Aliança Provisória - Casei com um Homem apaixonado por Outra romance Capítulo 180

Sentei no sofá, endireitando a postura.

Diogo: “Fala.”

Cauã: “Investiguei e por enquanto descobri que os pais dela faleceram quando ela tinha 13 anos. Ela mora em uma pequena cidade chamada Céu Azul, tem uma irmã mais nova de oito anos que estuda em um colégio interno nessa cidade mesmo. Mas o estado do colégio é bem decadente. E o tio tem uma oficina mecânica na cidade. Histórico sujo com algumas confusões judiciais. Nada muito explícito, mas tem coisa estranha aí.”

Suspirei fundo, massageando a têmpora com o polegar. Aquilo começava a fazer sentido demais e isso nunca era bom.

Diogo: “Quero que aprofunde nisso. Tudo que conseguir sobre ele. Histórico, dívidas, processos. E vê também se ele tem alguma influência ou contato com gente de fora da cidade.”

Cauã: “Beleza. Já deixei algumas pontas soltas pra puxar isso.”

Diogo: “E sobre ela? Fernanda. Amigos antigos, ex-namorados, escola... qualquer coisa que a gente possa usar pra entender melhor de onde ela veio e por que diabos ela se interessou pelo Caleb.”

Cauã: “Já estou mapeando. Tô vendo redes sociais, conversas antigas, comentários em fotos. Ela tem um passado meio contido, não expõe muita coisa, mas vou puxar alguns fios.”

Diogo: “Faz isso. E me avisa assim que tiver algo mais concreto. Pode mandar tudo direto pro meu número pessoal. E Cauã…”

Cauã: “Fala.”

Diogo: “Discrição total. Ninguém pode saber disso, nem ela e muito menos o Caleb.”

Cauã: “Sempre, chefe. Tô no jogo.”

Guardei o celular no bolso e olhei pela janela. Céu Azul, era pra lá que essa investigação me levava agora. Engoli seco.

— Droga — murmurei sozinho, fechando os olhos por um instante.

Não devia, mas comecei a considerar ir até lá. Ver com meus próprios olhos o ambiente onde a garota vivia. Entender o porquê do desconforto dela em relação ao tio. Eu tinha que manter Caleb protegido, custando até um amor para ele, se isso representasse um risco futuro.

Meu coração já estava pesado com isso quando o telefone tocou. Olhei o visor e vi que era Linda.

— Fala, Linda.

— Sr. Diogo, desculpa incomodar o senhor agora, mas… a gente teve um princípio de incêndio em uma das fábricas.

— Que?! — Levantei num pulo, o celular quase caiu da minha mão. — Em qual delas?

— Aqui e Belos Campos. Já controlaram, os bombeiros estão lá, ninguém se feriu gravemente, mas a gente ainda tá entendendo a dimensão da coisa.

— Tô indo pra lá agora.

Nem desliguei. Só enfiei o celular no bolso e peguei as chaves.

***

Quando cheguei na fábrica, a fumaça ainda pairava no ar. O cheiro de plástico e metal queimado se misturava com o sol quente do meio-dia. Homens de capacete falavam alto, funcionários estavam aglomerados mais à frente. Vi Linda me acenando e fui até ela.

— Já me diz logo: alguém se machucou?

— Não. Só intoxicação leve e um funcionário da manutenção foi levado pro hospital para observação, mas nada grave. Por sorte, o fogo começou numa das alas vazias.

— Como isso começou?

Antes que ela respondesse, um bombeiro se aproximou, tirando o capacete.

— Boa tarde. O senhor é Diogo Montenegro?

— Sim.

— A perícia ainda está em andamento, mas posso adiantar uma coisa. Isso não foi acidental, o fogo começou de forma muito localizada. Usaram material inflamável, certeza que foi provocado.

Senti meu sangue gelar e olhei pra Linda.

— As câmeras de segurança estavam ativas?

— Já vi as imagens — ela respondeu rápido. — A gente tem um vídeo. Só que… o cara tá de capuz. Ele usa uma camisa larga, calça escura, nada visível e o rosto está bem coberto o tempo todo.

— Mas que merda… — murmurei, engolindo a raiva.

Mal terminei a frase e o celular vibrou no meu bolso. Peguei, vendo um desconhecido e na tela, uma foto.

Era a imagem da ala incendiada, tirada antes dos bombeiros chegarem. Junto, uma legenda:

“Só um lembrete de que eu vou fazer da sua vida um inferno, assim como você fez da minha.”

Meu estômago revirou. Me afastei dos outros com passos rápidos e a cabeça já a mil.

Enviei a imagem direto pro Jonas.

— Rastreia esse número agora mesmo. É urgente.

Mal apertei “enviar” e outra mensagem chegou.

Uma foto minha, tirada há poucos segundos. Eu ali, afastado dos outros com o celular na mão.

A foto era de perto o suficiente pra ver meu rosto com clareza… e longe o bastante pra eu não saber de onde ela tinha sido tirada.

Senti o coração disparar e olhei ao redor.

— Esse desgraçado tá aqui — rosnei, sentindo a raiva tomar conta de tudo.

— VOCÊS! - Apontei para os seguranças que estavam próximos.

Vários homens vieram correndo. Funcionários, vigilantes, até o motorista da diretoria apareceu.

— Varram a área agora! Ele tá por perto. Não deixem ninguém sair sem ser revistado! Vai! AGORA!

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