nunca, eu sabia que meu lugar era ao lado do meu filho e da mulher que eu quase perdi.
Eles eram meu futuro, minha nova casa.
***
Os dias passaram voando. Depois daquela visita tensa à casa da minha mãe, foquei completamente no que vinha pela frente: o evento em Curitiba.
Era a apresentação oficial da nossa nova aliança empresarial. Um projeto que eu já sabia que seria um divisor de águas. Ainda mais agora, com Larissa ao meu lado. Profissionalmente e... de um jeito bem mais especial.
Na manhã da viagem, ela chegou à empresa com uma pasta cheia de anotações e planilhas. Estava concentrada, bonita, com aquele ar sério que ela colocava sempre que estava focada. Mas quando me viu, soltou aquele sorrisinho que só ela tem.
— Tudo pronto? — perguntei, me aproximando.
— Quase. Só quero revisar o cronograma de apresentação com a equipe mais uma vez antes de irmos.
— Perfeccionista como sempre — brinquei, encostando na mesa.
— E você, como tá com o discurso? Vai improvisar ou seguiu meu conselho e escreveu?
— Fiz os dois. Escrevi... mas vou improvisar mesmo assim — sorri.
Ela revirou os olhos e riu. Era automático entre a gente agora.
A equipe se reuniu na sala de reuniões. Diogo estava animado, tomando café como se fosse a gasolina dele. Larissa comandava tudo com firmeza. Era incrível vê-la assim, segura, respeitada por todos.
— Gente, o evento em Curitiba é uma chance de ouro. A parceria entre nossas empresas vai ser apresentada como exemplo de inovação e expansão estratégica. — Ela olhou para todos. — Então, foco total, tá?
Depois da reunião, seguimos para o aeroporto. O voo foi tranquilo. Larissa sentou ao meu lado, Gabriel ficou com o pai dela e Julia, e confesso que foi estranho não ter ele por perto. Mas era bom também ter esse tempo com ela.
Chegamos em Curitiba no meio da tarde, e eu sabia que aquele evento seria importante mas não era nada comparado ao que estar com ela significava pra mim.
O hotel era moderno, elegante, do tipo que respira sofisticação. Perfeito para negócios, e melhor ainda para passar um tempo ao lado da mulher que eu amava.
Entramos no quarto e, assim que fechei a porta, puxei Larissa pela cintura, colando o corpo dela no meu. A boca dela se curvou num sorriso antes de eu encostar meus lábios nos dela.
— Você aprontou, né? — ela murmurou, com a voz rouca, brincando. — Colocou a gente no mesmo quarto.
— Amor, depois daquele dia na boate, tá em todos os sites de fofoca. Todo mundo já sabe. A essa altura, se a gente ficasse em quartos separados, iam achar que brigamos — brinquei, mordendo o canto da boca dela.
Ela sorriu com aquele olhar que sempre me desmonta. Tirei o casaco dos ombros dela com calma, deixando ele escorregar até cair no chão do quarto. Minhas mãos foram direto pro zíper do vestido, e ela nem reclamou, apenas virou o corpo, caminhando em direção ao banheiro como se me provocasse, me chamando com um olhar.
— Vem, Alessandro...
Já fui tirando a camisa pelo caminho, meu corpo todo em alerta. Entrei no banheiro e liguei o chuveiro, deixando a água cair quente enquanto puxava ela de novo pra um beijo. Minhas mãos exploraram cada curva como se fosse a primeira vez. A gente se encaixava perfeitamente, cada toque reacendendo algo mais intenso entre nós.

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Aliança Provisória - Casei com um Homem apaixonado por Outra
Tá cada dia pior, os capítulos estão faltando e alguns estão se repetindo....
Gente que absurdo, faltando vários capítulos agora é 319.ainda querem que a gente pague por isso?...
Cadê o capítulo 309?...
Alguém sabe do cap 207?...
Capítulo 293 e de mais tá bloqueado parcialmente sendo que já está entre os gratuitos...
Capítulo 293 tá bloqueado sendo que já está entre os gratuitos...
Quantos capítulos são?...
Não consigo parar de ler é surpreendente, estou virando a noite lendo. É tão gostoso ler durante a madrugada no silêncio enquanto todos dormem. Diego e Alice são perfeitos juntos, assim como Alessandro e Larissa...
Maravilhoso,sem palavras recomendo vale muito apena ler👏🏼👏🏼...
Quem tem a história Completa do Diogo?...