Alessandro
Cheguei na festa já arrependido de ter saído de casa.
Era um mar de gente, luzes piscando, música alta. Do lado de fora, um bando de paparazzi, e só de ver as câmeras apontando na minha direção, já deu vontade de dar meia-volta. Suspirei, ajeitei o colarinho da jaqueta e entrei.
O lugar estava cheio.
Pessoas se espremiam pelo som, copos nas mãos, risadas altas e aquele cheiro de bebida misturado com perfume barato e caro.
Não demorou muito pra eu ver Otávio, encostado no bar com um copo de uísque e um sorriso de quem já estava no quarto ou quinto drinque.
— Aí sim! — ele abriu os braços. — Achei que tinha desistido, Moratti.
— Tava quase. — falei, encostando ao lado dele.
— Vamos desestressar. A noite tá só começando e olha ao redor… tá cheio de gatinhas querendo consolo de milionário falido. — ele riu da própria piada.
Revirei os olhos.
— Não tô afim de mulher, Otávio. Vim só pra distrair, sério.
Ele me olhou como se eu tivesse dito que virei padre.
— Porra… tá pior do que imaginei. Nem um flertezinho?
— Não. — respondi seco.
Ia pedir uma bebida quando ele apontou com o queixo pra frente.
— Então olha isso. Aquele ali tirou a sorte grande, hein? Puta merda.
Segui o olhar dele e meu coração parou.
Meus olhos bateram direto nela. O que Larissa estava fazendo aqui?
O tempo congelou.
Era como se todo o barulho sumisse por um segundo. Como se a única coisa que existisse naquele lugar fosse ela. E o braço dele, envolto na cintura dela.
Um arrepio gelado subiu pela minha espinha e o sangue ferveu.
O que aquele desgraçado tava fazendo com a mão na minha mulher?
Como se sentisse meu olhar, ela virou o rosto… e nossos olhos se encontraram. O susto foi nítido no rosto dela e a confusão também.
Ela se afastou um pouco do cara, mas foi ele quem veio até nós.
— Fala, Breno! — Otávio disse animado. — Esse aqui é o cara, Alessandro Moratti. E esse aqui é o nosso anfitrião da noite!
Breno. Claro. O cantor da dupla.
Ele sorriu e estendeu a mão.
— Prazer, cara. Já ouvi falar muito de você.
Meu maxilar travou e respirei fundo. Eu podia arrebentar esse cara ali mesmo, mas me lembrei da promessa que fiz pra ela.
Nada de escândalos e de brigas.
Então apertei a mão dele.
Mais do que devia.
Vi ele estremecer, tentando disfarçar, e puxar de volta.
Ótimo.
A próxima vez que ele pensasse em colocar o braço nela, talvez lembrasse da pressão que senti nos ossos dele.
— E essa aqui é… — ele virou pra ela. — A Larissa.
Larissa sorriu, mas não pra mim. E aquele sorriso… me matou por dentro.
— A gente já se conhece. — ela disse, olhando pra mim por um segundo e depois pra Otávio.
Breno pareceu surpreso, mas ainda assim riu.
— Mundo pequeno, hein?
— Bem pequeno. — murmurei.
— Bom, vou mostrar a casa pra ela. Vem, Larissa?
Ela hesitou e olhou pra mim por um momento.
Só um segundo, mas foi suficiente pra minha mente gritar.
“Não vai. Fica. Por favor.”
Mas ela assentiu, delicadamente.
— Vamos.
E começou a andar com ele.
Dei um passo à frente, minhas mãos fecharam em punhos. Mas então parei.
Droga.
Fiquei parado, observando ela se afastar com outro homem.
Cada centímetro de distância entre eles me dava vontade de gritar.
Eu não ia suportar ver ela se entregando pra outro cara. Mas eu também não podia estragar tudo.
Não podia cometer o erro de novo.
Enquanto eu tentava descobrir… o que caralhos eu faria agora.
Uns minutos se passaram e eu me controlei do jeito que deu. Peguei um copo com algum drinque qualquer e virei metade de uma vez. O gosto era amargo, mas não tanto quanto a sensação de imaginar Larissa com outro homem lá em cima, num quarto, sozinhos.
Otávio falava alguma coisa ao meu lado, rindo com uma garota de vestido colado demais, mas minha cabeça estava em outro lugar. Meus olhos não saíam das escadas.
Onde ela tava? Que porra eles estavam fazendo?
— Relaxa, irmão — Otávio comentou ao notar meu olhar fixo. — A garota é bonita, mas não vale um infarto, não.
Olhei pra ele e nem respondi. Peguei o resto da bebida e virei de uma vez.
Foi quando vi Catherine. Claro. Só podia ser ela a responsável por essa ideia genial de trazer a Larissa pra uma festa assim.
