04-09 - Domingo
Era domingo e eu tinha o dia inteiro de folga porque, ironicamente, meu próprio chefe me obrigou com aquela cara de buldogue dele quando disse que eu não iria fazer hora extra hoje, mesmo que ele precisasse me amarrar na cadeira, ou eu iria colapsar e dar mais trabalho a ele .
Talvez ele tivesse razão.
Minha cabeça parecia mais pesada que o mundo. E se eu ficasse em casa sozinha, ia acabar pensando naquele desgraçado do Ícaro, no Frederico ( meu gato que ele levou junto com a minha dignidade) e no dinheiro que eu peguei de empréstimo no banco.
Então, não. Eu não ia ficar em casa.
Joguei o corpo na cama, encarei o teto por um segundo e me levantei determinada.
Abri o guarda-roupa e tirei o vestido que eu tinha comprado num surto de autoestima meses atrás, ainda com a etiqueta porque nunca tinha tido coragem, ou ocasião, para usar.
Vesti o tecido preto justo que grudava no corpo como uma segunda pele. Uma manga só, o outro ombro exposto. E a parte mais ousada: a fenda na perna presa com correntes prateadas que davam um toque quase proibido. Sexy, mas ainda elegante. Do tipo que faria alguém perder o rumo com um único olhar.
Prendi o cabelo em um rabo de cavalo alto, deixando meu pescoço à mostra. Meu cabelo sempre foi longo demais e grosso como uma rebeldia. Era quase uma identidade própria. Passei um iluminador suave, um batom vinho escuro que eu adorava e finalizei com meu perfume preferido, o tipo que deixa rastro.
Quando saí do quarto, Julio estava na cozinha mexendo no celular e ao me ver, ele levantou os olhos e assobiou.
— Meu Deus do céu, Alice! Quem você quer infartar hoje?
Revirei os olhos, mas não segurei o sorriso.
— Sei lá, qualquer um. Só quero esquecer os problemas, o desgraçado do Ícaro, e o Frederico — mesmo com aquele focinho de príncipe — e, de preferência, beijar na boca.
— Essa é minha garota. — Julio largou o celular e se aproximou, me analisando como um stylist experiente. — Vou caçar um boy gato pra você hoje, com a barba bem feita e o olhar de cachorro carente.
— É bom mesmo. Porque se eu terminar essa noite sem um beijo decente, a culpa vai ser toda sua.
Abri a gaveta e peguei meu remédio, tomei com um gole d’água e coloquei outro de emergência na minha bolsinha nude.
Hoje, eu sou minha própria redenção.
O som do Uber buzinando nos tirou do transe. Pegamos as coisas e seguimos porta afora.
A noite era nossa.
E, sinceramente? O mundo que se cuidasse.
Chegamos no melhor clube da cidade como se fôssemos celebridades. Tudo graças ao charme canalha do Julio, claro.
O príncipe perdido, como eu gostava de chamá-lo, era o dono do clube e um iludido que ainda achava que Julio ia largar a vida boêmia pra viver um romance de comercial de margarina com ele. Tadinhos dos homens que se apaixonam pelo meu melhor amigo. Realmente acham que vão domar o furacão.
— E aí? Já vai dar o bote no príncipe perdido hoje? — perguntei, me inclinando no ouvido dele por causa da música que já começava a vibrar nas paredes.
— Óbvio. — Ele respondeu com um sorriso travesso e um rebolado discreto de quem já estava afim da noite. — Ele tá doido por mim desde a terça passada. E eu sou um homem vivo, tenho que aproveitar.
Revirei os olhos e dei um tapa de leve no braço dele.
— Você devia se cuidar, isso sim. Se proteger, seu safado.
— Ah, meu amor, — ele disse se virando pra mim com aquele sorriso de propaganda de pasta de dente. — Eu sei me cuidar direitinho. Agora você... é quem vai ter que se proteger no fim da noite.
— Me proteger de quê, Julio? Dos boys cafajestes ou de mim mesma?
Ele só riu e piscou.
Fomos direto pro bar e pedi uma bebida que não comprometesse minha saúde — Vodka com água com gás, bastante limão e hortelã. Pouco açúcar, bem refrescante e ainda dava pra fingir que era um drink chique.
O barman me entregou o copo gelado e eu tomei o primeiro gole, sentindo a brisa da hortelã subir. Delícia.
Quando a batida de “Sim ou Não” da Anitta com o Maluma” começou a estremecer as paredes, olhei pra Julio com o canto do olho.
— Bora pra pista, viado.
Ele estendeu a mão como se eu fosse uma dama da corte e nós dois fomos.
No centro da pista, deixei a batida me dominar. Já tinha anos de dança nas costas desde balé até jazz, mas o que eu gostava mesmo era de dançar livre, com o corpo e a alma.
Desci devagar, deslizando os quadris e rodeei Julio com um braço, o corpo colando no dele, rebolando com precisão e provocação. Sabia que estava chamando atenção e pouco me importava com isso.
