~ NICOLÒ ~
A varanda dos fundos da villa era meu refúgio. O lugar onde eu vinha quando precisava pensar, quando o peso do dia ficava pesado demais nos ombros, quando precisava de alguns minutos de silêncio antes de voltar para o caos controlado que era administrar uma pousada, uma vinícola e criar uma filha de seis anos.
Encostei-me no corrimão de madeira, sentindo o frio da tarde penetrar através da flanela. Peguei o celular no bolso e procurei pelo número do Doutor Marchesi. Tinha prometido ligar se houvesse qualquer problema, e bem... não era exatamente um problema, mas definitivamente era algo que eu precisava discutir com alguém que entendesse do assunto.
Ele atendeu no terceiro toque.
— Nico? Tudo bem com a senhorita Ricci?
— Fisicamente sim — respondi, passando a mão livre pelo cabelo. — Ela não tem tonturas, não vomitou, consegue andar e falar normalmente. Mas... tem algo estranho acontecendo.
— Estranho como?
Respirei fundo, organizando meus pensamentos.
— Ela tem flashes de memória. Coisas que ela sabe mas não consegue explicar de onde vem ou como sabe. E então tenta completar as lacunas com... senso comum, eu acho? — Fiz uma pausa. — Por exemplo, hoje fizemos o tour pela vinícola com os hóspedes. Na degustação, ela avaliou o vinho como uma verdadeira especialista. Falou sobre notas, envelhecimento em barril, variedades de uva, tudo com um conhecimento profundo.
— E como ela explicou esse conhecimento?
— Disse que já teve clientes nessa área. Vinícolas, propriedades rurais. Que precisava entender o produto para vender bem.
Ouvi o Doutor Marchesi fazer um som pensativo do outro lado da linha.
— E isso não lhe parece plausível?
— Não — admiti. — Não da forma como ela falou. Não era conhecimento superficial de alguém que fez algumas pesquisas para um cliente. Era expertise de verdade. Como se ela tivesse estudado enologia formalmente ou trabalhado anos na área.
— Entendo. — Houve uma pausa. — Nico, como noivo dela, você provavelmente a conhece bem o suficiente para entender de onde vem essas informações. Pode ajudar a memória dela a voltar preenchendo as lacunas, ajudando a resgatar essas memórias perdidas. Conte histórias que vocês viveram juntos, mostre fotos, mencione pessoas e lugares familiares. Isso geralmente acelera o processo de recuperação.
Fechei os olhos, sentindo o peso da culpa apertar meu peito como um torno.
— Doutor... — comecei, e minha voz saiu mais baixa do que pretendia. — Eu não sou noivo dela.
Silêncio do outro lado. Um silêncio longo e pesado.
— Como assim?
— Eu nem a conhecia antes de hoje — confessei, as palavras saindo em uma torrente agora que tinha começado. — Na hora, quando ela disse aquilo sobre sermos noivos, achei que ela tinha inventado uma desculpa para sair logo do hospital. Para ter um acompanhante responsável, sabe? E eu... me senti culpado. Ela caiu nas escadas da minha propriedade. Eu estava lá, vi acontecer, e não consegui impedir. Então quando o senhor disse que só a liberaria com um responsável, eu simplesmente... concordei. Aceitei ajudar porque sentia que devia isso a ela. E também porque... — engoli em seco — não queria ser processado.
— Nico...
— Mas ela não inventou — continuei rapidamente. — Ela realmente acha que somos noivos. Por algum motivo que eu não entendo, ela está genuinamente convencida de que estamos em um relacionamento, que vamos nos casar. E eu não sei o que fazer.
Outro silêncio. Mais longo desta vez. Quando o Doutor Marchesi finalmente falou, sua voz tinha um tom que eu não conseguia identificar completamente. Preocupação? Reprovação? Ambos?
— Isso é mais sério do que parece, Nico.
— Eu sei...
— Não, você não entende — ele me interrompeu gentilmente. — O que a senhorita Ricci está experimentando vai além de uma simples confusão temporal ou lacunas de memória. Quando o cérebro sofre um trauma, mesmo que seja relativamente leve, ele tenta preencher os espaços vazios com informações que façam sentido dentro do contexto em que a pessoa se encontra. É um mecanismo de defesa, uma forma de criar coerência narrativa quando as memórias reais estão temporariamente inacessíveis.

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Comprei um Gigolô e ele era um Bilionário (Kayla Sango )
Bom dia. Poderiam liberar 10 capítulos diários. É complicado ler assim, tipo conta gotas. Por isso muitos desistem dos livros e partem pra outros. Pensa nisso com carinho autora....
Poxa q triste, ficou chata demais a história, nas partes da Maitê eu nem gasto mais moedas, reviro os olhos sem perceber…. Li os dois primeiros livros duas vezes, mas essa Maitê dá ânsia...
Que descaso! Comprei as moedas está dizendo que o capítulo 508 está disponível, da erro qdo eu tento liberar e ainda computa as moedas....
Maitê foi um erro na vida de Marco...
Não faz sentido o que aconteceu com o Marco! Essa é a história dele, como assim?...
Cansativo demais. Só 2 capítulos por dia. Revoltante. Coloca logo um valor e entrega o livro completo. Só vou ler até minhas moedas acabarem. Qdo terminar não vou mais comprar. Desanimadora essa situação....
Está ficando cansativo demais, só está sendo liberado 1 ou 2 capítulos por dia (hoje só o capítulo 483)...afff... Ninguém merece.......
2 capítulos por dia, as vezes 1, é ridículo!!! Isso é claramente uma forma de arrecadar as moedas!! Quem sabe, calculem um valor para a história, e seus capítulos … cobrem e liberem!!! Quem quer ler vai pagar, essa forma de liberação só desestimula quem está lendo!!! Está pessimo, além , de opiniões pessoais sobre a obra!...
Estou gostando muito das estórias ….a única coisa é que cobra as moedas e não libera o capítulo …. Já perdi umas 30 moedas com essa situação !...
Que história mais vida louca... AMEI!!!...