Mas aquilo nem importava agora. Eu não ia ficar ali parado. Que se dane tudo.
Subi as escadas. Na parte de cima o som era mais abafado com menos gente. Corredores mal iluminados, portas entreabertas. Entrei em dois ou três quartos, todos vazios e comecei a voltar quando ouvi um gemido..
Meu coração travou.
Apressei o passo e segui o som até uma espécie de sala de lazer. Tinha mesa de sinuca, fliperama, um bar pequeno no canto e lá, ao fundo…
Eles.
Breno colado nela, os dois se beijando. Meu estômago revirou e a raiva me assumiu completamente.
Mas…
Otávio arregalou os olhos, confuso.
— Como é que é?!
— Sobe lá e vê com os teus próprios olhos. Depois a gente conversa.
Ele subiu sem dizer mais nada. Sabia que eu não falava merda quando estava com aquele olhar.
Catherine se aproximou, com a cara cheia de interrogação.
— Alessandro? Que diabos você tá fazendo aqui? — E então viu Larissa do meu lado. — Larissa? Tá tudo bem?
Larissa respirou fundo, tentando manter a calma.
— Eu tô indo embora, Cathe. Depois te explico melhor. É melhor você ir também, tá?
Cathe franziu a testa, desconfiada, mas assentiu.
— Eu já estava pensando em ir também. Qualquer coisa, me chama, tá?
Larissa assentiu com um “obrigada” baixo e sincero.
Peguei as chaves do bolso e a levei até o carro. Abri a porta pra ela e esperei que entrasse. Depois fui pro volante e o silêncio tomou conta assim que saímos da casa.
O motor do carro era o único som no ar e o barulho abafado da festa ficando pra trás.
Eu olhava pra frente, tenso. Não queria forçar conversa, mas também não conseguia ignorar o que tinha acabado de acontecer.
Foi aí que eu não aguentei e soltei um riso baixo. Quase irônico. Quase… orgulhoso.
Ela me olhou de lado, confusa.
— Que foi?
Sorri de verdade agora, olhando pra frente.
— Gostei de ver você se defendendo.
Ela soltou um risinho fraco, meio cansado, mas ainda assim… real.
— Eu não tinha muita escolha, né? — murmurou. — Ele não parecia ser do tipo que forçaria as coisas assim… mas…
— Muita gente só mostra quem é de verdade quando quer alguma coisa. — completei, olhando rápido pra ela.
Ela assentiu, com um suspiro pesado e ficou alguns segundos quieta, antes de falar de novo.
— Obrigada por ter aparecido… de verdade.
Olhei pra ela, mais sério agora.
— Eu nem queria ter deixado você subir com ele… Mas eu prometi que ia me comportar. Tentei respeitar o que você pediu.
Ela virou o rosto pra mim e, dessa vez, o sorriso dela foi diferente. Mais calmo. Mais… sincero.
Não precisava dizer mais nada naquele momento.
O resto do caminho foi em silêncio… Mas não era mais o tipo de silêncio que machuca.
Era um silêncio confortável. Daqueles que dizem mais do que palavras.
Estacionei em frente ao prédio dela, e por um momento, fiquei ali, com as mãos no volante, sem saber se devia dizer mais alguma coisa. O silêncio estava confortável, mas a vontade de ficar mais um pouco era enorme.
Larissa soltou o cinto e virou pra mim.
— Você não quer subir? — perguntou, como quem falava de algo simples.
Virei o rosto devagar, surpreso. Um calor estranho subiu pelo peito e meu coração deu aquele pulo idiota de esperança que eu tentei esconder.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Aliança Provisória - Casei com um Homem apaixonado por Outra
Quantos capítulos são?...
Não consigo parar de ler é surpreendente, estou virando a noite lendo. É tão gostoso ler durante a madrugada no silêncio enquanto todos dormem. Diego e Alice são perfeitos juntos, assim como Alessandro e Larissa...
Maravilhoso,sem palavras recomendo vale muito apena ler👏🏼👏🏼...
Quem tem a história Completa do Diogo?...
Gostaria de dizer que plágio é crime. Essa história é minha e não está autorizada a ser respostada aqui. Irei entrar com uma ação, tanto para quem está lançando a história como quem está lendo....
Linda história. Adorando ler...
Muito linda a história Estou gostando muito de ler Só estou esperando desbloquear e liberar os outros que estão faltando pra mim terminar de ler...
Muito boa a história, mas tem alguns capítulos que enrolam o desfecho. Ela já tá ficando repetitiva com o motivo da mágoa...
História maravilhosa. Qual o nome da história do Diogo?...
Não consigo parar de ler, cada capítulo uma emoção....