Às vezes, eu acordava no meio da noite só pra ouvir o silêncio. Engraçado como o silêncio pode dizer tanto quando se carrega uma nova vida dentro do peito.
Estava no sexto mês agora, e as coisas estavam começando a pesar um pouco, literalmente. Meus pés viviam inchados, meu sono era picado, e eu não conseguia mais encontrar uma posição confortável na cama.
Mas nada disso importava quando sentia aquele movimento... aquela pequena dança lá dentro. Era o nosso bebê dizendo "tô aqui, mãe".
Naquela noite, levantei devagar e fui até o quarto que seria do bebê. Tinha deixado a porta entreaberta, porque às vezes eu gostava de entrar ali sozinha. Sentei na poltrona de amamentação, acariciando a barriga com os dedos e tentando não chorar de novo. Mas era difícil.
— Você ainda nem nasceu e já mudou tudo na mamãe — sussurrei. — Mudou meu corpo, minha rotina, meu mundo… mas principalmente, meu coração.
As lágrimas caíam antes mesmo de eu perceber. Era um choro calmo, cheio de amor e de medo também. Porque trazer uma vida ao mundo é se permitir amar com a coragem de quem sabe que nem tudo pode controlar.
De repente, ouvi passos suaves atrás de mim. Virei o rosto e vi Alessandro parado na porta, com aquele cabelo todo bagunçado e a camiseta amassada do pijama. Ele esfregou os olhos, mas logo veio até mim em silêncio.
— Te procurei na cama… — ele falou baixinho, ajoelhando ao meu lado. — Você tá bem?
Assenti, tentando limpar o rosto, mas ele segurou minha mão antes.
— Tá chorando de novo? — ele perguntou com aquele olhar preocupado que só ele sabia fazer.
— É só emoção... — dei um meio sorriso. — Às vezes eu fico aqui só… sentindo.
Ele encostou a cabeça na minha barriga e ficou em silêncio por um tempo. E então, de repente, o bebê mexeu. Foi forte. Tão forte que até a barriga pulou um pouquinho.
— Você sentiu isso? — perguntei, arregalando os olhos.
Alessandro olhou pra mim com um brilho espantado.
— Eu senti... — ele disse, como se fosse um milagre. — Meu Deus. Ele… ele mexeu.
Coloquei a mão sobre a dele, guiando-a até o ponto onde o bebê estava mais agitado. E ali, naquele instante, ele sentiu outra vez.
Os olhos dele se encheram d’água na hora.
— Ele reconheceu você — falei com a voz embargada.
Alessandro não disse nada por alguns segundos, apenas beijou a barriga, depois olhou pra mim e disse:
— Eu juro que vou ser o melhor pai do mundo pra esse bebê, Larissa. Mesmo com todos os meus erros, mesmo com os meus defeitos… eu vou estar aqui. Todo dia, para você, o Gabriel e ele.
— Eu sei disso. — passei a mão no cabelo dele, sentindo uma paz tão bonita dentro de mim. — Você já é.
Ele encostou a testa na minha barriga de novo.
— Obrigado… por não desistir de mim. Por ter ficado. Por me deixar viver isso de novo… do jeito certo.
Me inclinei e beijei o topo da cabeça dele, sussurrando:
— Agora a gente é mais do que antes. Somos uma família… E esse bebê vai nascer cercado do que eu nunca imaginei que a gente teria: amor de verdade.
Uma semana depois, lá estávamos nós, de mãos dadas, sentados na sala de espera do consultório. Eu mal conseguia ficar parada. E Alessandro… bom, ele fingia estar calmo, mas apertava minha mão de cinco em cinco segundos.
— Tá nervosa? — ele perguntou, olhando pra mim com um sorriso torto.
— Um pouco… — sorri. — E você?
Ele deu de ombros.
— Um pouco também… tipo… muito.
Quando chamaram meu nome, levantei com o coração acelerado. Alessandro me ajudou a deitar na maca, e logo a médica apareceu com aquele jeito doce de sempre. Passou o gel no meu ventre e, em poucos segundos, a tela iluminou o mundo que estava crescendo dentro de mim.
E então a mágica aconteceu.
— Olha só quem tá aqui… — a médica disse, sorrindo. — E hoje vocês vão conhecer o segredo mais esperado dos últimos tempos, né?
