Diogo
Encerramos a reunião exatamente às 11:40. Meu estômago já roncava como se tivesse me lembrando que a última coisa que comi foi aquele café que Linda trouxe mais cedo.
Resolvi sair da empresa e caminhei até um restaurante a poucos metros dali. Era pequeno, meio rústico e não costumava encher muito, e eu adorava isso.
Escolhi uma mesa no canto, como sempre, e logo um garçom jovem veio sorrindo, todo educado.
— Bom dia, senhor. Já sabe o que vai querer?
— Pode ser o prato executivo do dia e uma água com gás.
Ele anotou e se afastou. Senti o celular vibrar no meu bolso e meu coração gelou por um momento. O peguei, sentindo um alívio ao ver que era só um e-mail sobre o contrato de Munique, nada demais. Abri pra ler, mas antes de terminar a primeira linha, uma voz lá fora me chamou a atenção.
Alta, irritada e feroz.
— Me solta agora ou eu juro que vou arrebentar o seu nariz de plástica!
Ergui os olhos, curioso e não deu outra. Era ela.
A mesma garota que Larissa vivia dizendo que eu devia "dar uma chance". Aquela que elogiou Larissa quando nos encontramos aqui. Ela era muito bonita, tinha presença... e agora estava do lado de fora, discutindo com um cara visivelmente alterado.
O idiota segurava o braço dela com força e ela tentava se soltar, bufando de raiva.
Impossível não sorrir com a ameaça dela. Mas meu sorriso sumiu no segundo seguinte, quando percebi que o cara se recusava a soltá-la.
Me levantei e apressei o passo quando o cara puxou o braço pra trás, e antes que qualquer um pudesse reagir, ela meteu um chute bem no meio de suas pernas.
— Ai, caralho! — o homem gritou, se encolhendo igual um origami humano.
Até eu senti a dor.
— Desgraçado! — ela gritou, pronta pra mais um ataque.
Mas ele avançou e eu corri. Fiquei entre os dois no exato momento em que ela gritou de novo.
— EU DISSE PRA VOCÊ SUMIR, SEU...
Senti um jato forte, queimando como o inferno NO MEU ROSTO! Era spray de pimenta!
— Puta merda! — gritei, levando a mão aos olhos. — MAS QUE DROGA!
— Meu Deus, meu Deus, meu Deus! — ela ficou em pânico. — Você entrou na frente! Ai, droga! Desculpa, não era pra você!
— NÃO VAI ADIANTAR PEDIR DESCULPA AGORA! — gemi, tentando enxergar alguma coisa, mas parecia que meus olhos estavam pegando fogo.
— Vem comigo! Rápido, vamos lavar isso!
Ela puxou meu braço e eu fui, mais porque não enxergava nada do que por vontade própria. Senti o vento batendo quando entramos em algum lugar fechado, talvez o banheiro ou o depósito do restaurante.
— Abaixa! — ela pediu. — Isso, agora espera.
Ouvi a torneira abrindo e então, a mão pequena dela jogando água com cuidado no meu rosto.
Ardia pra caralho.
— Desculpa, sério... eu estava no meio de uma situação aqui, e aí você entrou na frente... quem mandou se meter?
— Quem manda jogar spray nos olhos dos outros? — resmunguei, tentando manter a calma.
— Eu tinha tudo sob controle, tá? Ele já estava quase indo pro chão de tanto chorar. — disse, quase convencida disso. — Você que quis bancar o herói.
— O cara ia te bater.
— E eu ia bater primeiro. Só que você estragou o meu movimento. — ela disse, rindo nervosa.
Comecei a lavar os olhos com mais água, repetidas vezes. Aos poucos, a ardência foi diminuindo, e finalmente consegui enxergar alguma coisa.
— Me deixa ver. — ela pediu, ficando na pontinha dos pés.
Ela era baixinha e ficou bem perto, talvez perto demais.
— Tá bem vermelho ainda... mas... nossa, você tem olhos bonitos. — ela disse do nada, e logo depois se afastou como se tivesse se tocado do que falou. — Quer dizer... vermelhos, mas bonitos.
— Obrigado... eu acho. — respondi, rindo baixo.
— Sério, me perdoa. Eu só estava tentando me livrar daquele escroto e nem vi que você estava ali.
— Tá tudo bem, já passou. — falei, ainda piscando devagar.
— Ainda assim... obrigada por me ajudar. Mesmo levando spray de pimenta na cara.
— De nada. E, se te consola, foi o segundo pior encontro que já tive com um spray de pimenta.
Ela riu.
— Eu juro que sou uma pessoa legal, tá? Só... com um leve histórico de violência quando to ameaçada.
— Acho que eu já entendi isso.
Alguém bateu na porta, perguntando se estava tudo bem.
— Tá sim! — ela respondeu alto. — Só um pequeno... incidente.
— Grande incidente. — corrigi.
Ela virou pra mim de novo, com um sorrisinho.
— Te pago um café depois que sua visão voltar cem por cento? Pelo menos pra compensar o ataque?
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Aliança Provisória - Casei com um Homem apaixonado por Outra
Gostaria de dizer que plágio é crime. Essa história é minha e não está autorizada a ser respostada aqui. Irei entrar com uma ação, tanto para quem está lançando a história como quem está lendo....
Linda história. Adorando ler...
Muito linda a história Estou gostando muito de ler Só estou esperando desbloquear e liberar os outros que estão faltando pra mim terminar de ler...
Muito boa a história, mas tem alguns capítulos que enrolam o desfecho. Ela já tá ficando repetitiva com o motivo da mágoa...
História maravilhosa. Qual o nome da história do Diogo?...
Não consigo parar de ler, cada capítulo uma emoção....
Esse tbm. Será que nunca vou ler grátis...