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Aliança Provisória - Casei com um Homem apaixonado por Outra romance Capítulo 166

Diogo

Assim que bati na porta, ela nem teve tempo de abrir por completo. Fui surpreendido por dois bracinhos pequenos me abraçando com força na cintura.

— Tio Diogo! — Gabriel gritou, me fazendo rir enquanto o levantava do chão com facilidade.

— E aí, campeão. Como você tá? — perguntei, ajeitando ele no colo.

— Tô bem! — ele disse animado, os olhos indo direto pras sacolas nas minhas mãos. — Isso aí é presente?

— É. — assenti, sorrindo. — Tem pra você... e pra sua irmãzinha também.

— Oba! — ele deu um gritinho de alegria, pulando dos meus braços no segundo seguinte.

Larissa apareceu no corredor com o barrigão à frente e não consegui segurar o sorriso. Ela parecia radiante, com aquele brilho que só ela tem, ainda mais agora.

— Olha só essa mamãe bonita — brinquei, abrindo os braços.

Ela veio até mim e me abraçou com carinho.

— Que bom que você veio, Diogo. — disse, se afastando e sorrindo. — E olha só… presente! Já amei.

— Espero que ela goste. — estendi a sacola com o embrulho.

Larissa começou a abrir ali mesmo na sala, com Gabriel pulando em volta dela pra ver o que era. Quando puxou o vestidinho, ela soltou um suspiro.

— Meu Deus, Diogo, é lindo!

— Que bom que gostou. Eu mesmo escolhi. — dei de ombros, tentando parecer casual, mas com um orgulho bobo por dentro.

Alessandro então apareceu, encostado no batente da porta com um sorrisinho ao ver o vestido.

— Pronto, já tô surtando. — disse. — Só de imaginar essa menina começando a namorar, já penso em contratar dois seguranças.

Larissa riu alto e ele se aproximou dela.

— Ah, vai nada! — ela deu um tapinha no braço dele. — Quando for o momento certo, ela vai namorar sim. E você vai ser obrigado a tratar bem quem ela escolher.

— Eu duvido muito. — Alessandro bufou, cruzando os braços. — Se esse moleque não disser “bom dia” com reverência, já vai embora debaixo de vaias.

Eu ri da interação dos dois. Era bonito ver o amor puro, mesmo nas implicâncias. Aquele casal que passou por tanta coisa no início, agora parecia ter se encontrado.

— Quer beber alguma coisa? — Alessandro perguntou, me olhando.

— Quero sim.

— Vai se sentando aí, o jantar já tá quase pronto. — Larissa avisou antes de sumir de novo pela cozinha.

Segui Alessandro até o escritório. Ele abriu o armário e tirou duas garrafas, escolhendo uma e servindo dois copos. Enquanto isso, olhei ao redor. Os porta-retratos chamaram minha atenção com os momentos da família espalhados com carinho. Aquilo me deu um aperto no peito... um daqueles que você não consegue explicar direito, só sente.

Ele me entregou o copo e sentamos no sofá.

— E aí... — começou ele. — Vai me dizer o que tá rolando ou vai continuar fingindo que tá tudo bem?

— Do que você tá falando? — desviei o olhar, fingindo naturalidade.

— Diogo, por favor, né. Eu te conheço, você tá estranho, tenso. Não tenta me enrolar.

Suspirei e dei um gole no copo, devagar.

— Não é nada, cara. Só... uns pensamentos, umas preocupações. Coisa da cabeça.

— A gente já passou por tanta coisa. Você lembra, né? Já quase perdi tua amizade. — ele me olhou firme. — Eu sou seu amigo e você pode se abrir comigo assim como fiz com você no passado.

Olhei pra ele e senti o peso do que não podia dizer. Alessandro era meu melhor amigo, meu irmão de alma. Mas... certas verdades, quando ditas, não voltam mais. E eu não tinha certeza se ele ainda me olharia igual.

— Tá tudo bem, de verdade é só uma fase.

Ele respirou fundo, entendendo meu silêncio.

— Tá certo. Você sabe o que faz.

Houve uma pausa até ele mudar de assunto.

— E o Caleb? Como ele tá?

Sorri. Falar do Caleb sempre me deixava mais leve.

— Tá bem. Tá... namorando, acredita?

— Sério? — Alessandro ergueu as sobrancelhas. — E aí, a garota presta?

— Espero que sim. — ri. — Ainda não me encontrei com ela, mas parece ser gente boa. Também faz faculdade, é carinhosa com ele... pelo menos é o que Caleb diz.

— Tomara. — Alessandro assentiu. — É importante que ela tenha consciência da condição dele, que saiba cuidar, sabe?

— É o que eu mais espero.

A gente ficou em silêncio por uns segundos. Então fui eu quem o quebrei dessa vez.

— E você? Agora que tá prestes a ser pai de novo, como está sendo acompanhar tudo dessa vez?

Ele sorriu, mas tinha algo mais no olhar.

— Tô ansioso. — confessou. — Não acompanhei nada do Gabriel, o peso da culpa de ela ter quase o perdido por minha culpa. De não ter acompanhado a gestação, as consultas, o parto… os primeiros passos dele. Tudo isso pesa.

Notei o pesar na voz dele.

