O quarto do hotel era confortável, mas impessoal. Sofisticado do jeito que eu costumo escolher, mas nada que me fizesse sentir em casa. Joguei o paletó na poltrona, afrouxei a gravata e me joguei na cama com um suspiro pesado.
O dia tinha sido produtivo, sim, mas bastou fechar os olhos por alguns segundos pra mente começar a girar de novo.
Peguei o celular no criado-mudo e abri o W******p, mandando uma mensagem para Valter.
[Mensagem enviada – 18:37]
Diogo: Chegou em nova Liberdade?
Esperei e enquanto isso, deixei o braço sobre os olhos. Minha cabeça ainda pulsava com o calor do dia e o tudo o que vinha acontecendo.
O celular vibrou pouco depois.
Valter: Ainda não. Te aviso assim que desembarcar.
Assenti sozinho. Tudo bem, pelo menos isso estava no controle.
Meu celular vibrou novamente e quando olhei a tela, o nome apareceu como uma pequena explosão no meu peito:
“Pimentinha”
Sorri. Um sorriso bobo, daqueles que escapam mesmo quando a gente tenta manter o controle.
Toquei na notificação, sentindo o nervosismo bater. A mensagem dela apareceu, e eu li devagar, como se saboreasse cada palavra.
Alice:
“Confesso que fiquei te esperando. Por um tempo, pensei em só ignorar sua mensagem, fingir que nem vi. Mas… também estou com vontade de repetir. Então… tá, aceito. Amanhã à noite.”
Fechei os olhos por um segundo e a tensão nos ombros caiu como um peso solto. Ela tinha respondido e mais do que isso… ela queria me ver de novo.
Me apoiei no cotovelo, rindo sozinho enquanto digitava.
Diogo:
“Ainda bem que respondeu. Se não, ia aparecer no seu trabalho e dessa vez, era eu que ia te levar praquele beco.”
Não deu nem dois minutos, e o celular vibrou de novo.
Alice:
“😂😂😂😂”
“Ai, eu ia gostar de ser levada lá por você, hein…”
“Mas agora preciso voltar pro batente. Beijo 😘”
Fiquei olhando pra tela, relendo e sorri de novo. Como um idiota, dessa vez, mas um idiota feliz.
Bloqueei o celular e o deixei no peito por alguns segundos, como se quisesse segurar aquela leveza comigo mais um pouco.
Alice era um furacão. Daqueles que chegam sem pedir licença, bagunçam tudo, derrubam certezas. Mas, de algum jeito louco, ela trazia uma paz que eu não sentia há muito tempo. Como se no meio do caos dela… eu conseguisse respirar.
***
O restaurante era elegante, o tipo de lugar que a Thais escolheria sem nem pensar duas vezes. Discreto, mas sofisticado. Intimista, sem ser exagerado.
Cheguei no horário, de camisa escura com as mangas dobradas até os cotovelos, a gola um pouco aberta. Vi ela de longe, já sentada. Pontual e impecável, ela sempre foi assim.
Usava um vestido preto justo, costas nuas e um coque bagunçado que deixava à mostra a nuca e parte do ombro. Sexy sem esforço. O tipo de mulher que faz você esquecer onde está.
Ela me viu e abriu aquele sorriso que eu conhecia bem, o mesmo que me atraiu anos atrás, e que ainda tinha um certo poder de me desestabilizar.
— Olha só quem resolveu vir — disse, se levantando, com os olhos brilhando.
— Você foi bem persuasiva — respondi, sorrindo de leve, enquanto me aproximava para beijar o rosto dela.
Ela demorou um segundo a mais no cumprimento. Um toque sutil com a mão no meu braço antes de se sentar novamente.
— Ainda sabe se vestir bem, Montenegro. — Ela ergueu a taça de vinho como um brinde. — Saúde?
— Saúde — murmurei, aceitando um gole, mesmo sem estar exatamente no clima pra celebração.
— Me conta... como anda a vida do CEO mais reservado que eu conheço?
— Agitada, como sempre. Reuniões, viagens, decisões demais. — Olhei para ela — A empresa cresceu ainda mais e estamos tentando não surtar com o ritmo.
— Você nunca surtou — disse ela, inclinando-se levemente. — Sempre foi tão... contido. Mesmo depois de uma noite insana, no dia seguinte você aparecia como se nada tivesse acontecido. Isso me irritava.
Sorri de canto.
— Profissionalismo.
— Frieza, você quer dizer. Mas era um charme, confesso.
Ela mexeu na taça, girando o vinho devagar.
