~ NICOLÒ ~
A princípio, pensei que não. Que não queria falar sobre aquilo. Que era pessoal demais, dolorido demais. Aquelas eram feridas que eu preferia manter enterradas em algum lugar profundo onde não pudessem me alcançar no dia a dia.
Nunca falava sobre Renata. Não de verdade. Não sobre o que tinha acontecido, sobre como me senti, sobre as marcas que aquilo deixou. Nem com minha mãe, que certamente sabia de tudo mas respeitava meu silêncio. Nem com Paola, que tinha estado lá e visto tudo acontecer. E definitivamente não com estranhos.
Preferia guardar as mágoas enterradas. Era mais fácil assim. Menos doloroso.
Mas então olhei para Bianca.
Para aqueles olhos azuis que me observavam com atenção genuína, sem julgamento, apenas... presença. Havia algo nela que passava tranquilidade. Conforto. Como se, de alguma forma, ela fosse um porto seguro onde eu podia finalmente descansar.
E se fosse sincero comigo mesmo, em alguns dias ela ia recuperar a memória. Ia descobrir a verdade. Ia embora. E nunca mais nos veríamos.
Talvez fizesse bem. Talvez fizesse bem finalmente poder desabafar com alguém que logo não estaria mais aqui para carregar o peso das minhas confissões.
— Nós éramos jovens quando nos conhecemos — comecei, minha voz saindo mais baixa do que o normal. — Em uma festa da cidade. Foram amigos em comum que nos apresentaram.
Bianca não disse nada. Apenas esperou, dando-me espaço para continuar no meu próprio ritmo.
— Não foi aquela paixão explosiva que nasce na primeira troca de olhares — continuei, girando o vinho restante na minha taça sem realmente vê-lo. — Primeiro nos tornamos amigos. Conversávamos muito, ríamos juntos. E então as coisas foram evoluindo quase naturalmente. Um dia éramos amigos, no outro estávamos nos beijando, e de repente estávamos namorando.
Fiz uma pausa, procurando pelas palavras certas.
— Éramos diferentes. Sempre fomos. Ela tinha um... um ar mais sofisticado. Comprava roupas e acessórios pelos quais não podia pagar e parcelava em mil vezes só para parecer que tinha mais dinheiro do que realmente tinha. Queria se encaixar em um mundo ao qual não pertencia. — Dei de ombros. — Mas ainda assim, eu a amava. E achava que ela me amava também.
— Vocês se casaram — Bianca disse suavemente, mais uma afirmação do que uma pergunta.
— Nos casamos. Tivemos Bella. — Um sorriso involuntário tocou meus lábios ao pensar na minha filha. — E por um tempo, foi bom. Renata tinha orgulho de me ter como marido, herdeiro de tudo isso. — Gesticulei vagamente para a adega ao nosso redor. — Quero dizer, não é muito, sabe? Mas talvez para ela, aqui onde vivemos, parecesse o suficiente. Parecesse... impressionante.
Tomei um gole do vinho, sentindo o líquido amargo descer pela minha garganta.
— Os negócios iam bem. Tínhamos uma vida confortável. Eu até podia pagar por alguns dos luxos dela. As roupas caras, as joias, as viagens ocasionais para Milão ou Florença. Até... — minha voz falhou por um momento — até meu pai falecer.
O silêncio que se seguiu foi preenchido apenas pelo som distante da água pingando em algum lugar da adega.
— Foi repentino — continuei, forçando as palavras para fora. — Um ataque cardíaco. Ele estava trabalhando nos vinhedos de manhã e à tarde estava morto. E então... então descobrimos que os negócios não iam tão bem quanto parecia.
Bianca se aproximou levemente, sua presença oferecendo conforto silencioso.
— Meu pai fazia questão de esconder de nós todas as dívidas — expliquei. — Todas as dificuldades. Ele carregava tudo sozinho porque achava que era sua responsabilidade, que não devia preocupar a família. Mas a coisa estava tão feia que estávamos à beira de perder tudo.
Coloquei a taça sobre o barril com mais força do que o necessário.
— Foi quando tive que fazer empréstimos. Apertar os cintos. Trabalhar mais, desfrutar menos. Não havia mais dinheiro para as roupas caras, para as viagens, para os luxos. — Ri, mas não havia humor naquele som. — As coisas começaram a parecer menos... interessantes para Renata.
— Nico... — Bianca começou, mas levantei a mão.

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Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Comprei um Gigolô e ele era um Bilionário (Kayla Sango )
Já tem uns 3 dias que não disponibiliza os capítulos. Parou no capítulo 557. PS. Esse livro que não acaba.... 🤔...
Queria saber o que está acontecendo, que os capítulos não estão mais disponíveis....
Poxa vida, ja era ruim liberar 2 ou 3 capitulos por noite a conta gotas, agora falhar na liberacao diaria é pèssimo ... oq tem acontecidoncom frequencia. Desanimador....
Alguém sabe me dizer, quando sai mais capítulos?...
Oq esta acontecendo com os capitulos 566 e 567? Liberei as moedas mas nenhum dos dois foi liberado. E ontem tbem nao houve liberacao de capitulos novos ......
Mdss estou impactada com o plost twist mds mds, história de Maitê é a mais louca e surreal, considero a melhor....
Capitulo 518. Votos de Marcos e Maitê, que lindo... Até eu fiquei emocionada 😍...
Capítulo 539 está dando erro...
Bom dia. Poderiam liberar 10 capítulos diários. É complicado ler assim, tipo conta gotas. Por isso muitos desistem dos livros e partem pra outros. Pensa nisso com carinho autora....
Poxa q triste, ficou chata demais a história, nas partes da Maitê eu nem gasto mais moedas, reviro os olhos sem perceber…. Li os dois primeiros livros duas vezes, mas essa Maitê dá ânsia...