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Comprei um Gigolô e ele era um Bilionário (Kayla Sango ) romance Capítulo 528

~ BIANCA ~

Joguei o celular contra a parede oposta com toda a força que consegui reunir. Ele bateu com um som satisfatório de crack e caiu no chão, a tela provavelmente despedaçada.

Ótimo. Mais uma coisa quebrada.

Assim como minha memória. Minha sanidade. Minha vida inteira, aparentemente.

Sentei na beirada da cama, respirando pesadamente, sentindo as lágrimas de frustração queimarem atrás dos meus olhos. Não ia chorar. Não ia.

Mas caramba, era tão frustrante lutar contra a própria memória para descobrir coisas básicas sobre mim mesma. Coisas que qualquer pessoa deveria saber. Coisas simples.

Quem sou eu?

A pergunta ecoava na minha cabeça sem resposta.

Levantei-me e fui até a mala. Abri-a com força e comecei a vasculhar o conteúdo, jogando roupas para os lados sem cerimônia.

Precisava de algo. Qualquer coisa que me desse uma pista sobre quem eu realmente era.

Roupas. Muitas roupas. Todas caras demais. Cashmere, seda, linho italiano. Sapatos que custavam mais do que a maioria das pessoas ganhava em um mês. Uma bolsinha de maquiagem repleta de produtos importados.

Nada disso me ajudava.

Então meus dedos tocaram algo sólido no fundo da mala, escondido sob uma camada de lingerie que definitivamente não era de alguém sem dinheiro.

Documentos.

Puxei a pasta de couro e a abri com mãos trêmulas.

E lá estava: meu passaporte.

Bianca Ricci Bellucci.

Bellucci.

Um frio percorreu minha espinha, começando na nuca e descendo pelas costas como dedos gelados. Meu coração disparou sem motivo aparente, bombeando adrenalina pura através das minhas veias.

Bellucci.

Por que aquele nome me deixava tão... assustada? Por que havia uma voz gritando dentro da minha cabeça “ninguém pode saber desse nome”?

Não fazia sentido. Nada fazia sentido.

Mas o instinto era forte demais para ignorar. Sem pensar muito, enfiei os documentos de volta no fundo da mala, escondendo-os sob camadas e mais camadas de roupa. Ninguém podia ver aquilo. Ninguém podia saber.

Mas por quê?

A pergunta permaneceu sem resposta.

Respirei fundo, tentando acalmar meu coração acelerado. Precisava de algo para organizar meus pensamentos. Algo tangível.

Procurei na bolsa e encontrei um pequeno bloco de anotações e uma caneta.

Sentei-me na escrivaninha perto da janela e comecei a escrever, como se colocar as informações no papel pudesse de alguma forma fazer tudo fazer sentido:

Nome: Bianca Ricci

Pausei. Deveria escrever Bellucci também? Não. Algo me dizia para não fazer isso

Idade: 29 anos (descobri nos documentos)

Profissão: Consultora de marketing digital especializada em turismo rural

Estado civil: solteira (mas noiva)

Nacionalidade: Italiana

Parei novamente. Meus dedos pairaram sobre o papel. Algo estava faltando. Algo importante.

E brasileira?

Escrevi as palavras, mas elas pareciam erradas. Ou certas demais. Não sabia qual.

Frustrada, risquei com força, a caneta rasgando levemente o papel.

Continuei a lista, mas cada nova linha só gerava mais perguntas do que respostas:

Cor preferida: não sei

Comida preferida: não sei

Onde moro: não sei

Nome da filha: não sei

Idade da filha: 6 anos (mesma da Bella)

Olhei para o que havia escrito e senti vontade de rasgar tudo. Aquilo era patético. Eu não sabia nada sobre mim mesma. Absolutamente nada além de fatos secos e impessoais.

Joguei a caneta sobre a mesa e voltei para a mala. Tinha uma filha. Então devia ter fotos, certo? Todo mundo tem fotos dos filhos.

Vasculhei cada bolso, cada compartimento.

Nada.

Nem uma maldita foto.

Que tipo de mãe não carrega fotos da filha?

A culpa me atingiu como um soco no estômago. Eu tinha uma filha e não conseguia nem lembrar o rosto dela. O nome dela. Nada.

O celular.

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