Aliança Provisória - Casei com um Homem apaixonado por Outra romance Capítulo 51

— O que... é isso? — perguntei meio desconfiada, deixando minha bolsa no sofá.

Ele sorriu de lado — aquele sorriso raro que eu quase nunca via.

— Um convite. Vem comigo.

Sem entender muito bem, segui Alessandro até a área da piscina. Ele tinha colocado algumas almofadas grandes espalhadas ali, umas velas acesas flutuando na água e a iluminação do jardim deixava tudo com um ar meio mágico.

Eu parei, olhando em volta, sentindo o peito apertar.

— Tá... meio exagerado, não acha? — tentei brincar, mas minha voz saiu baixa.

Ele colocou a bandeja sobre uma mesinha e veio até mim. Parou tão perto que eu podia sentir o calor do corpo dele.

— Larissa — ele disse, com aquela voz grave que fazia minha barriga dar voltas — eu pensei muito enquanto viajei. Conversei com a Chiara também.

Quando ele falou o nome dela, meu corpo enrijeceu sem querer.

— E...? — perguntei, cruzando os braços.

— Eu quero ficar com você — ele continuou, sem hesitar. — Quero que a gente tente de verdade dessa vez. Sem mentiras, sem meias palavras.

Fiquei encarando ele, sentindo meu coração bater feito um tambor dentro do peito.

Será que era real? Depois de tudo, ele queria mesmo ficar comigo? Com a gente?

Eu abri a boca pra responder, mas na mesma hora senti meu pé escorregar numa poça de água perto da piscina.

— Ai, droga! — soltei, tentando me equilibrar.

Mas era tarde demais.

Senti Alessandro me segurar no reflexo, mas ele também perdeu o equilíbrio e nós dois caímos na água.

Quando emergi, tossindo e rindo sem acreditar, vi Alessandro também rindo. Rindo de verdade, como eu nunca tinha visto antes.

Aquela risada aberta, espontânea... iluminou ele de um jeito que mexeu comigo.

Eu o encarei, surpresa. Meu coração pulava no peito, e eu nem sabia se era por causa da queda ou da forma como ele me olhava.

Antes que eu pudesse pensar em qualquer coisa, Alessandro se aproximou, as mãos ainda firmes na minha cintura.

— Você é linda — ele murmurou, a voz rouca.

E então, ele me beijou.

Um beijo quente, molhado e cheio de algo que parecia ter ficado preso dentro da gente por tempo demais.

Eu deveria ter me afastado. Deveria ter colocado mil barreiras. Mas naquele momento... eu só queria me deixar levar.

Minhas mãos encontraram o pescoço dele, meus dedos se entrelaçando nos fios úmidos do seu cabelo.

Ele aprofundou o beijo, me puxando ainda mais pra perto, e eu me entreguei sem resistir.

Saímos da água e fomos pra dentro.

Deitamos em uma das almofadas e ele me puxou para seu peito, envolvendo meu corpo com os seus braços. Fiquei ali, ouvindo minha respiração ainda acelerada misturada à dele.

Meu corpo formigava, mas agora era o meu coração que parecia mais agitado. Demorei alguns segundos para conseguir falar.

Abaixei o olhar, brincando com os dedos na ponta do lençol.

— Eu tenho medo, Alessandro — murmurei, sentindo a garganta apertar.

Ele virou o rosto pra mim, os olhos castanhos tão intensos que quase me fizeram desistir de dizer qualquer coisa.

— Medo de quê? — perguntou, num tom mais baixo.

Respirei fundo, tentando ser corajosa.

— Medo de você me deixar de novo. Medo de... acreditar e quebrar a cara de novo.

Ele não respondeu de imediato.

Só passou a mão de leve no meu rosto, como se quisesse apagar todas as minhas dúvidas com aquele gesto.

— Eu não vou fazer isso, Larissa — ele disse, firme. — Eu juro pra você... Eu aprendi. A dor que eu causei em você... em mim também... — ele fez uma pausa, parecendo buscar as palavras — não quero mais isso pra gente.

Meus olhos se encheram d'água, mas eu sorri.

