Aliança Provisória - Casei com um Homem apaixonado por Outra romance Capítulo 167

Diogo

20-08 - Sábado

Decidi encerrar a noite e me despedi de Vera, indo em direção ao estacionamento onde estava o meu carro. Peguei a chave, prestes a desarmar o alarme, quando uma voz alta, irritada e conhecida chamou a minha atenção.

— Mas é pra descarregar justo agora, inferno de celular!

Olhei, vendo Alice parada na calçada com um vestido simples um pouco amarrotado por causa da correria, o cabelo bagunçado provavelmente é um efeito daquela cabeça de boneca. Ela estava sem maquiagem e naturalmente linda.

Me aproximei com calma.

— Tá tudo bem aí?

Ela me olhou surpresa por um segundo, e depois soltou um suspiro.

— Meu celular morreu. Justo agora que eu precisava chamar um Uber.

— Quer usar o meu?

Ela hesitou.

— Tudo bem, agradeço pela ajuda. Esse celular vive me deixando na mão nos momentos em que mais preciso.

Assenti, tirando o celular do bolso, mas parei antes de destravar.

— Olha, tá tarde. Você não tem ninguém pra te buscar?

Ela balançou a cabeça.

— Não. Julio tinha um compromisso e já me fez o favor de vir me deixar… vou pegar um Uber mesmo.

Julio, o tal fotógrafo. Se não vinha buscá-la… talvez não fosse namorado. Mas não era o momento de perguntar.

— E se eu te levar?

Ela arregalou os olhos, com aquela expressão de "eu não confio em gente bonita e rica" e eu não a culpo.

— Agradeço, mas… você ainda é um estranho. A gente mal se conhece.

Soltei uma risada leve.

— Dos dois aqui, convenhamos, você é a mais perigosa. Já que quase me cegou uma vez — falei, apontando pro meu olho com um sorrisinho.

Ela riu, cruzando os braços.

— E você ainda insiste em ficar perto? Que tipo de cara é você?

— O tipo que não foge fácil.

Ela me encarou por uns segundos e então olhou ao redor. A rua estava quase deserta.

— Tá. Mas se você me matar no caminho, vai ter que enterrar meu corpo sozinho. Tô pesada, hein? E eu volto para te atormentar.

— Pode deixar. Tenho um bom carro, dá pra dar conta.

Ela riu e entramos.

Assim que sentou, olhou ao redor do painel e soltou um assobio baixinho.

— Caramba… que nave. Sério, isso aqui parece o cockpit de um avião.

— Só falta decolar — comentei, ligando o motor.

A gente seguiu por uns minutos em silêncio. Ela olhava pela janela, pensativa, até que o quebrou com uma pergunta afiada.

— Então… bilionário, né?

Suspirei, lá vinha...

— O chefe quase teve um treco quando descobriu que era você a vítima do spray de pimenta. Achei que ia me matar pra você não processar o restaurante e manchar a reputação da cafeteria.

— Eu não faria isso. Aquele acidente foi... inusitado, mas tudo certo. E sobre o "bilionário", é só um rótulo. Cresci numa família boa, estudei, tive oportunidades. Mas isso não me define.

Ela virou o rosto pra mim e arqueou uma sobrancelha.

— Com todo respeito, mas… define sim. Você vive num mundo que a maioria nunca vai nem encostar. Você pode errar, sumir, recomeçar do zero e ainda vai ter uma rede de segurança. Tem gente que se errar uma vez… morre.

Eu não sabia o que dizer, porque ela estava certa. E aquele sorriso que ela soltou depois, pequeno e triste, me atingiu mais do que qualquer discurso de empresário engomado.

— Desculpa. — Ela piscou. — Fui meio pesada. É que... sei lá, coisas da vida.

— Não precisa se desculpar. Às vezes é bom escutar verdades.

— Hm… não esperava que você fosse humilde. Pensei que ia me rebater com um gráfico de crescimento econômico e ações em alta.

Ri.

— Posso impressionar de outras formas. Tipo... com o porta-copos que aquece ou esfria a bebida, dependendo do humor do motorista.

Ela soltou uma gargalhada verdadeira.

— Nossa! Isso é mesmo coisa de rico. Aquece café e esfria champanhe?

— Exato.

Ela olhou pra mim de lado, com um sorrisinho torto, os olhos brilhando de diversão.

— E o que o motorista desse carro bebe, hein?

— Ultimamente... café amargo e sozinho.

— Hum... perigoso isso. Homens que tomam café amargo geralmente são os que guardam segredos demais.

— E mulheres que jogam spray de pimenta em estranhos?

Ela virou de frente pra mim.

— São as que não toleram homem babaca e aprenderam a se virar sozinhas.

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