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Aliança Provisória - Casei com um Homem apaixonado por Outra romance Capítulo 398

A estrada até minha casa pareceu mais curta, como se o carro estivesse guiando sozinho, puxado pelo turbilhão de sentimentos dentro de mim.

Estacionei na garagem e fiquei um minuto só olhando para as paredes, tentando compor o rosto. Não era todo dia que você trazia a notícia da morte de alguém como se fosse um presente.

Quando abri a porta da cozinha, o burburinho familiar parou. Minha mãe estava na pia, Milena ajudando.

Meu pai, mais pálido e magro do que nunca, estava sentado à mesa, e o Raul, meu braço direito e segurança da família, estava de pé perto da janela, vigiando como sempre.

Todos viraram pra mim.

— Rafael? Tudo bem? — minha mãe perguntou, secando as mãos no avental, os olhos já examinando cada linha do meu rosto em busca de problema.

— Tá resolvido — eu disse, e as palavras saíram mais solenes do que eu queria.

Joguei as chaves no balcão e o tilintar pareceu muito alto.

— O Genildo, ele morreu ontem, em uma operação da polícia.

O silêncio que caiu foi pesado, mas durou só um segundo.

— Graças a Deus! — A voz da minha mãe veio como um suspiro choroso, e ela levou as mãos ao rosto, os ombros afundando com o peso de meses de medo que iam embora. — Acabou, meu Deus do céu, acabou.

Milena deixou a tigela que segurava cair na pia com um baque.

— Sério, Rafa? É verdade mesmo? — Os seus olhos brilhavam com um alívio puro e infantil.

Era o mesmo brilho que sumiu quando essa desgraça toda começou.

— É verdade, a polícia confirmou. Foi na mesma operação que o delegado foi baleado.

Raul apenas assentiu, firme, um leve relaxamento nos ombros largos. “Finalmente”, ele resmungou, e foi o suficiente.

Meu olhar foi pro meu pai. Ele não disse nada, ficou ali, com as mãos pousadas na mesa, os dedos tremendo levemente.

Ele olhava para um ponto no vazio, e o seu rosto… não tinha alívio. Tinha uma dor quieta, profunda.

Era o irmão dele. O irmão problemático, que ele tentou ajudar e que quase destruiu a família, mas ainda era o sangue dele.

Minha mãe percebeu também. Ela se aproximou dele, e pôs uma mão no seu ombro.

— Carlos… ele trouxe isso pra gente e escolheu o caminho dele. Agora a gente pode respirar.

— Eu sei, meu bem — a voz do meu pai saiu rouca, um fio de som. — É só que… é o fim, né? De tudo. Não tem mais volta.

A minha irmã, sempre prática, já estava com os olhos brilhando de planos.

— Isso quer dizer que a gente pode voltar pra casa? Eu posso voltar pro meu apartamento? —

Ela quase pulou de alegria. Estávamos todos amontoados na minha casa há meses, uma medida de segurança que virou um purgatório.

— Pode — eu confirmei, sentindo um peso saindo dos meus ombros também.

A casa voltaria a ser minha. Minha privacidade, meu santuário. A ideia foi doce.

— Acho que sim. A ameaça acabou.

Foi quando percebi Nicolas, parado no canto da sala perto da porta. Ele estava quieto, como sempre, mas seus olhos não estavam vasculhando as janelas ou as saídas.

Estavam fixos na minha irmã, no rosto iluminado dela, com uma expressão que não era só profissional.

Era… possessiva. Protetora de um jeito que ia além do emprego. Um frio passou pela minha nuca.

Já era.

Aquilo ali era outro problema em gestação, mas hoje não. Hoje eu não ia atrás disso.

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