— Tudo bem — sussurrei. — Eu vou dar essa chance pra nós dois, Alessandro. Mas escuta... — toquei o peito dele com a ponta do dedo — se você me decepcionar outra vez... eu juro que sumo da sua vida. Sem olhar pra trás.

Ele fechou os olhos por um segundo, como se absorvesse aquilo.

Quando abriu de novo, seu olhar era sério, decidido.

— Você não vai precisar fazer isso. Eu prometo.

Respirei fundo, respirando o ar fresco, tentando me convencer de que aquela fantasia não garantia nada fora dali.

Hoje ele chegaria de viagem. E eu… eu teria que encarar a realidade.

Coloquei um casaquinho leve, sem muita vontade de encarar o dia, e desci as escadas sem olhar para os lados.

Decidi caminhar um pouco, mas ficaria apenas no jardim… Precisava organizar meus pensamentos. Olhei para as roseiras, para os arbustos que sempre me traziam uma sensação de paz, e comecei a andar.

Cada passo era um esforço para deixar a cabeça mais limpa, mas o peso do que eu sentia só aumentava.

Foi quando ouvi o som dos portões — o rangido familiar — e meu coração pareceu parar. Apressei os passos, me escondendo em um dos arbustos e vi o carro de Alessandro passar.

Fiquei observando enquanto ele estacionava o carro e olhava para cima, na direção do meu quarto. A mão dele estava enfaixada… o que será que aconteceu?

Meu coração começou a bater que nem um louco no peito e dei um passo, pronta para ir até ele quando o vi arrodear o carro e abrir a porta do passageiro. Meus pés ficaram presos no chão enquanto sentia meu corpo inteiro adormecer ao vê-lo estender a mão e ajudar Chiara a sair do carro.

Ele então parou ao lado dela, passando uma mão pela cintura dela enquanto a ajudava entrar em casa. Ela parecia estar mancando, mas isso não diminuiu a dor no meu peito.Senti como se estivesse sendo traída, como se o sonho tivesse sido real e então ele no dia seguinte ir atrás da outra…

Mas, Chiara nunca foi a outra. Eu quem sempre fui.

Meu estômago revirou e tentei ao máximo não vomitar ali. Porque ele a trouxe para cá? O que os dois estavam fazendo juntos tão cedo?

Uma lágrima escorreu sem que eu percebesse e engoli em seco, com um sorriso amargo nos lábios. Era claro. Era tão claro.

O que havia entre nós era só um sonho, uma ilusão da minha parte. Ele nunca me escolheria, não depois de tudo o que aconteceu. Não depois dela.

Eu me afastei lentamente, me sentindo pequena demais e um peso enorme se formou em meu peito. Eu sabia o que isso significava. Meu filho… meu filho não teria uma família completa.

Eu tentei engolir o choro, mas a dor era forte demais, as lágrimas estavam prontas para escorrer, mas não deixei.

Respirei fundo, tentando controlar o que me queimava dentro. Fechei os olhos e inspirei profundamente.

Caminhei devagar, os passos pesados e entrei em casa. Meus pés pararam outra vez ao me deparar com a cena à minha frente. Chiara estava sentada no sofá, com Alessandro ajoelhado na frente dela tirando uma das sandálias.

O silêncio no ar pesava mais do que qualquer palavra. A cena me deu náusea. Como ele podia fazer aquilo? Como ele podia estar ali com ela, depois do que ele disse no hospital, depois do que ele falou antes de viajar.

Ele então parou seus movimentos e colocou o pé de Chiara no chão com delicadeza. Ele se levantou e se virou para mim. Aquele olhar… senti meu corpo gelar, um frio estranho percorrer a minha espinha.

Em todos esses anos, mesmo em todas as brigas, ele nunca me olhou daquela forma. Ele caminhou lentamente, me olhando como um predador, me mantendo presa onde eu estava, até parar na minha frente.

O silêncio pesado durou apenas alguns segundos antes dele, sem hesitar, o quebrar, fazendo com que um mundo ao meu redor simplesmente parasse de funcionar.

— Vai embora da minha casa.

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