~ NICOLÒ ~
Coloquei a mão na base da cintura da senhorita Ricci, sentindo o tecido macio do casaco sob meus dedos. O toque era mais íntimo do que eu normalmente ousaria com uma estranha, mas precisávamos vender a farsa que acabáramos de criar.
Bianca se enrijeceu levemente sob meu toque — apenas por uma fração de segundo — antes de relaxar e se deixar guiar em direção à saída do consultório.
— Vou cuidar dela, doutor Marchesi — disse, mantendo minha voz firme enquanto assinava os papéis de liberação que ele me estendia. — E vou seguir todas as orientações. Qualquer sintoma preocupante, trago ela de volta imediatamente.
— Ótimo, Nico — o médico me entregou uma folha impressa com instruções pós-traumatismo craniano e uma receita. — Mantenha ela em observação pelas próximas vinte e quatro horas. Nada de esforço físico intenso, evite telas por períodos prolongados, e se ela vomitar, ficar com visão embaçada ou muito sonolenta, me ligue imediatamente.
Assenti, dobrando os papéis e guardando no bolso traseiro da calça. Minha mão ainda estava na cintura de Bianca, e eu podia sentir o calor do corpo dela através das camadas de roupa. Algo sobre aquilo parecia... errado. Não moralmente errado, mas inadequado. Como usar as roupas de outra pessoa.
Caminhamos pelo corredor estreito da pequena clínica — se é que podia chamar aquilo de clínica. Era mais um consultório particular que o doutor Marchesi mantinha para atender os moradores de Montepulciano e das propriedades rurais ao redor. Montepulciano era pequena demais para um hospital de verdade; casos sérios eram encaminhados para Siena.
O ar frio da tarde nos atingiu assim que saímos. Bianca estremeceu ao meu lado e puxou o casaco mais apertado em torno do corpo. Guiei-a até minha caminhonete — uma Fiat Ducato branca já bem vivida, com amassados que contavam histórias de anos transportando caixas de vinho, equipamentos e ocasionalmente alguma cabra teimosa que escapava do pasto vizinho.
Abri a porta do passageiro para ela, e Bianca olhou para o interior do veículo com uma expressão que não consegui decifrar. Hesitação? Desaprovação? Confusão?
Ela subiu com cuidado, segurando na alça acima da porta para se impulsionar. Fechei a porta suavemente e dei a volta, sentindo a neve comprimir sob minhas botas.
Quando entrei do lado do motorista, o espaço pareceu encolher. O interior da caminhonete não era grande, e Bianca tinha uma presença que preenchia o ambiente. Talvez fosse a forma como ela se sentava, com a postura ereta demais para alguém que acabara de bater a cabeça. Ou talvez fosse o perfume sutil que emanava dela, algo caro e sofisticado que definitivamente não combinava com quem ela dizia ser.
Liguei o motor e ajustei o aquecedor no máximo.
— A senhorita está mesmo bem? — perguntei, virando-me para olhá-la.
Bianca me encarou por um longo momento, aqueles olhos azuis estudando meu rosto com uma intensidade desconcertante. Então ela franziu a testa.
— Por que você continua me chamando de senhorita?
Pisquei, sem saber como responder.
— Nós devemos ter apelidos mais carinhosos — continuou ela, como se estivesse resolvendo um quebra-cabeça. — Tipo... amor. Ou vida. — Ela inclinou a cabeça. — Como eu te chamo?
Segurei o volante com mais força do que o necessário.
— Nico está bom, senhorita.
Ela revirou os olhos — um gesto tão natural e expressivo que por um momento pareceu completamente sã. Então se virou para o painel e começou a mexer no rádio, procurando estações com a determinação de alguém em uma missão.
Coloquei a caminhonete em movimento, dirigindo pela estrada estreita que levava de volta à Tenuta Montesi. A neve continuava caindo preguiçosamente, os flocos dançando na luz fraca da tarde que começava a escurecer.
Enquanto dirigia, minha mente não conseguia parar de trabalhar.
O que diabos eu acabei de fazer?
Havia dito ao doutor Marchesi que aquela mulher era minha noiva. Minha noiva. As palavras soaram estranhas até mesmo na minha própria cabeça. Eu não tinha noiva. Não tinha namorada. Mal tinha tempo para conversas decentes com adultos que não fossem sobre pedidos de vinho ou reservas de quartos.
Mas ela havia caído nas escadarias da minha pousada. Era uma cliente — ou pelo menos estava prestes a ser uma. E quando vi ela escorregar, quando ouvi o som horrível da cabeça dela batendo, algo dentro de mim se retorceu de culpa.
Aquelas escadarias eram minha responsabilidade. Eu deveria ter jogado mais sal, colocado tapetes antiderrapantes, alguma coisa.
Então quando ela disse que eu era o noivo dela, entendi o que ela estava fazendo. Era esperta. Sabia que o médico só a liberaria com um acompanhante responsável, então inventou um noivo na hora. Eu poderia ter desmentido, mas depois do acidente nas minhas escadas, pareceu o mínimo que eu poderia fazer.
Mas olhando para ela agora, ouvindo-a murmurar para si mesma enquanto passava de estação em estação...
— Que tipo de música eu gosto mesmo? — ouvi ela sussurrar, a voz carregada de confusão genuína.
Meu estômago afundou.

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Comprei um Gigolô e ele era um Bilionário (Kayla Sango )
Bom dia. Poderiam liberar 10 capítulos diários. É complicado ler assim, tipo conta gotas. Por isso muitos desistem dos livros e partem pra outros. Pensa nisso com carinho autora....
Poxa q triste, ficou chata demais a história, nas partes da Maitê eu nem gasto mais moedas, reviro os olhos sem perceber…. Li os dois primeiros livros duas vezes, mas essa Maitê dá ânsia...
Que descaso! Comprei as moedas está dizendo que o capítulo 508 está disponível, da erro qdo eu tento liberar e ainda computa as moedas....
Maitê foi um erro na vida de Marco...
Não faz sentido o que aconteceu com o Marco! Essa é a história dele, como assim?...
Cansativo demais. Só 2 capítulos por dia. Revoltante. Coloca logo um valor e entrega o livro completo. Só vou ler até minhas moedas acabarem. Qdo terminar não vou mais comprar. Desanimadora essa situação....
Está ficando cansativo demais, só está sendo liberado 1 ou 2 capítulos por dia (hoje só o capítulo 483)...afff... Ninguém merece.......
2 capítulos por dia, as vezes 1, é ridículo!!! Isso é claramente uma forma de arrecadar as moedas!! Quem sabe, calculem um valor para a história, e seus capítulos … cobrem e liberem!!! Quem quer ler vai pagar, essa forma de liberação só desestimula quem está lendo!!! Está pessimo, além , de opiniões pessoais sobre a obra!...
Estou gostando muito das estórias ….a única coisa é que cobra as moedas e não libera o capítulo …. Já perdi umas 30 moedas com essa situação !...
Que história mais vida louca... AMEI!!!...