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Aliança Provisória - Casei com um Homem apaixonado por Outra romance Capítulo 173

DIOGO

Acordei, levando poucos segundos para entender onde estava e estiquei o braço, virando pro lado... mas não tinha ninguém ali.

Um sorriso se formou no meu rosto, um desses idiotas que aparecem sem a gente nem perceber… Então, ela escapou na calada da noite?

Isso é novidade, nunca tinha acontecido antes comigo. Geralmente, elas ficavam, queriam repetir e pediam mais… inventam qualquer desculpa para marcar um novo encontro.

Me sentei na cama passando a mão pelo rosto, ainda sentindo o sorriso preso nos lábios. Ela era diferente, soube disso desde o primeiro olhar atravessado que trocamos e agora… eu tinha certeza disso.

O sexo com essa mulher foi sem nenhuma dúvida, o melhor da minha vida.

Me levantei, pronto pra me arrumar quando senti uma pontada aguda no pé.

— Ai, merda — murmurei, pulando de lado.

Olhei pra baixo e vi o culpado, era um brinco dourado e pequeno com uma pedrinha vermelha no centro. Peguei o bendito e fiquei o encarando por alguns segundos…

Suspirei, era de Alice. Pelo visto, o universo queria me dar um motivo para eu reencontrá-la. Mas não sabia se isso seria bom para nenhum dos dois.

Guardei o brinco na carteira e encarei a cama ainda bagunçada. A última coisa que eu precisava agora era me envolver com alguém. Minha vida já estava uma bagunça demais com essas malditas mensagens anônimas trazendo o passado de volta.

Mas era impossível esquecê-la. O jeito mandona, intensa… mas sabia exatamente o momento de se entregar, ser submissa… Ela sabia o que fazer na cama e isso despertava ainda mais a minha curiosidade.

Essa garota era uma verdadeira perdição.

Balancei a cabeça afastando esses pensamentos e me vesti, hoje teria um dia cheio na empresa.

***

Depois do banho gelado para esfriar o sangue, segui direto pra empresa. Já era quase hora da reunião com o financeiro.

Entrei na minha sala e logo me acomodei na cadeira, com uma xícara de café em mãos que Linda trouxe.

— Bom dia, senhor Montenegro. — disse Manuel, o gerente de finanças, entrando com a pasta de relatórios.

— Bom dia, Manuel. Pode começar.

Ele se sentou e abriu os gráficos no tablet.

— Tivemos um ótimo desempenho esse mês. A filial do Canadá fechou dois contratos novos, o que elevou nossa margem de lucro em 12,7%. Também houve avanço na proposta de automação com a equipe de Munique. E o fundo de investimento em energia solar, aquele que a matriz do Chile tá desenvolvendo… passou na primeira fase de aprovação ambiental.

Assenti, tentando focar, mas meu celular vibrou discretamente sobre a mesa e o peguei vendo que era uma mensagem do meu irmão.

Caleb. "Oi, mano. Decidi fazer um jantar aqui em casa, a mamãe não para de perturbar com isso. É para vocês conhecerem a Fernanda, espero que gostem dela."

Soltei um suspiro leve. Caleb estava animado com esse assunto e isso, por si só, já era raro nos últimos anos. Desde o acidente, que o deixou paraplégico, ele passou a se isolar, teve uma depressão profunda e quase o perdemos pela segunda vez. Se não bastasse isso, Caleb ainda tem lapsos de memórias, alguns curtos, outros prolongados… coisas que fazem ele simplesmente esquecer quem ele é. Mais uma maldita sequela do acidente.

Sempre fui muito protetor com ele, confesso que até mais do que deveria. Mas ele é o meu irmão mais novo e eu tinha o dever de manter ele seguro. Falhei duas vezes e não queria falhar outra, por isso, me sentia inseguro sobre essa namorada. Ela realmente estava preparada para namorá-lo? Ela sabia o que viria pela frente seguindo com esse relacionamento ou era apenas algo passageiro para ela? Não sei se Caleb aguentaria uma desilusão amorosa e eu faria de tudo para evitar isso. Precisava conhecer essa menina e saber quais eram as reais intenções dela.

Respondi: "Até que enfim… pode deixar, ás 20hrs estarei aí. Quero conhecê-la o quanto antes"

Voltei os olhos pro Manuel que continuava explicando os números, agora apontando projeções na tela do tablet.

— …e considerando o fechamento do próximo trimestre, podemos esperar um aumento de até 18% nas margens, caso o projeto em São Bento vá adiante.

Assenti de novo, automático. Mas minha cabeça me levou para outro lugar. Mais exatamente, em um quarto de hotel.

A imagem de Alice rindo com aquele olhar malicioso enquanto estava montada sobre mim, a forma como ela gemia deliciosamente bem, como beijava, chupava, seu corpo nú deslizando sobre o meu…

Caralh*, eu quase suspirei alto.

