A cafeteria estava lotada, típico de final de manhã em Ipanema. Escolhi uma mesa próxima à janela, estrategicamente posicionada para impressionar – visível o suficiente para mostrar confiança, discreta o bastante para uma conversa profissional. Enquanto esperava, ajustei nervosamente a pasta com meu portfólio sobre a mesa.
Esta não era uma entrevista convencional. Luciana Almeida, diretora de comunicação da Prisma RP, havia sugerido um "b**e-papo informal" após ver meu currículo. "Melhor nos conhecermos sem a pressão de uma mesa de escritório entre nós," escreveu ela. Um bom sinal, segundo todas as dicas de carreira que havia devorado nas últimas semanas.
Pontualmente às 11h, uma mulher de quarenta e poucos anos entrou na cafeteria. Seu cabelo curto platinado e os óculos de armação grossa vermelha combinavam perfeitamente com a reputação da Prisma como a agência mais ousada e inovadora do Rio.
— Zoey? — Ela se aproximou com um sorriso caloroso e um aperto de mão firme. — Luciana Almeida. Prazer finalmente conhecê-la.
— O prazer é meu. — Retribuí o sorriso, tentando projetar uma confiança que não sentia completamente.
Depois dos pedidos feitos – espresso duplo para ela, chá de gengibre para mim, na esperança de acalmar meu estômago rebelde – Luciana foi direto ao ponto.
— Seu currículo é impressionante. Experiência sólida em RP, boas referências, formação excelente. — Ela inclinou a cabeça, me estudando por cima dos óculos. — E, claro, há o fator Bellucci.
Senti meu sorriso vacilar ligeiramente.
— Prefiro ser avaliada por minhas qualificações, não pelo meu sobrenome.
— Admirável. — Ela assentiu, seus olhos brilhando com aprovação. — Mas seria ingênuo de minha parte ignorar o fato. Ser uma Bellucci é tanto uma vantagem quanto um obstáculo no seu caso, você sabe.
— Como assim?
— Por um lado, você tem acesso a círculos que nossas outras consultoras levariam anos para penetrar. — Ela tomou um gole de café. — Por outro, sempre haverá a pergunta: ela conseguiu o cliente por mérito ou por conexões familiares?
Era a primeira vez que alguém colocava tão claramente a dualidade da minha situação. Em outras entrevistas, o nome Bellucci pairava como um elefante invisível na sala – claramente notado, sistematicamente ignorado.
— Entendo a preocupação. — Mantive a voz firme. — Mas meu trabalho sempre falou por si. E quanto às conexões, prefiro vê-las como ferramentas, não como muletas.
Luciana sorriu, claramente satisfeita com a resposta.
— Exatamente o que esperava ouvir. Na Prisma, valorizamos pessoas que reconhecem seus privilégios sem se definirem por eles. — Ela abriu um tablet, deslizando para uma apresentação. — Deixe-me mostrar alguns dos projetos em que você trabalharia conosco...
A apresentação era impressionante – campanhas inovadoras para clientes de setores diversos, desde gastronomia até tecnologia. Pela primeira vez em semanas, senti aquela familiar centelha de entusiasmo profissional. Este era o tipo de trabalho que eu poderia fazer, que eu queria fazer.
— Interessante, não? — perguntou Luciana, notando meu entusiasmo crescente.
— Muito. — Inclinei-me para ver melhor o tablet. — E aquela campanha para o festival gastronômico? A abordagem multissensorial é exatamente o que...
— Zoey? Zoey Agui... quero dizer, Bellucci?
A voz familiar me fez congelar. Lentamente, ergui os olhos para encontrar Eduardo, meu ex-chefe da Vale do Sol, parado ao lado da nossa mesa com uma expressão de surpresa.
— Eduardo. Que... coincidência.
— Claro, claro! — Ele se levantou, ainda sorrindo. — Luciana, está prestes a contratar um tesouro. E Zoey, nossa oferta permanece aberta se algum dia quiser voltar. — Com uma piscadela final, ele se afastou, dirigindo-se ao balcão.
Um silêncio desconfortável caiu sobre nossa mesa.
— Ex-colega? — perguntou Luciana finalmente, sua expressão ilegível.
— Ex-chefe, brevemente. — Mantive a voz casual, embora meu coração batesse acelerado. — Trabalhei lá por poucas semanas antes de me casar.
— Parece que você causou uma impressão duradoura. — Seu tom era neutro, mas algo em seus olhos havia mudado. Uma reserva que não estava lá antes.
— Aparentemente. — Tentei recuperar o ritmo da conversa. — Mas como eu estava dizendo sobre a campanha gastronômica...
A reunião continuou por mais vinte minutos, mas a energia havia mudado. A calorosa receptividade de Luciana deu lugar a uma cortesia profissional mais distante. Quando nos despedimos, suas palavras finais foram educadamente ambíguas:
— Foi um prazer conhecê-la, Zoey. Entraremos em contato caso seu perfil se alinhe com nossas necessidades futuras.
A frase padrão de rejeição educada que eu já havia ouvido tantas vezes.
Enquanto observava Eduardo do outro lado da cafeteria, conversando animadamente ao telefone, não pude evitar a sensação de que aquele "encontro casual" havia sido tudo, menos casual. E, de alguma forma, havia me custado uma oportunidade que parecia realmente promissora.

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Comprei um Gigolô e ele era um Bilionário (Kayla Sango )
Bom dia. Poderiam liberar 10 capítulos diários. É complicado ler assim, tipo conta gotas. Por isso muitos desistem dos livros e partem pra outros. Pensa nisso com carinho autora....
Poxa q triste, ficou chata demais a história, nas partes da Maitê eu nem gasto mais moedas, reviro os olhos sem perceber…. Li os dois primeiros livros duas vezes, mas essa Maitê dá ânsia...
Que descaso! Comprei as moedas está dizendo que o capítulo 508 está disponível, da erro qdo eu tento liberar e ainda computa as moedas....
Maitê foi um erro na vida de Marco...
Não faz sentido o que aconteceu com o Marco! Essa é a história dele, como assim?...
Cansativo demais. Só 2 capítulos por dia. Revoltante. Coloca logo um valor e entrega o livro completo. Só vou ler até minhas moedas acabarem. Qdo terminar não vou mais comprar. Desanimadora essa situação....
Está ficando cansativo demais, só está sendo liberado 1 ou 2 capítulos por dia (hoje só o capítulo 483)...afff... Ninguém merece.......
2 capítulos por dia, as vezes 1, é ridículo!!! Isso é claramente uma forma de arrecadar as moedas!! Quem sabe, calculem um valor para a história, e seus capítulos … cobrem e liberem!!! Quem quer ler vai pagar, essa forma de liberação só desestimula quem está lendo!!! Está pessimo, além , de opiniões pessoais sobre a obra!...
Estou gostando muito das estórias ….a única coisa é que cobra as moedas e não libera o capítulo …. Já perdi umas 30 moedas com essa situação !...
Que história mais vida louca... AMEI!!!...