Sentei no sofá, endireitando a postura.
Diogo: “Fala.”
Cauã: “Investiguei e por enquanto descobri que os pais dela faleceram quando ela tinha 13 anos. Ela mora em uma pequena cidade chamada Céu Azul, tem uma irmã mais nova de oito anos que estuda em um colégio interno nessa cidade mesmo. Mas o estado do colégio é bem decadente. E o tio tem uma oficina mecânica na cidade. Histórico sujo com algumas confusões judiciais. Nada muito explícito, mas tem coisa estranha aí.”
Suspirei fundo, massageando a têmpora com o polegar. Aquilo começava a fazer sentido demais e isso nunca era bom.
Diogo: “Quero que aprofunde nisso. Tudo que conseguir sobre ele. Histórico, dívidas, processos. E vê também se ele tem alguma influência ou contato com gente de fora da cidade.”
Cauã: “Beleza. Já deixei algumas pontas soltas pra puxar isso.”
Diogo: “E sobre ela? Fernanda. Amigos antigos, ex-namorados, escola... qualquer coisa que a gente possa usar pra entender melhor de onde ela veio e por que diabos ela se interessou pelo Caleb.”
Cauã: “Já estou mapeando. Tô vendo redes sociais, conversas antigas, comentários em fotos. Ela tem um passado meio contido, não expõe muita coisa, mas vou puxar alguns fios.”
Diogo: “Faz isso. E me avisa assim que tiver algo mais concreto. Pode mandar tudo direto pro meu número pessoal. E Cauã…”
Cauã: “Fala.”
Diogo: “Discrição total. Ninguém pode saber disso, nem ela e muito menos o Caleb.”
Cauã: “Sempre, chefe. Tô no jogo.”
Guardei o celular no bolso e olhei pela janela. Céu Azul, era pra lá que essa investigação me levava agora. Engoli seco.
— Droga — murmurei sozinho, fechando os olhos por um instante.
Não devia, mas comecei a considerar ir até lá. Ver com meus próprios olhos o ambiente onde a garota vivia. Entender o porquê do desconforto dela em relação ao tio. Eu tinha que manter Caleb protegido, custando até um amor para ele, se isso representasse um risco futuro.
Meu coração já estava pesado com isso quando o telefone tocou. Olhei o visor e vi que era Linda.
— Fala, Linda.
— Sr. Diogo, desculpa incomodar o senhor agora, mas… a gente teve um princípio de incêndio em uma das fábricas.
— Que?! — Levantei num pulo, o celular quase caiu da minha mão. — Em qual delas?
— Aqui e Belos Campos. Já controlaram, os bombeiros estão lá, ninguém se feriu gravemente, mas a gente ainda tá entendendo a dimensão da coisa.
— Tô indo pra lá agora.
Nem desliguei. Só enfiei o celular no bolso e peguei as chaves.
***
Quando cheguei na fábrica, a fumaça ainda pairava no ar. O cheiro de plástico e metal queimado se misturava com o sol quente do meio-dia. Homens de capacete falavam alto, funcionários estavam aglomerados mais à frente. Vi Linda me acenando e fui até ela.
— Já me diz logo: alguém se machucou?
— Não. Só intoxicação leve e um funcionário da manutenção foi levado pro hospital para observação, mas nada grave. Por sorte, o fogo começou numa das alas vazias.
— Como isso começou?
Antes que ela respondesse, um bombeiro se aproximou, tirando o capacete.
— Boa tarde. O senhor é Diogo Montenegro?
— Sim.
— A perícia ainda está em andamento, mas posso adiantar uma coisa. Isso não foi acidental, o fogo começou de forma muito localizada. Usaram material inflamável, certeza que foi provocado.
Senti meu sangue gelar e olhei pra Linda.
— As câmeras de segurança estavam ativas?
— Já vi as imagens — ela respondeu rápido. — A gente tem um vídeo. Só que… o cara tá de capuz. Ele usa uma camisa larga, calça escura, nada visível e o rosto está bem coberto o tempo todo.
