Aliança Provisória - Casei com um Homem apaixonado por Outra romance Capítulo 87

(Alessandro)

A entrada do hospital me causou um certo incômodo no peito. Eu já tinha passado por muitos lugares assim, mas ver Cauã ali, machucado, em recuperação, com metade do rosto coberto por marcas recentes e o olhar distante... era ruim demais.

Não precisei pedir informação. Já sabia exatamente onde ele estava. Subi direto para o quarto, cruzando os corredores com passos firmes. Quando abri a porta, vi Cauã deitado, os olhos semiabertos, e sua esposa sentada ao lado, com uma expressão cansada, mas cheia de carinho.

— Boa tarde — cumprimentei, tentando suavizar o tom da minha voz.

Ela sorriu gentilmente e se levantou.

— Boa tarde, Alessandro.

Me aproximei da cama, olhando para Cauã. Seus olhos encontraram os meus. Tinha lucidez ali, e também uma vontade enorme de falar... de se comunicar.

Toquei levemente seu ombro, e ele piscou lentamente. — Eu preciso te contar umas coisas, Cauã. Muita coisa aconteceu desde o seu acidente.

A esposa dele olhou para mim, talvez sentindo o peso do que eu queria dizer.

— Eu vou até a lanchonete pegar alguma coisa pra comer... deixo vocês dois conversarem. — Ela deu um beijo leve na testa dele e saiu do quarto.

Esperei a porta fechar.

— Tentaram sequestrar a Chiara. — Soltei de uma vez.

Vi os olhos dele arregalarem e o corpo se mover com dificuldade. Ele tentou falar, mas as palavras não saíam. Era um som entre um gemido e um balbuciar, impossível de entender.

— Calma, calma... — Fiquei ao lado dele, tentando manter o controle. — Ela está bem. Eu estava com ela, e conseguimos evitar. Mas não foi só isso... há quatro dias, tentaram matar a Larissa.

O susto dele foi ainda maior. Ele tentou se levantar, e eu o ajudei, colocando travesseiros atrás de suas costas para deixá-lo mais ereto.

— A Larissa — repeti com pesar. — Foi esfaqueada. Por pouco não morreu. Mas eu consegui pegar o cara e ele disse que só queria assustar, mas se atrapalhou e acabou ferindo ela. Disse também que quem contratou foi um homem alto... e ruivo.

Cauã fechou os olhos, apertando os punhos. O nome parecia ecoar dentro da cabeça dele.

— Eu preciso de respostas, Cauã. — Me abaixei um pouco, olhando nos olhos dele. — Não precisa tentar falar... só acena com a cabeça pra sim ou não, certo?

Ele concordou com um leve movimento de cabeça.

— Os filhos do ex-marido da Chiara... eles têm algo a ver com a morte do pai dela?

Um aceno firme: sim e ergueu a mão com dificuldade, mostrando o dedo indicador.

— Foi só um deles?

Outro aceno afirmativo. Meu estômago revirou.

— Foi o Matheus?

Ele negou, com um movimento lento da cabeça.

Suspirei e murmurei:

— Então... só sobra o Enzo.

Cauã confirmou, com um movimento firme, os olhos tensos.

— Merda... — Levei a mão ao rosto, massageando a testa. — Esse desgraçado...

Mas Cauã não tinha terminado. Mesmo com esforço visível, ele levantou a mão novamente mostrando o número um com o dedo.

— O quê? Mais um? — perguntei, tenso. — Tem mais alguém envolvido?

Ele assentiu.

— Certo, vamos lá. Me ajuda aqui... eu vou falar os nomes, e você me diz se é ou não.

Ele fechou os olhos, respirando com dificuldade, mas sinalizando que estava pronto.

— Foi o Vincenzo? — perguntei.

Ele balançou a cabeça: não.

Peguei o celular no console do carro e disquei o número do Fernando. Ele atendeu no terceiro toque, como sempre fazia.

— Alessandro. Tá tudo bem?

— Não exatamente. — Suspirei. — Falei com o Cauã. Ele confirmou: o ruivo que mandou atacar a Larissa... é o Enzo.

— O filho do ex-marido da Chiara? — a voz dele endureceu na mesma hora. — Tem certeza?

— Absoluta. Cauã confirmou com os próprios olhos. E mais... ele deu a entender que tem outro envolvido também. Mas ainda não consegui descobrir quem.

Fernando ficou em silêncio por alguns segundos, e eu ouvia a respiração dele do outro lado da linha, pesada, preocupada.

— Se esse cara voltar pra Itália, complica tudo, Alessandro. Você sabe disso. A jurisdição muda, as provas enfraquecem... a gente perde ele.

— Eu sei — murmurei, apertando o volante com mais força. — É por isso que eu tô te ligando agora. Eu quero que você o rastreie. Preciso saber onde ele está. Se ainda está por aqui... ou se está se preparando pra fugir.

— Tá com sangue nos olhos, não é? — ele perguntou, com aquele tom de quem já me conhecia demais.

— Ainda não, Fernando. — Respirei fundo, tentando me conter. — Eu não vou agir agora. Ainda não. Mas eu preciso estar um passo à frente dele. Eu quero saber cada movimento, cada lugar onde ele colocar o pé. Se comprar passagem, se se encontrar com alguém, se mudar de endereço. Tudo.

— Entendido. — A voz dele voltou a ficar mais técnica. — Mas me promete uma coisa: nada de ação impulsiva. A gente tá lidando com gente poderosa. Você não pode se colocar em risco agora.

— Eu prometo... por enquanto. — Virei a chave no carro, finalmente começando a sair do estacionamento do hospital. — Mas se ele chegar perto da Chiara ou da Larissa de novo, eu não vou ficar só olhando.

— Eu sei. — O tom de Fernando carregava algo entre respeito e receio. — Vou puxar o rastreamento agora. Se ele usar qualquer cartão, chip ou transporte vinculado ao nome dele — ou aos contatos que a gente já tem mapeado — eu vou saber.

— Valeu, irmão. Me avisa assim que souber de algo.

— Fica atento. E cuida dessas meninas.

A voz dele suavizou um pouco no fim.

— Sempre.

Encerrei a chamada e joguei o celular no banco do carona. O motor roncou com mais força quando acelerei, como se sentisse a mesma urgência que eu. O trânsito fluía devagar, mas minha mente estava a mil.

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