— Agora é diferente. Eu tenho a Larissa e o Gabriel e posso acompanhar tudo, cada passo deles, cada ultrassom, cada descoberta… o preparo para o parto. Ficar ao lado dela e fazer diferente dessa vez. Cuidar dela como ela merece.

— Eu sei que vai. — sorri, sincero. — Você já é um bom pai, Alessandro. Vai ser ainda melhor agora.

Ele sorriu de volta e deu um gole no copo, mais leve.

E eu… continuei ali, tentando esquecer os fantasmas que rondavam minha cabeça. Mas era difícil, muito difícil.

Ainda assim, naquela casa com aquela família, eu me sentia… por alguns minutos, em paz.

***

19-08 - Sexta-Feira

O tempo passou voando, mas minha cabeça continuava presa na mesma merda de paranoia desde segunda-feira. Eu não tinha conseguido dormir direito nenhuma noite e mesmo tentando manter a rotina, treinar, trabalhar, seguir em frente... tudo parecia ofuscado por aquela mensagem maldita.

A manhã estava quase acabando quando Jonas apareceu na porta da minha sala, com aquele jeito calado dele e os olhos sérios.

— Pode entrar — falei, largando a caneta sobre os papéis que eu fingia revisar.

Ele fechou a porta com cuidado, como sempre fazia quando o assunto era sério. E eu sentia que talvez não gostaria do que ele estava prestes a falar.

— E aí? — perguntei direto, cruzando os braços. — Descobriu alguma coisa?

Jonas se aproximou da mesa segurando a prancheta e o tablet.

— O número é recente, chefe. Ativado tem menos de três semanas. — Ele fez uma pausa, me encarando. — Está registrado no nome de uma tal de Carla Nunes de Oliveira, mas esse CPF aí é falso. Já foi usado em outras linhas descartáveis.

— Merda... — sussurrei, me recostando na cadeira. — Então quem tá por trás disso sabe o que tá fazendo.

— Sim. É alguém que não quer ser encontrado.

— Ah, essas são do Julio Dias — comentou Vera, percebendo meu interesse. — Um dos nossos voluntários mais queridos. Ele é fotógrafo, ajuda nos ensaios e organiza as meninas que sonham em ser modelos... sabe como é, autoestima é tudo, né?

Assenti, mas minha mente estava em outro lugar, nesse Julio. Será que era o namorado dela? Talvez fosse, claramente ele tinha talento e conseguiu captar algo nela que...

— Vocês fazem um trabalho incrível — murmurei, tentando tirar aquele pensamento da cabeça.

— Obrigada, querido. Vou deixar você dar uma volta, mas não vai embora sem experimentar a tapioca da dona Luiza. É tradição! — disse, se afastando animada.

Continuei andando, parando perto de um espaço com almofadas espalhadas e crianças sentadas em roda, rindo como se estivessem assistindo ao melhor show da vida delas. Quando olhei pra frente, vi o motivo.

Uma boneca gigante. Literalmente, alguém fantasiado com uma daquelas cabeças enormes de espuma, dançando feito louca, correndo atrás dos pequenos.

Ri sem querer, a cena digna de um vídeo viral.

De repente, a boneca tropeçou de propósito e “caiu”, se jogando no chão como se tivesse se machucado. As crianças, em vez de rirem, correram pra ajudar.

— Vamos salvar a boneca! — gritou uma menininha.

Elas fizeram cócegas, brincaram, uma confusão boa. Até que a “boneca” ergueu a mão pedindo trégua.

— Espera, espera... preciso respirar! — a voz veio abafada de dentro da cabeça gigante. Então, com esforço, ela tirou a cabeça da fantasia.

E seria mentira se eu dissesse que não me surpreendi ao ver Alice, ali, com os cabelos bagunçados e rindo.

Tinha alguma coisa nessa garota que me bagunçava.Ela limpou o suor da testa com as costas da mão, olhou ao redor e... me viu.

Ficou uns dois segundos me encarando com uma expressão de surpresa, como se não me esperasse encontrar ali e então se levantou, caminhando até onde eu estava, segurando a cabeça de boneca em um lado do corpo.

— Você de novo? Tá começando a parecer perseguição — ela disse, com um sorriso torto.

— Eu ia dizer o mesmo. Mas com essa cabeça gigante aí, ficou fácil de achar.

Ela riu, se abanando.

— Não acredito que me viu nessa situação humilhante. Isso aqui é só pra entreter as crianças, tá? Não é um novo estilo meu.

— Eu não tô julgando... — falei, dando de ombros. — Na verdade, você foi a melhor atração da noite até agora.

Ela ergueu uma sobrancelha, ainda com aquele brilho nos olhos.

— Você sempre dá em cima das mulheres depois que elas te cegam com spray?

— Só das que também salvam crianças vestidas de boneca gigante.

Alice balançou a cabeça, rindo de novo e olhou pra mim por um instante, mais sério.

— Obrigada por não sair correndo depois daquilo.

— Eu tô curioso, pra ser sincero. Você sempre foi assim?

— Assim como?

— Um caos adorável.

Ela abriu a boca para responder, mas uma criança correu até ela puxando sua mão.

— Vem, tia Alice! Tem que salvar o sapo agora!

— Meu Deus, lá vamos nós... — murmurou, virando-se pra mim. — Depois a gente continua essa conversa, tá, Montenegro?

— Tô contando com isso, boneca.

Ela piscou e saiu correndo com a criança, rindo alto, o resto da fantasia balançando.

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