— Mas que merda… — murmurei, engolindo a raiva.
Mal terminei a frase e o celular vibrou no meu bolso. Peguei, vendo um desconhecido e na tela, uma foto.
Era a imagem da ala incendiada, tirada antes dos bombeiros chegarem. Junto, uma legenda:
“Só um lembrete de que eu vou fazer da sua vida um inferno, assim como você fez da minha.”
Meu estômago revirou. Me afastei dos outros com passos rápidos e a cabeça já a mil.
Enviei a imagem direto pro Jonas.
— Rastreia esse número agora mesmo. É urgente.
Mal apertei “enviar” e outra mensagem chegou.
Uma foto minha, tirada há poucos segundos. Eu ali, afastado dos outros com o celular na mão.
A foto era de perto o suficiente pra ver meu rosto com clareza… e longe o bastante pra eu não saber de onde ela tinha sido tirada.
Senti o coração disparar e olhei ao redor.
— Esse desgraçado tá aqui — rosnei, sentindo a raiva tomar conta de tudo.
— VOCÊS! - Apontei para os seguranças que estavam próximos.
Vários homens vieram correndo. Funcionários, vigilantes, até o motorista da diretoria apareceu.
— Varram a área agora! Ele tá por perto. Não deixem ninguém sair sem ser revistado! Vai! AGORA!
— Fala, Alê.
— Cara… fiquei sabendo do incêndio. Tá tudo bem?
— Agora sim. — Me levantei da cadeira e fui até a janela da sala. — Foi na fábrica daqui, de Belos Campos.
— E o que aconteceu? Um curto, falha elétrica?
Fechei a cortina com força.
— Foi causado.
Ele ficou em silêncio do outro lado por alguns segundos.
— Causado? Como assim?
— Alguém invadiu e incendiou. Não foi acidente.
A irritação na voz dele foi imediata.
— Filho da puta! E ninguém viu nada nas câmeras, tem alguma pista?
— O cara estava encapuzado. A gente tem as imagens, mas não dá pra ver o rosto. Ele sabia o que estava fazendo.
Alessandro bufou alto.
— Isso é sério, Diogo. Muito sério. A gente tem que descobrir quem foi esse infeliz e colocar ele na cadeia, ou pior.
Fiquei em silêncio por um momento, olhando a rua lá embaixo. Eu sabia quem era e sabia que ele não ia parar tão cedo.
— Eu vou descobrir. — Falei, com a voz firme. — Pode ter certeza disso.
— Se precisar de qualquer coisa pode falar comigo, certo? Eu sei que a gente se afastou, mas tô aqui.
— Eu sei e obrigado.
— Amanhã a gente se vê no almoço, então?
— Sim, vai ser bom. Preciso de um dia normal.
Ele deu uma risada curta.
— Se existir isso na sua vida, me avisa.
Desliguei e fiquei olhando o celular por alguns segundos, sem dizer nada.Só que, por mais que eu tentasse… a palavra “normal” parecia cada vez mais distante da minha realidade.
E aquele desgraçado lá fora sabia disso.

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Aliança Provisória - Casei com um Homem apaixonado por Outra
Tá cada dia pior, os capítulos estão faltando e alguns estão se repetindo....
Gente que absurdo, faltando vários capítulos agora é 319.ainda querem que a gente pague por isso?...
Cadê o capítulo 309?...
Alguém sabe do cap 207?...
Capítulo 293 e de mais tá bloqueado parcialmente sendo que já está entre os gratuitos...
Capítulo 293 tá bloqueado sendo que já está entre os gratuitos...
Quantos capítulos são?...
Não consigo parar de ler é surpreendente, estou virando a noite lendo. É tão gostoso ler durante a madrugada no silêncio enquanto todos dormem. Diego e Alice são perfeitos juntos, assim como Alessandro e Larissa...
Maravilhoso,sem palavras recomendo vale muito apena ler👏🏼👏🏼...
Quem tem a história Completa do Diogo?...