— Ai meu Deus, mulher! — Julio disse entre uma risada e outra, tentando se afastar um pouco. — Não encosta tanto assim em mim, que eu ainda sou um homem.
— Ah, cala a boca. — Respondi colando mais ainda, rebolando como se fosse a última noite da minha vida. — Você é Bi e vai dizer que você não gosta?
— Eu gosto, mas tem gente olhando!
— Ótimo, que aprendam como é que se dança com sangue no corpo.
Ele gargalhou e girou comigo no ritmo da música. A gente ria, dançava, provocava um ao outro como duas almas gêmeas sem complicações. Era só liberdade e nós dois.
— Quer ser essa boca? — perguntei com malícia, minhas mãos apoiadas nos ombros dele.
Ele não respondeu. Em vez disso, puxou minha cintura com força e colou nossos lábios. O beijo foi tudo. Quente, exigente, selvagem e, ao mesmo tempo, delicioso. Senti meu corpo se derreter enquanto o dele se moldava ao meu. Sua mão subindo pelas minhas costas, me colando mais ainda.
Quando me afastei pra buscar fôlego, ele continuou beijando no meu pescoço, me fazendo suspirar de olhos fechados. Minhas mãos procuraram as dele, entrelacei nossos dedos e comecei a puxá-lo.
— Pra onde a gente vai? — ele perguntou, com aquele sorriso de quem já sabia.
— Você veio de carro?
— Vim.
— Então estamos indo pro seu carro, Montenegro. — respondi com um sorriso de canto, já me virando e puxando ele pela mão.
Ele riu e me segurou pela cintura de novo, roubando mais um beijo antes de passarmos pelos seguranças.
As luzes do estacionamento privado mal iluminavam o caminho, e o som abafado da boate parecia vir de outro universo. A brisa da noite bateu na minha pele exposta e arrepiou até a alma e o meu salto fazia barulho contra o piso enquanto eu puxava Diogo pela mão, sentindo o calor dele me acompanhar, firme e silencioso. Como um predador à espreita, mas ali, eu era tão predadora quanto ele.
— Ali. — Ele apontou com o queixo para um carro escuro, luxuoso e óbvio. Ele destravou as portas com um clique e abriu uma delas, mas antes que eu entrasse, me puxou de volta, fazendo meu corpo colar no dele com força. Minhas costas tocaram a lataria gelada, fazendo um arrepio gostoso subir pela minha espinha.
— Você sabe o que tá fazendo? — ele murmurou com os olhos cravados nos meus, e os lábios a milímetros dos meus.
— Sei e quero fazer. — respondi, firme, sentindo a pulsação nas têmporas, o sangue quente nas veias e o corpo implorando por mais.
Eu o beijei primeiro. Rápido, voraz, com fome. O gosto dele invadiu minha boca como um vício novo, perigoso e Diogo me empurrou suavemente para dentro do carro, eu fui sem protestar. Me acomodei no banco de trás e ele entrou em seguida, fechando a porta com um estalo seco que pareceu selar um pacto silencioso entre nós.
— Você é uma maldição vestida de tentação, sabia? — ele sussurrou, me encarando como se tentasse entender que tipo de caos estava prestes a provocar.
— E você, um pecado que eu faço questão de cometer. — provoquei, puxando-o pela gola da camisa.
Me sentei sobre ele, uma perna de cada lado, o vestido subindo sem cerimônia, revelando ainda mais minhas coxas e as correntes brilhantes presas nelas. As mãos dele vieram parar na minha cintura, descendo firmes e famintas. O calor da palma dele era quase um incêndio contra minha pele.
Nossos lábios se colaram de novo, mais agressivos dessa vez. Minhas mãos foram direto para os botões de sua camisa, desfazendo um por um com pressa, enquanto as dele deslizavam pelas minhas costas e desciam pelas curvas do meu quadril.
Ele puxou a alça do vestido, beijando meu ombro com um toque quente e molhado. Eu me inclinei, gemendo baixinho no ouvido dele.
— Essa noite é só isso, tá? Tesão, nada mais. — avisei ofegante, minhas unhas arranhando de leve o peito dele.
— É tudo o que eu quero. — ele respondeu, mordendo meu lábio inferior.

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Aliança Provisória - Casei com um Homem apaixonado por Outra
Tá cada dia pior, os capítulos estão faltando e alguns estão se repetindo....
Gente que absurdo, faltando vários capítulos agora é 319.ainda querem que a gente pague por isso?...
Cadê o capítulo 309?...
Alguém sabe do cap 207?...
Capítulo 293 e de mais tá bloqueado parcialmente sendo que já está entre os gratuitos...
Capítulo 293 tá bloqueado sendo que já está entre os gratuitos...
Quantos capítulos são?...
Não consigo parar de ler é surpreendente, estou virando a noite lendo. É tão gostoso ler durante a madrugada no silêncio enquanto todos dormem. Diego e Alice são perfeitos juntos, assim como Alessandro e Larissa...
Maravilhoso,sem palavras recomendo vale muito apena ler👏🏼👏🏼...
Quem tem a história Completa do Diogo?...