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Aliança Provisória - Casei com um Homem apaixonado por Outra romance Capítulo 329

(Visão de Rafael)

Tentei me concentrar em qualquer coisa, no som da TV, o barulho do vento lá fora, até o copo de água que eu girava entre os dedos, mas nada tirava a imagem dela da cabeça.

Aquela expressão assustada, o jeito que ela evitava me encarar... Aquilo me corroía por dentro. Passei a mão no rosto, irritado comigo mesmo. Eu não podia pensar nela desse jeito.

Pelo amor de Deus, ela era uma mulher casada. E, por mais que eu soubesse que aquele casamento não era o que parecia, ainda assim... era errado.

Suspirei e recostei no sofá, tentando afastar os pensamentos, quando ouvi passos vindo da escada.

— Tá acordado ainda? — Milena apareceu, descendo os últimos degraus com o cabelo preso num coque bagunçado e um copo vazio na mão.

— Até tentei dormir — respondi com um meio sorriso cansado. — Não deu muito certo.

Ela se sentou do meu lado, cruzando as pernas.

— Meu apartamento fica pronto semana que vem.

— É mesmo? — perguntei, forçando um sorriso. — Não precisa ter pressa pra se mudar, Milena. Fica mais um tempo aqui, se quiser.

Ela deu uma risadinha curta.

— Nada disso. Eu quero o meu cantinho. Já tô doida pra levar meus gatinhos pra lá.

— Por que não traz eles pra cá antes? Quero conhecer.

Ela arregalou os olhos e fez o sinal da cruz.

— Deus me livre! Você vai colocar meus bichinhos pra correr!

Eu ri, balançando a cabeça.

— Tá, talvez eu mereça isso.

O riso dela foi sumindo aos poucos, até dar lugar a uma expressão mais séria.

— E a Lorena? — perguntou em tom baixo. — Como estão as coisas lá na empresa?

Fiquei quieto por um instante antes de responder.

— Falei pra ela que sabia o motivo das roupas compridas, das golas altas, dessas marcas que ela tenta esconder… — passei a mão no rosto outra vez, sentindo a tensão pesar nos ombros. — Mas ela se afastou. Disse que, se eu continuasse tocando nesse assunto, ia sair da empresa.

Milena franziu a testa.

— Poxa, Rafa…

— Eu sei — interrompi, com a voz rouca. — Eu não devia ter me metido. Mas não consigo ficar vendo aquilo e fingir que tá tudo bem. Ainda assim… acho que o melhor é dar um tempo.

Ela assentiu devagar, pensativa.

— É complicado. Uma mulher nessa situação tem medo, ainda mais com um marido policial.

Eu só balancei a cabeça, sem responder.

O silêncio se instalou por uns segundos, até que eu mudei de assunto.

— Eu vou viajar na sexta. Talvez passe umas semanas fora.

— Vai pra onde? — ela perguntou, surpresa.

— Para a Suécia, preciso resolver umas coisas. — Fiz uma pausa e olhei pra ela. — Fica de olho no pai, tá? E no Genildo também. Se aquele desgraçado ousar aparecer aqui, eu vou acabar com ele.

— Rafael… — Milena falou meu nome num tom firme, pousando a mão no meu braço. — Se acalma. Não vale a pena. Não faz nada que possa te ferrar por causa dele.

Respirei fundo, encarando o chão.

— Eu sei. — Mas, no fundo, não sabia se conseguiria seguir esse conselho.

Porque o simples pensamento de alguém como Genildo, ou pior, de alguém como Thales, machucar mais uma pessoa inocente… era o tipo de coisa que me tirava o sono.

***

Bati de leve na porta antes de entrar.

Lorena levantou o olhar, surpresa, com a caneta ainda na mão.

— Rafael… — disse, ajeitando-se na cadeira. — Aconteceu alguma coisa?

— Nada demais. — forcei um sorriso leve. — Eu só vim avisar que vou precisar viajar na sexta.

— Viajar? — ela franziu a testa. — Agora?

— É. — dei um passo pra dentro da sala, encostando a mão no batente. — Surgiu uma reunião com um cliente em Gotemburgo, lá na Suécia. Se tudo correr bem, a gente fecha um contrato importante pra empresa.

O semblante dela se suavizou, e um sorriso tímido apareceu.

— Vai dar certo.

— Tomara. — assenti, retribuindo o sorriso. — Mas é provável que eu fique uma semana fora, então queria que você reagendasse os compromissos e deixasse tudo organizado, tá?

— Claro, pode deixar. — Ela abriu a agenda, anotando rapidamente. — Eu cuido de tudo.

Fiquei observando o jeito dela escrever, os dedos ligeiramente trêmulos… e por um segundo, o silêncio entre nós pareceu mais pesado do que devia.

Limpei a garganta.

— Ah… e talvez eu precise entrar em contato com você durante a viagem. Só pra resolver alguns detalhes, nada urgente.

Capítulo 28 - Rafael 1

Capítulo 28 - Rafael 2

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