Diogo
20-08 - Sábado
Decidi encerrar a noite e me despedi de Vera, indo em direção ao estacionamento onde estava o meu carro. Peguei a chave, prestes a desarmar o alarme, quando uma voz alta, irritada e conhecida chamou a minha atenção.
— Mas é pra descarregar justo agora, inferno de celular!
Olhei, vendo Alice parada na calçada com um vestido simples um pouco amarrotado por causa da correria, o cabelo bagunçado provavelmente é um efeito daquela cabeça de boneca. Ela estava sem maquiagem e naturalmente linda.
Me aproximei com calma.
— Tá tudo bem aí?
Ela me olhou surpresa por um segundo, e depois soltou um suspiro.
— Meu celular morreu. Justo agora que eu precisava chamar um Uber.
— Quer usar o meu?
Ela hesitou.
— Tudo bem, agradeço pela ajuda. Esse celular vive me deixando na mão nos momentos em que mais preciso.
Assenti, tirando o celular do bolso, mas parei antes de destravar.
— Olha, tá tarde. Você não tem ninguém pra te buscar?
Ela balançou a cabeça.
— Não. Julio tinha um compromisso e já me fez o favor de vir me deixar… vou pegar um Uber mesmo.
Julio, o tal fotógrafo. Se não vinha buscá-la… talvez não fosse namorado. Mas não era o momento de perguntar.
— E se eu te levar?
Ela arregalou os olhos, com aquela expressão de "eu não confio em gente bonita e rica" e eu não a culpo.
— Agradeço, mas… você ainda é um estranho. A gente mal se conhece.
Soltei uma risada leve.
— Dos dois aqui, convenhamos, você é a mais perigosa. Já que quase me cegou uma vez — falei, apontando pro meu olho com um sorrisinho.
Ela riu, cruzando os braços.
— E você ainda insiste em ficar perto? Que tipo de cara é você?
— O tipo que não foge fácil.
Ela me encarou por uns segundos e então olhou ao redor. A rua estava quase deserta.
— Tá. Mas se você me matar no caminho, vai ter que enterrar meu corpo sozinho. Tô pesada, hein? E eu volto para te atormentar.
— Pode deixar. Tenho um bom carro, dá pra dar conta.
Ela riu e entramos.
Assim que sentou, olhou ao redor do painel e soltou um assobio baixinho.
— Caramba… que nave. Sério, isso aqui parece o cockpit de um avião.
— Só falta decolar — comentei, ligando o motor.
A gente seguiu por uns minutos em silêncio. Ela olhava pela janela, pensativa, até que o quebrou com uma pergunta afiada.
— Então… bilionário, né?
Suspirei, lá vinha...
— O chefe quase teve um treco quando descobriu que era você a vítima do spray de pimenta. Achei que ia me matar pra você não processar o restaurante e manchar a reputação da cafeteria.
— Eu não faria isso. Aquele acidente foi... inusitado, mas tudo certo. E sobre o "bilionário", é só um rótulo. Cresci numa família boa, estudei, tive oportunidades. Mas isso não me define.
Ela virou o rosto pra mim e arqueou uma sobrancelha.
— Com todo respeito, mas… define sim. Você vive num mundo que a maioria nunca vai nem encostar. Você pode errar, sumir, recomeçar do zero e ainda vai ter uma rede de segurança. Tem gente que se errar uma vez… morre.
Eu não sabia o que dizer, porque ela estava certa. E aquele sorriso que ela soltou depois, pequeno e triste, me atingiu mais do que qualquer discurso de empresário engomado.
— Desculpa. — Ela piscou. — Fui meio pesada. É que... sei lá, coisas da vida.
— Não precisa se desculpar. Às vezes é bom escutar verdades.
— Hm… não esperava que você fosse humilde. Pensei que ia me rebater com um gráfico de crescimento econômico e ações em alta.
Ri.
— Posso impressionar de outras formas. Tipo... com o porta-copos que aquece ou esfria a bebida, dependendo do humor do motorista.
Ela soltou uma gargalhada verdadeira.
— Nossa! Isso é mesmo coisa de rico. Aquece café e esfria champanhe?
— Exato.
Ela olhou pra mim de lado, com um sorrisinho torto, os olhos brilhando de diversão.
— E o que o motorista desse carro bebe, hein?
— Ultimamente... café amargo e sozinho.
— Hum... perigoso isso. Homens que tomam café amargo geralmente são os que guardam segredos demais.
— E mulheres que jogam spray de pimenta em estranhos?
Ela virou de frente pra mim.
— São as que não toleram homem babaca e aprenderam a se virar sozinhas.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Aliança Provisória - Casei com um Homem apaixonado por Outra
Gostaria de dizer que plágio é crime. Essa história é minha e não está autorizada a ser respostada aqui. Irei entrar com uma ação, tanto para quem está lançando a história como quem está lendo....
Linda história. Adorando ler...
Muito linda a história Estou gostando muito de ler Só estou esperando desbloquear e liberar os outros que estão faltando pra mim terminar de ler...
Muito boa a história, mas tem alguns capítulos que enrolam o desfecho. Ela já tá ficando repetitiva com o motivo da mágoa...
História maravilhosa. Qual o nome da história do Diogo?...
Não consigo parar de ler, cada capítulo uma emoção....
Esse tbm. Será que nunca vou ler grátis...