Entrar Via

Aliança Provisória - Casei com um Homem apaixonado por Outra romance Capítulo 142

Chegamos à arena com as luzes explodindo por todos os lados. O som das conversas, risadas e gritos já me deixou com aquela adrenalina boa no corpo. Era gente por todo canto, o clima vibrante, leve… e eu ali, me permitindo estar fora da bolha por uma noite.

Cathe puxou meu braço.

— Vamos pegar uma bebida, né? Quero você solta hoje!

Rimos e caminhamos até um dos balcões. Pegamos dois copos de gin tônica e seguimos procurando por um lugar. Encontramos um ponto ótimo, meio lateral, mas com uma vista privilegiada do palco.

— Tá perfeita aqui! — ela disse empolgada. — Olha isso, Larissa… que vibe!

Assenti com a cabeça. Ela tava certa. Eu não fazia isso há… nossa, nem sabia dizer quanto tempo. A última vez que saí assim, só por mim, sem pensar em Gabriel, trabalho ou passado, talvez tenha sido… nunca? Não do jeito que eu estava me sentindo agora. Solta e viva.

As luzes começaram a piscar mais forte e os gritos aumentaram. O locutor anunciou:

— Com vocês… Breno & Maurício!

A galera explodiu. Cathe me puxou pelos ombros, gritando junto, toda emocionada.

Os dois entraram no palco com aquele jeitão carismático. Breno, o mais sério e sensual; Maurício, sempre sorridente e cheio de energia. A batida começou, eles mandando aqueles sucessos românticos que a gente canta com vontade de chorar e rir ao mesmo tempo.

Eu estava me sentindo bem. E então, como acontece em todos os shows…

— Agora, nós queremos duas corajosas aqui com a gente! — disse Maurício, animado, olhando pra plateia.

Pensei que ele ia escolher qualquer uma no meio daquela multidão, mas aí o bendito apontou… pra mim.

— Você, de vestido vinho aí! Vem cá!

Eu abri os olhos como se ele tivesse falado que eu ia pra lua.

— Eu?! Tá louco! — falei, recuando, mas Cathe já tava me empurrando pelas costas.

— Vai, Larissa! Vai, vai, vai! Aproveita isso, mulher!

Antes que eu percebesse, um segurança apareceu ao meu lado e estendeu a mão, sorrindo.

— Vem comigo, moça.

— Meu Deus… — sussurrei, mas fui.

Subi no palco com o coração disparado. Do outro lado, uma menina loira, nervosíssima, subia também.

A banda começou a tocar uma música lenta, apaixonada, chamada “Te Esperei em Silêncio” — uma das mais bonitas deles. O público cantava junto, celular em punho, e eu me senti… surreal. Parecia uma cena de filme.

Breno se aproximou de mim com um buquê de flores e um sorriso que dava calor.

— Isso aqui é pra você, gata. Agora me dá a honra de uma dança?

Sorri, tímida, e assenti. Ele me puxou devagar, com a mão na minha cintura enquanto a música tocava, e a gente dançava ali, cercados de gritos, luzes e aplausos.

— Você é linda — ele disse, olhando nos meus olhos. — Vai ficar aqui depois pra tirar uma foto comigo no camarim?

Eu engasguei na resposta. Olhei pra Cathe lá embaixo e ela fazia um sinal de “vai logo” e ria como uma doida.

— Posso levar minha amiga? — perguntei, meio nervosa.

— Claro. Eu quero fotos com as duas.

Assenti, ainda sorrindo. O coração batia diferente… de um jeito bom.

A música terminou e Breno segurou minha mão, levando aos lábios e a beijou, todo galante.

— Obrigado por essa dança.

Desci do palco meio flutuando. Quando pisei no chão, Cathe já me agarrou pelos ombros.

— CARALHOOO! Isso foi um CLIMA, Larissa! Você viu? Você VIU?!

Eu ri, meio sem saber como reagir.

— Ele me chamou pro camarim depois…

— AAAAH! — ela gritou. — A gente VAI. Tô falando sério. A gente vai tirar essas fotos, gravar tudo e você vai viver esse momento como se não tivesse amanhã!

— Ai, Cathe… tá bom, tá bom… a gente vai.

Pela primeira vez em muito tempo, eu só queria aproveitar. Sem pensar demais.

A gente mal tinha saído do meio da multidão e já fomos direto pra fila do camarim. Ainda estava com os olhos brilhando da dança no palco, e Cathe parecia uma criança no parque.

— Amiga, você tem noção do que tá acontecendo?! — ela falava enquanto segurava no meu braço, quase me balançando. — Você DANÇOU com o Breno, mulher! Ele te deu flores! Ele te chamou pro camarim!

— Tá, calma… respira. Foi só uma dança, Cathe.

— Só uma dança? Ele praticamente te pediu em casamento com os olhos! — ela respondeu rindo alto.

Antes que eu pudesse retrucar, os dois, Breno e Maurício, passaram pela gente, cercados de seguranças. Breno me olhou de novo, com aquele sorrisinho sacana, e piscou.

