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Aliança Provisória - Casei com um Homem apaixonado por Outra romance Capítulo 330

A noite em Gotemburgo estava fria, mas a cidade vibrava de um jeito diferente com as luzes, música, risadas que escapavam dos bares e das esquinas. Eu precisava desligar a mente, então decidi sair um pouco e conhecer o tal clube que o pessoal do hotel tinha recomendado.

O lugar era moderno, elegante, com um som envolvente e gente bonita por todos os lados. O tipo de ambiente em que eu normalmente relaxava fácil.

Caminhei até o bar e pedi um whisky. Enquanto esperava, senti um perfume doce, fresco… e, quando virei, dei de cara com ela.

Alta, loira, olhos azuis claros que quase brilhavam sob as luzes do clube.

— Você parece alguém que não pertence a este lugar — ela disse com um sorriso provocante e um sotaque sueco forte.

Sorri de canto.

— Talvez eu não pertença mesmo. Mas acho que hoje posso abrir uma exceção.

Ela deu uma risadinha e apoiou o cotovelo no balcão, inclinando o corpo levemente.

— Eu sou Freja. — O nome soou bonito, meio exótico na boca dela.

— Rafael — respondi, apertando de leve a mão que ela estendeu. — E você sempre aborda estranhos assim?

— Só os interessantes — respondeu, arqueando uma sobrancelha.

O barman colocou o copo diante de mim, e ela fez sinal para pedir o mesmo.

— Então, Rafael… negócios ou prazer?

— Trabalho — falei. — Mas… — olhei pra ela de cima a baixo, sorrindo — talvez acabe virando prazer também.

Ela riu, um som leve e rouco, e deu um gole no whisky.

— Gostei de você.

— E eu gostei do jeito que você fala — respondi. — Seu sotaque é perigoso.

— Perigoso? — Ela se aproximou mais, com o rosto a poucos centímetros do meu. — Talvez você devesse descobrir o quão perigoso.

Foi ela quem me puxou pela mão até a pista de dança. A música era envolvente, com um ritmo lento e grave, e o seu corpo se encaixou no meu com naturalidade. O perfume dela me cercava, o toque quente da pele contrastando com o frio lá de fora.

— Você dança bem — murmurou, com um sorriso no canto dos lábios.

— Só tô tentando acompanhar — falei baixo, com a boca quase roçando o ouvido dela.

Ela virou o rosto pra mim, com os olhos faiscando sob a luz colorida. E, sem pensar muito, eu a beijei.

Foi intenso, rápido, um beijo cheio de desejo, daqueles que te fazem esquecer do mundo por alguns segundos.

Mas, no meio disso, a imagem de Lorena me atravessou a cabeça.

Senti o corpo travar, e me afastei um pouco, franzindo o cenho.

Freja me olhou confusa.

— Aconteceu alguma coisa?

Balancei a cabeça.

— Não… nada.

E antes que pensasse demais, puxei-a de volta e a beijei de novo, dessa vez mais firme, mais consciente.

Sem Lorena. Sem culpa. Sem lembranças.

A música ecoava na minha cabeça quando saímos do clube. Freja caminhava ao meu lado, o vento frio da noite bagunçando o seu cabelo loiro. Ela me olhou com aquele sorriso provocante.

— Quer sair daqui?

Ela arqueou uma sobrancelha e respondeu com aquele sotaque carregado:

— Achei que você nunca fosse perguntar.

Pegamos um táxi e o caminho até o hotel foi rápido e silencioso. Só o barulho da rua lá fora e o perfume doce que preenchia o carro.

Quando entramos no quarto, ela me puxou pela camisa antes que eu dissesse qualquer coisa. O beijo veio de novo, intenso, urgente. O seu casaco caiu no chão e eu a segurei pela cintura, sentindo o seu corpo colado no meu.

Mas, de repente, me veio a lembrança de Lorena. Daquela manhã em que ela quase caiu na piscina do clube e eu a segurei pela cintura. Da forma como ela me olhou, assustada e, ao mesmo tempo, grata.

A sensação das mãos agora era a mesma e isso me desestabilizou.

Freja passou os dedos pela minha nuca e sussurrou algo que eu nem consegui entender direito. Eu fechei os olhos, tentando voltar pro momento, mas quanto mais eu tentava, mais a imagem de Lorena voltava. O sorriso, o olhar tenso. A voz.

O desejo misturava com culpa, confusão e raiva de mim mesmo.

Até que parei.

Afastei-me devagar, respirando fundo, passando a mão no rosto frustrado.

— O que foi? — Freja perguntou ofegante, me olhando sem entender.

— Eu… não devia. Desculpa.

Ela franziu o cenho, claramente magoada.

— Você tá falando sério agora?

Assenti.

— Sinto muito, Freja. Eu só… não tô bem pra isso.

Ela riu, sem humor.

— Vocês, homens, são todos iguais.

Pegou o casaco do chão e caminhou até a porta, bufando. Antes de sair, me lançou um olhar atravessado.

— Perda sua, idiota.

A porta bateu, e o silêncio do quarto pareceu mais alto que qualquer coisa.

Me joguei na cama, encarei o teto e ri sozinho, um riso nervoso.

— Mentiroso. — Ele riu. — Te conheço.

— Vai pro inferno, Alessandro. — falei rindo, e ele riu do outro lado.

— Te vejo mais tarde.

A ligação terminou e o quarto voltou ao silêncio.

Guardei o celular no bolso e me encarei no espelho mais uma vez.

Suspirei, passando a mão no cabelo e tentando afastar o pensamento.

— Hoje é só trabalho, Rafael. Só trabalho. — murmurei pra mim mesmo, antes de sair do quarto.

O salão estava impecável com lustres de cristal pendendo do teto, música de orquestra suave preenchendo o ar e o tilintar constante de taças se misturando ao murmúrio elegante das conversas. O tipo de ambiente que grita “negócios e sorrisos forçados”.

Eu caminhava entre os convidados, cumprimentando alguns rostos conhecidos, quando ouvi uma voz familiar atrás de mim:

— Achei que fosse te procurar a noite inteira.

Virei-me e não contive o erguer da sobrancelha.

— Alessandro.

Ele estava como sempre, de terno impecável e olhar sério.

— Você chegou cedo. — comentei, apertando a mão dele.

— Não gosto de me atrasar e você sabe disso.... — respondeu, dando de ombros. — Além do mais, é melhor vir cedo e sair cedo. Volto para o Brasil ainda hoje.

Ri baixo.

— Está certo. Seguindo ordens da dona Larissa.

— Sempre — ele rebateu com naturalidade, pegando uma taça de champanhe de um garçom que passava. — Quando alguém te coloca no eixo, você aprende a ouvir.

— Nem sei o que é isso mais. — comentei, pegando outra taça.

Ficamos ali por alguns minutos, trocando cumprimentos com outros empresários. Alessandro parecia à vontade, mas eu conhecia bem aquele olhar dele por trás da postura firme, algo estava incomodando.

Quando tivemos um momento a sós perto da mesa de bebidas, resolvi perguntar:

— Diogo não veio?

Ele parou, olhou pro chão e depois pra mim.

— Não.

— Por quê? — perguntei, franzindo o cenho. — Achei que ele viria, esses eventos são a cara dele.

Alessandro soltou um suspiro pesado.

— Pois é. Mas ele anda meio... estranho.

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