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Aliança Provisória - Casei com um Homem apaixonado por Outra romance Capítulo 393

Cap.92

Assim que Lorena voltou à mesa, tentei decifrar sua expressão, mas ela estava fechada de um jeito que me deu um nó no estômago.

Eu me inclinei levemente.

— Tá tudo bem? — perguntei, baixo.

Ela forçou um sorriso curto e acenou.

— Tá sim.

Mentira e eu sabia. Mas não insisti. Meu peito já estava pesado o suficiente.

Respirei fundo e virei para o Wesley.

— A gente pode adiantar isso logo? — falei, direto, sem rodeios.

Ele ergueu uma sobrancelha, claramente notando o clima estranho entre nós, mas deu aquele sorriso descontraído de sempre.

— Claro, sem problema. — Ele ajeitou o contrato na mesa, lançando mais um olhar curioso entre mim e Lorena. — Parece até que vocês têm… pressa.

Lorena abaixou o olhar para os papéis, recolhendo uma mecha de cabelo atrás da orelha de um jeito nervoso.

Wesley notou.

Eu notei que ele notou.

E a vontade de dar outro aviso pra ele voltou a pulsar na minha garganta.

Mas me controlei.

Ele continuou explicando alguns pontos do acordo, falando da expansão em Londres, prazos, divulgações… e enquanto ele falava, eu percebia Lorena evitando me olhar. Evitando até respirar perto de mim.

E, mesmo assim, cada movimento dela puxava minha atenção de volta.

Wesley assinou o último documento, empurrou a pasta para mim e fechou a caneta.

— Certo — Wesley disse, arrumando as folhas. — Vou te mandar a versão final do contrato e algumas artes que a equipe de Londres preparou. Ah, Lorena, qual o seu número? Assim eu te encaminho tudo direto e você e o Rafael fazem os ajustes.

Lorena congelou.

Devagar, ela virou o rosto na minha direção.

E eu encarei de volta.

O olhar dela dizia: Eu passo ou não passo?

O meu dizia: Nem pense em passar o pessoal.

Eu não falei nada, mas não precisei.

Wesley assistiu à troca de olhares como se estivesse vendo um duelo no Velho Oeste.

— Gente… eu pedi só o número PROFISSIONAL — ele riu, levantando as mãos. — Não vou sequestrar a mulher, calma aí.

Lorena pigarreou, um pouco corada, e disse:

— É o número do celular da empresa… — ela ditou, meio baixinho. — O que eu uso para atendimento externo.

Wesley salvou, piscando para ela com um ar brincalhão e eu cerrei o maxilar.

Ele percebeu.

— Cara… — Wesley riu. — Eu juro que tô só trabalhando. Mas, sinceramente, com esse olhar que você tá me dando… eu até fico com medo de pedir o e-mail.

— O e-mail corporativo dela é o 02Loren… — interrompi, falando eu mesmo.

Lorena me lançou um olhar de lado, tipo sério que você respondeu no meu lugar?

Wesley gargalhou.

— Meu Deus, Lorena, você arrumou um guarda-costas. Ou um marido. Não sei bem.

Ela ficou ainda mais sem graça.

— Rafael… — murmurou, tentando me chamar a atenção discretamente, talvez para eu relaxar.

Mas eu não estava relaxando, nem perto disso. Sabia a fama de Wesley, essa lábia fingindo ser brincadeira… Todas caiam nisso… Mesmo sabendo que Lorena era diferente e que eu era amigo dele, ainda não confiava nele.

Eu assinei também, sem tirar os olhos da folha, não porque o contrato exigia esse nível de foco, mas porque, se eu olhasse pra Lorena naquela hora, provavelmente perderia o controle de novo.

Wesley se levantou primeiro.

— Bom… foi ótimo rever você, Rafael. E um prazer te conhecer, Lorena. — Ele deu um sorriso que durou mais do que eu gostei.

Apenas estreitei os olhos.

Ele riu baixinho, como se tivesse lido minha mente, e deu dois tapinhas no meu ombro antes de sair.

Ficamos só nós dois à mesa com um silêncio denso e pesado.

Soltei o ar devagar, como se tivesse segurado a respiração desde o momento que ele começou a flertar com ela.

— A gente… pode ir — murmurei, minha voz mais rouca do que eu queria.

Ela apenas assentiu.

Mas antes de levantar, eu olhei pra ela e a sensação de perdê-la, mesmo sem nunca tê-la tido de fato, bateu tão forte que eu precisei desviar o olhar por um segundo, pra não deixar escapar o que estava realmente sentindo.

Seguimos para o carro e então ela finalmente percebeu que eu não estava indo para a empresa.

— Rafael… — Lorena se inclinou um pouco para frente, o cinto puxando de leve seu ombro. — Você perdeu a entrada pra empresa.

Não tirei os olhos da estrada. Só deixei escapar, no meu tom mais simples:

O nosso preço é apenas 1/4 do de outros fornecedores

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