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Comprei um Gigolô e ele era um Bilionário (Kayla Sango ) romance Capítulo 524

~ BIANCA ~

Tudo estava escuro. Quente. Confortável.

Então, lentamente, a escuridão começou a se dissipar nas bordas, como tinta se dissolvendo na água. Abri um olho — apenas um, testando se o mundo ainda existia do outro lado das minhas pálpebras. A luz era suave, amarelada, nada agressiva. Encorajada, abri o outro olho.

O teto branco girava levemente, ou talvez fosse eu que estava girando. Não tinha certeza. Pisquei algumas vezes, tentando forçar o mundo a ficar parado, a fazer sentido.

Foi então que percebi: eu estava se movendo. Não, não exatamente. Estava sendo carregada.

Braços me seguravam — um sob meus joelhos, outro apoiando minhas costas. Braços fortes. Muito fortes. Inconscientemente, meus olhos deslizaram para baixo, para aqueles antebraços expostos onde as mangas de uma camisa de flanela haviam sido enroladas até os cotovelos. A pele era levemente bronzeada, com aquele tom dourado que vem de horas ao sol, não de máquinas de bronzeamento artificial. Pelos escuros e finos cobriam a superfície, e eu podia ver as veias se destacando sutilmente sob a pele, evidência de força real, de trabalho físico.

Minhas mãos, que aparentemente haviam estado em volta do pescoço dele — quando isso tinha acontecido? — deslizaram levemente para baixo, como se tivessem vontade própria. Meus dedos roçaram aqueles braços e sentiram o músculo firme, definido, real sob a pele quente.

Um suspiro escapou dos meus lábios antes que eu pudesse controlá-lo. Mordi o lábio inferior, sentindo uma onda de calor subir pelo meu rosto que não tinha nada a ver com febre.

Finalmente, reuni coragem suficiente para levantar o olhar. Meus olhos subiram pelo peito largo coberto pela flanela xadrez, pela linha forte da mandíbula com uma barba por fazer de dois ou três dias, e finalmente encontraram os olhos dele.

Verdes. Eram verdes como as colinas da Toscana na primavera. E estavam me observando com um sorrisinho irônico curvando o canto daquela boca ridiculamente bem desenhada.

Ele sabia. Sabia que eu estava avaliando seus braços como se estivesse escolhendo melão no mercado.

Rapidamente, fechei os olhos novamente, como uma criança que acredita que se não pode ver, não pode ser vista.

O som de uma risada grave e suave reverberou através do peito dele, e eu podia sentir a vibração onde meu corpo tocava o dele. Era um som agradável, caloroso, meio rouco.

— Você pode abrir os olhos, senhorita — disse ele em italiano, as palavras fluindo como mel. — Eu sei que você está acordada.

Senti meu corpo ser baixado com cuidado, sendo depositado sobre algo firme mas acolchoado. Quando finalmente me atrevi a abrir os olhos novamente, vi que ele me havia colocado sobre uma maca médica — aquelas com papel branco cobrindo o estofado verde.

Ele se afastou um passo, e eu pude finalmente vê-lo por completo. Alto, mais de um metro e oitenta fácil. Ombros largos que preenchiam bem a camisa de flanela vermelha e preta. Jeans desbotados que pareciam ter visto dias melhores, mas que caíam perfeitamente sobre pernas longas. Botas de trabalho. Cabelo escuro levemente bagunçado, como se ele tivesse passado as mãos ali várias vezes. E aqueles olhos verdes ainda brilhando com diversão.

— A senhorita está bem? — perguntou ele, inclinando a cabeça levemente para o lado.

Abri a boca para responder, mas as palavras demoraram a vir.

— Estou... estou... — levei a mão instintivamente à nuca e fiz uma careta quando meus dedos encontraram um inchaço sensível. Uma dor latejante pulsava ali, como um segundo coração batendo na base do meu crânio. — Acho... acho que sim. O que aconteceu?

A porta do que aparentemente era um pequeno consultório médico se abriu com um rangido, e um homem de meia-idade entrou. Ele usava jaleco branco sobre uma camisa azul clara e carregava uma prancheta. Seu cabelo grisalho estava penteado para trás, e óculos pendiam de uma corrente em volta do pescoço.

— Nicolò — disse ele, olhando para o homem de flanela. — Essa é a moça de quem você falou? A que caiu da escada?

— Caí? — repeti, confusa. Tentei acessar a memória, procurar o momento, mas havia apenas... névoa. Como tentar enxergar através de uma janela embaçada.

O médico se aproximou, acendendo uma pequena lanterna.

— Olhe para cima, por favor — instruiu, e obedeci. A luz atravessou meus olhos e fui forçada a piscar. — Bom, as pupilas estão reagindo normalmente. Isso é um bom sinal. — Ele guardou a lanterna no bolso e pegou a prancheta. — Qual é o seu nome, senhorita?

Encarei-o por um longo momento. A pergunta era simples. Óbvia. Todo mundo sabe seu próprio nome, certo?

Então por que minha mente estava em branco?

Concentrei-me, procurando, cavando através da névoa mental. E então, como se alguém tivesse acendido uma luz fraca em um quarto escuro, surgiu:

— Bi... Bianca? — hesitei, como se estivesse testando a palavra na boca. Mas sim, aquilo estava certo. Aquilo era eu. — Bianca... Ricci.

O médico franziu a testa levemente, fazendo anotações na prancheta.

— Ela parece meio confusa... — Nicolò murmurou, mais para si mesmo. — Pode ter sofrido algum trauma leve, ou...

— Não estou confusa — interrompi, e minha voz saiu mais firme do que eu esperava.

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