Comprei um Gigolô e ele era um Bilionário romance Capítulo 102

A rotina se estabeleceu mais rápido do que eu esperava. As manhãs invariavelmente começavam da mesma forma – eu acordando antes do despertador, correndo para o banheiro com aquela náusea persistente que teimava em não passar, lavando o rosto com água gelada e escovando os dentes com vigor extra para eliminar qualquer vestígio do mal-estar.

Depois vinham as buscas por emprego, currículos enviados, entrevistas que terminavam com sorrisos educados e promessas vazias de "entraremos em contato". E então, nas noites em que Christian estava no Rio para reuniões de negócios – que felizmente haviam se tornado mais frequentes nas últimas semanas – havia aquela breve sensação de normalidade, de propósito, de algo próximo ao que eu imaginava ser um casamento real.

— Está ficando tarde. — Christian esticou os braços acima da cabeça, os ombros estalando após horas curvado sobre documentos espalhados na mesa de jantar. — Acho que terminamos por hoje.

Assenti, recolhendo as xícaras de café vazias. Christian vinha dormindo no meu apartamento sempre que tinha compromissos no Rio – uma evolução natural e não discutida do nosso arranjo que nenhum de nós questionava. Ele simplesmente chegava com uma pequena mala, trabalhava até tarde, e depois se juntava a mim na cama como se tivesse feito isso a vida toda.

— Que horas é seu voo amanhã? — perguntei, mantendo a voz casual enquanto carregava a louça para a cozinha.

— Nove e meia. — Ele esfregou os olhos, o cansaço evidente em cada linha de seu rosto. — Marco precisa de mim para a videoconferência com Bianca antes do meio-dia.

Senti o familiar aperto no peito – aquela decepção antecipada que sempre surgia na véspera de sua partida. Uma noite. Era sempre apenas uma noite, às vezes duas quando tínhamos sorte. Nunca tempo suficiente.

Christian apareceu atrás de mim na cozinha, braços envolvendo minha cintura enquanto eu lavava as xícaras.

— No que está pensando? — murmurou contra meu cabelo, seu corpo quente e sólido contra minhas costas.

— Nada importante. — Menti, recostando-me contra ele. — Só cansada.

Seus dedos traçaram círculos leves sobre minha cintura, um gesto de carinho que já havia se tornado familiar.

— Você tem estado cansada com frequência ultimamente. — Sua voz continha uma nota de preocupação. — Tem certeza de que está se sentindo bem?

— Estou ótima. — Virei-me em seus braços, preferindo distraí-lo com um beijo a admitir que ainda não estava completamente recuperada.

Ele correspondeu imediatamente, mas quando nos separamos, seus olhos ainda mostravam preocupação.

— Talvez devesse descansar mais. Você tem se esforçado demais com essas entrevistas.

— É só o ritmo da cidade. — Forcei um sorriso tranquilizador.

Ele assentiu, embora não parecesse totalmente convencido. Afortunadamente, Christian tinha aprendido a não insistir quando eu encerrava um assunto. Era uma das muitas coisas que havíamos descoberto um sobre o outro nas últimas semanas – limites, preferências, hábitos noturnos. O tipo de conhecimento íntimo que só vem com a convivência.

Mais tarde, na cama, enquanto Christian deslizava distraidamente os dedos por meus cabelos, ele quebrou o silêncio confortável entre nós.

— Sabe, você não precisa se estressar tanto com essas entrevistas. — Sua voz era casual, quase estudadamente despreocupada. — Não é como se precisasse do dinheiro.

Virei-me para encará-lo, subitamente alerta.

— O que está sugerindo exatamente?

Christian deu de ombros, evitando meu olhar.

— Apenas que você já tem muitas coisas para administrar. O estresse das entrevistas claramente não está ajudando sua recuperação e...

— Nem ouse terminar essa frase, Christian Bellucci. — Sentei-me na cama, puxando o lençol comigo. — Nós combinamos que eu manteria minha vida, minha independência. Isso inclui minha carreira.

— Tecnicamente, você é minha esposa. — Ele tentou, sem sucesso, esconder o pequeno sorriso que se formava no canto de seus lábios. — Seria perfeitamente normal que eu...

— Que você o quê? Me sustentasse? — Cruzei os braços. — Isso não fazia parte do nosso acordo. E não vai começar agora só porque você dorme aqui algumas noites por mês.

Christian se apoiou nos cotovelos, seu rosto agora mais sério.

— É tão terrível assim que eu me preocupe com você? Que queira facilitar as coisas?

Algo em sua expressão genuína suavizou minha irritação.

— Não é terrível. É... confuso. — Suspirei, deixando os braços caírem. — Nosso acordo tem regras, Christian. Limites. Quando começamos a borrar essas linhas...

— As linhas já estão borradas, Zoey. — Ele gesticulou entre nós dois, completamente nus na minha cama, o quarto ainda carregado com o cheiro de sexo recente. — Acho que passamos desse ponto há muito tempo.

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