Alessandro apertou minha mão com mais força.
— Estão prontos?
Assenti e ele também.
E então ela falou:
— É uma menininha.
Silêncio. Por um segundo, foi como se o tempo tivesse parado.
— É uma menina… — repeti baixinho, quase sem acreditar.
Olhei pro lado e vi Alessandro levando a mão ao rosto, os olhos marejados, completamente tomado por uma emoção que ele nem tentou esconder.
— Eu protejo a mamãe e minha irmãzinha de qualquer coisa! — respondeu todo sério, se aproximando da barriga e encostando o rostinho ali.
Meu coração se derreteu. Sempre que Gabriel falava com a irmãzinha, parecia que o mundo ficava mais leve.
— Oi, bebê… — ele sussurrou, colocando a mãozinha na minha barriga. — Aqui é o seu irmão mais legal do mundo. Eu vou te ensinar a brincar de pega-pega, de carrinho… e se alguém mexer com você, eu dou um soco!
— Gabriel! — Alessandro e eu falamos ao mesmo tempo, e ele deu uma risadinha sapeca.
— De amor! Um soco de amor! — ele disse, fingindo inocência.
— Que bom, senhor valentão — Alessandro falou, puxando Gabriel para o colo. — Mas olha só, você também tem que ensinar a ela a ouvir música boa, como aquela banda que você e eu dançamos no carro ontem.
— Ah! Verdade! A da música da banana! — Gabriel começou a cantar errado, e nós dois caímos na gargalhada.
— Você é uma figura, meu filho. — Alessandro disse, dando um beijo bagunçado na cabeça dele.
Eu me reclinei um pouco, sentindo a brisa gostosa no rosto e a nossa filha se mexendo dentro da minha barriga. Era como se ela também quisesse fazer parte daquele momento. Alessandro esticou o braço e entrelaçou seus dedos nos meus.
— Sabe, Larissa… eu nunca imaginei que seria assim. Eu achava que felicidade era um destino, alguma coisa que a gente alcança depois de correr muito. Mas agora eu entendo. Felicidade é isso aqui. — Ele me olhou com ternura. — Uma tarde comum. Com vocês.
— Eu também achava tanta coisa… — murmurei, sentindo as lágrimas se acumularem nos olhos. — E agora eu tenho tudo o que importa. Você. O Gabriel. Essa menininha que já manda no meu corpo como se fosse dona de tudo…
— Ela é igual à mãe — Alessandro riu, apoiando a cabeça no meu ombro.
— Eu amo vocês — sussurrei, abraçando os dois ao mesmo tempo.
— A gente também ama você, mamãe — Gabriel respondeu, aninhado entre nós dois.
Ficamos ali, ouvindo os passarinhos, sentindo o cheiro das flores, e o som da nossa família crescendo em meio à simplicidade.
O mundo podia estar girando lá fora, com todos os seus barulhos, seus compromissos, suas urgências… Mas naquele jardim, naquela tarde ensolarada, tudo estava em paz.
E mesmo que a vida mude, mesmo que os desafios voltem, porque eles sempre voltam, eu sei que a gente vai dar conta.
Porque agora, a gente é uma família de verdade. Forte. Inquebrável.
E mesmo que esta história pare por aqui…
…a nossa história de amor ainda está só começando. 🌸✨

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Aliança Provisória - Casei com um Homem apaixonado por Outra
Tá cada dia pior, os capítulos estão faltando e alguns estão se repetindo....
Gente que absurdo, faltando vários capítulos agora é 319.ainda querem que a gente pague por isso?...
Cadê o capítulo 309?...
Alguém sabe do cap 207?...
Capítulo 293 e de mais tá bloqueado parcialmente sendo que já está entre os gratuitos...
Capítulo 293 tá bloqueado sendo que já está entre os gratuitos...
Quantos capítulos são?...
Não consigo parar de ler é surpreendente, estou virando a noite lendo. É tão gostoso ler durante a madrugada no silêncio enquanto todos dormem. Diego e Alice são perfeitos juntos, assim como Alessandro e Larissa...
Maravilhoso,sem palavras recomendo vale muito apena ler👏🏼👏🏼...
Quem tem a história Completa do Diogo?...