Cathe me cutucou com o cotovelo.

— Aii, olha isso! Ele piscou! Eu tô falando! Rolou alguma coisa aí!

Revirei os olhos, tentando não rir.

Não demorou muito, um rapaz com crachá da equipe apareceu.

— Vocês duas podem me acompanhar, por favor.

Na hora, o friozinho na barriga veio com tudo. Olhei pra Cathe e a gente se entreolhou como duas adolescentes indo encontrar a banda do coração.

Entramos no camarim e ali estava ele. Breno, já trocado de roupa com uma calça jeans escura e camiseta preta justa. O cabelo bagunçado no ponto certo e o sorriso... aquele sorriso.

— Oi, meninas — ele disse se aproximando.

Cumprimentou Cathe com um beijo na bochecha e depois veio até mim. O beijo foi o mesmo, mas o olhar… bem mais demorado.

Cathe, surtada como sempre, foi direto até Maurício e o abraçou como se fossem amigos de infância.

— Você não tá entendendo, eu sou fã de vocês desde a primeira música! — ela disse toda animada. — A Larissa é mais contida, mas ela AMA também, tá? — apontou pra mim e eu balancei a cabeça rindo, sem graça.

Breno então se virou pra mim.

— Posso te pedir uma coisa? — ele disse, em tom leve, como se já soubesse que eu ia negar.

— Depende do que é.

— Seu número — ele falou com um sorriso torto.

Abri a boca pra dizer que não, mas Cathe já cortou na frente.

(Alessandro)

Passava das duas da manhã e eu ainda estava ali, no maldito escritório de casa. A luz do monitor queimando meus olhos, a cabeça latejando, o café gelado ao lado e uma pilha de documentos que parecia crescer toda vez que eu respirava.

Eu não conseguia dormir, nem tentar.

A empresa… Merda, a empresa estava por um fio.

Investidores recuando, dois contratos grandes que caíram de última hora, e agora aquele processo maldito envolvendo o novo projeto do setor imobiliário. A instabilidade política não ajudava, e minha equipe estava começando a surtar.

Eu bati com força as costas na cadeira e olhei pro teto. Eu já tinha tentado de tudo, mas não dava pra brigar contra o tempo, e o tempo estava me engolindo. Precisava resolver isso, mas as peças não encaixavam e isso estava me matando.

Meu celular vibrou na mesa e peguei quase no automático, esperando mais uma notificação de e-mail ou algo da equipe jurídica, mas o nome na tela me fez franzir o cenho.

Otávio.

Atendi, encostando o celular no ouvido.

— Fala, cara. Tá vivo? — ele soltou, com aquela voz animada que ele sempre fazia questão de ter.

— Mal. Tô atolado de coisa, Otávio. — Falei passando a mão no rosto. — Não é hora.

— Eu sei, porra. Fiquei sabendo que sua empresa tá com problema até pelo meu barbeiro. Mas olha… por isso mesmo eu tô te ligando.

Revirei os olhos, mesmo que ele não pudesse ver.

— Se for pra me lembrar que eu tô ferrado, obrigado. Já tô bem ciente.

— Não, idiota. Tô te chamando pra vir numa festa aqui. Coisa leve, particular. Tô recebendo uma dupla de cantores que tá estourando agora, os caras são bons. Trouxe eles pra um after aqui em casa, só gente de boa. Vem, você precisa sair dessa caverna.

— Otávio… sério, não é o momento. Eu tô cheio de problema.

— Justamente por isso. Você tá um zumbi, cara. Você vai surtar se não respirar um pouco. Vem só um pouco, toma uma, dá umas risadas, depois volta e se afoga nesses papéis de novo. Mas vem um pouco. Confia.

Eu fiquei em silêncio. Olhei pro computador, os gráficos piscando, a planilha que não fechava, o relatório de perdas do trimestre.

Respirei fundo.

Talvez ele estivesse certo.

Se eu ficasse ali mais meia hora, ia acabar quebrando alguma coisa.

— Me manda a localização. — murmurei.

— Aêêê! Sabia que não era tão cabeça-dura assim! Vou te mandar agora. Traz essa tua cara carrancuda e me encontra aqui.

— Tá. Não tô prometendo ficar muito.

— Só aparece, Alessandro. Já é um progresso.

Desliguei e joguei o celular na mesa. Passei a mão pelos cabelos, tentando desatar os nós da tensão no meu pescoço.

Olhei em volta vendo o escritório um caos, pilha de papéis, contrato pendente, contas, relatórios. Minha vida toda ali, desabando aos poucos.

Mas agora, por algumas horas... eu precisava sair. Ou ia surtar de vez.

Peguei as chaves, a jaqueta, carteira e fechei a porta do escritório atrás de mim.

Histórico de leitura

No history.

Comentários

Os comentários dos leitores sobre o romance: Aliança Provisória - Casei com um Homem apaixonado por Outra