Senti o jeans apertar desconfortável. Ótimo, era isso que eu precisava agora…

— Senhor Montenegro?

Olhei de volta vendo Manuel me encarar.

— O senhor decidiu?

Pisquei, tentando lembrar de que parte ele tava falando, mas não fazia ideia.

— Desculpa, Henrique. Pode repetir, por favor?

— Claro. — ele respondeu, profissional como sempre — Sobre os relatórios: quer que a revisão da filial alemã seja feita antes de enviarmos pro conselho aqui?

— Sim. Melhor deixar tudo alinhado antes de subir isso. Peça pra Gisela revisar e me mande até amanhã, pode ser?

— Perfeitamente.

Assenti, tentando disfarçar e bebi o café em busca de apagar o fogo interno.Mas o problema é que algumas lembranças não evaporam fácil.

Principalmente quando têm nome, perfume e uma risada gostosa.

***

A mansão onde cresci continuava impecável com cada planta no lugar, cada luz acesa na medida certa. Clássica, imponente e a cara da minha mãe.

Antes que eu tocasse a campainha, a porta já estava se abrindo.

— Senhor Diogo — disse Carmem, a governanta, com um sorriso contido, como sempre. — Seja bem-vindo. Dona Helena está na sala de estar.

— Obrigado, Carmem — retribuí, entrando.

Ela olhava pra ele como quem escuta uma música favorita. E ele… bom, ele já estava a amando, era nítido isso.

Sentia uma pontada de felicidade vendo meu irmão daquele jeito. Um lado de mim queria acreditar no que via e o outro... aquele instinto antigo me fazia manter certa distância. Não por maldade, mas porque eu sabia o quanto Caleb podia se entregar e o quanto doía quando alguém quebrava isso.

Fiquei em silêncio por alguns segundos, só observando. Era sutil, mas eu percebi o leve tremor nas mãos dela e o jeito como afastava a franja dos olhos… Ela parecia nervosa, com um sorriso que demorava um segundo a mais para acontecer.

Podia ser pela ocasião, ela estava conhecendo a família do namorado e querendo ou não, o nosso status podia ser um pouco intimidador. Suspirei, não querendo colocar coisas demais na cabeça. Tinha que acreditar que essa moça realmente amava o meu irmão e queria vê-lo feliz.

Antes que eu dissesse qualquer coisa, minha mãe surgiu de novo na sala, com aquele jeito gentil, mas que não deixava margem para recusas.

— Pronto, crianças, o jantar está servido — anunciou com um sorriso, as mãos delicadamente unidas na frente do corpo. — Vamos à mesa.

Seguimos para a sala de jantar. A mesa estava posta com capricho com pratos de porcelana, taças altas e guardanapos de linho — Carmem realmente se superava quando queria impressionar.

Fernanda sentou-se ao lado de Caleb, naturalmente. Ele ajeitou a cadeira dela com um cuidado que me pegou de surpresa, estava muito atencioso. Ela sorriu pra ele com doçura, e eu me peguei observando novamente. Aquilo era real ou era só uma boa atuação?

Minha mãe se sentou à cabeceira e eu à sua direita. Do outro lado, Fernanda e Caleb, tudo parecia perfeito demais.

Minha serviu vinho nas taças e então puxou assunto, como sempre fazia pra deixar o ambiente mais leve.

— Fernanda, me conta um pouco mais sobre você. Sua família é daqui?

Fernanda deu uma risadinha nervosa e olhou de relance pra Caleb, como se buscasse apoio. Ele só sorriu pra ela, confiante, sem perceber nada de estranho.

— Ah… não, não exatamente — começou ela, ajeitando a postura na cadeira. — Eu nasci em Curitiba, mas me mudei ainda pequena. Não conheci meu pai e... minha mãe faleceu quando eu tinha onze anos.

Minha mãe pousou a taça de vinho devagar sobre a mesa.

— Sinto muito, querida.

Ela assentiu, com um sorriso contido.

— Obrigada. Foi por uma doença autoimune, ela ficou bastante debilitada nos últimos meses.

— E aí você foi criada por quem? — minha mãe perguntou, interessada de verdade.

Então eu percebi o movimento da mão dela apertando o talher. O olhar baixando por um segundo e uma resposta que veio, mas sem a leveza das anteriores.

— Pelo meu tio. Ele criou a mim e à minha irmã mais nova.

Decidi entrar na conversa, observando cada palavra com atenção.

— E sua irmã, mora com você?

Ela hesitou. Foi um segundo só, mas eu vi aquela pausa antes de responder. O sorriso que apareceu rápido demais, mas não subiu até os olhos. A maioria das pessoas não perceberia, mas eu sim. Ali tinha alguma coisa que a deixou desconfortável.

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