— E o Alessandro? — perguntou, casual, mas os olhos atentos.
— Casou.
Ela parou de girar a taça.
— O quê?
Então ela se afastou com a mesma elegância com que chegou e pegou a bolsa, saindo sem olhar para trás.
Fiquei ali, parado com o corpo ainda em chamas, mas a mente... em outra direção. Não era Thais que ocupava meus pensamentos.
Era Alice.
Pensei no jeito que ela sorria de lado, no sarcasmo natural e no jeito caótico de viver. Alice era um furacão, sim… Mas ela trazia uma calma que eu nunca entendi.
E agora… era só ela que eu queria ver.
***
Cheguei ao hotel com a cabeça fervendo. O ar-condicionado gelado da recepção não foi suficiente pra apagar o calor que ainda vibrava no meu corpo por causa do beijo da Thais. O elevador demorou mais do que devia, ou talvez fosse só o tempo distorcido pela bagunça nos meus pensamentos.
Quando entrei no quarto, larguei o blazer no encosto da poltrona e me joguei na cama. Olhei pro teto por alguns minutos, tentando entender por que tudo parecia tão confuso. A verdade era que Thais mexia comigo, sempre mexeu. Mas não mais do jeito certo.
Peguei o celular, pensando em mandar uma mensagem para Alice, só dizer "boa noite". Só pra ouvir a voz dela na minha cabeça de novo, mas não mandei. Eu não queria atrapalhar o ritmo que as coisas estavam tomando entre a gente. E poderia assustá-la, ela estava muito certa de que queria algo apenas casual e para ser sincero, eu também deveria querer isso.
Minha vida estava uma bagunça demais para colocar outra pessoa assim. Não sei os riscos… Era melhor manter certa distância mesmo.
Fui pro banheiro, lavei o rosto com água fria e fiquei encarando o espelho por um tempo. Eu precisava de uma noite de sono, nada de mais decisões hoje nem de flashbacks.
Tomei um banho rápido e decidi dormir. Amanhã iria embora cedo, era bom estar preparado para o encontro com ela.
***
Acordei antes do despertador tocar. Costumo fazer isso quando estou viajando a trabalho, era como se meu corpo já soubesse quando é hora de ir embora.
Desci pro saguão e o carro já me esperava. Entrei no banco de trás, ajeitei a mochila ao lado e apenas murmurei um “aeroporto”.
O céu ainda estava acinzentado quando chegamos à pista. O jatinho já estava pronto, com a tripulação me esperando. Um dos seguranças me ajudou com a mala de mão, e eu subi as escadas em silêncio.
Dentro da aeronave, me acomodei no assento de sempre e peguei meu celular, enviando uma mensagem para o grupo da equipe.
Depois abri a última conversa com “Pimentinha”. Sorri e pensei em escrever algo, mas novamente, não escrevi.
Talvez mais tarde.
Por ora, fechei os olhos enquanto o avião começava a correr na pista.
Eu estava voltando e tinha uma certa garota bagunçada e incrível, esperando por mim.
A aeronave tocou o solo de Belos Campos pouco antes das dez da manhã. Não avisei ninguém da minha chegada, não estava no clima. A semana já tinha sido intensa demais e tudo o que eu queria agora era silêncio, sombra e um bom café na minha própria cozinha.
Assim que entrei no carro, soltei o nó da gravata e encostei a cabeça no encosto um pouco antes de começar a dirigir. Quando cheguei em casa, mal tive tempo de entrar na cobertura quando o celular vibrou no meu bolso.
Cauã: “Descobri algumas coisas sobre a Fernanda.”

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Aliança Provisória - Casei com um Homem apaixonado por Outra
Tá cada dia pior, os capítulos estão faltando e alguns estão se repetindo....
Gente que absurdo, faltando vários capítulos agora é 319.ainda querem que a gente pague por isso?...
Cadê o capítulo 309?...
Alguém sabe do cap 207?...
Capítulo 293 e de mais tá bloqueado parcialmente sendo que já está entre os gratuitos...
Capítulo 293 tá bloqueado sendo que já está entre os gratuitos...
Quantos capítulos são?...
Não consigo parar de ler é surpreendente, estou virando a noite lendo. É tão gostoso ler durante a madrugada no silêncio enquanto todos dormem. Diego e Alice são perfeitos juntos, assim como Alessandro e Larissa...
Maravilhoso,sem palavras recomendo vale muito apena ler👏🏼👏🏼...
Quem tem a história Completa do Diogo?...