Entrar Via

Aliança Provisória - Casei com um Homem apaixonado por Outra romance Capítulo 183

Eles começaram a vir na nossa direção.

— Olha quem chegou — falei, sorrindo.

— Fala, Diogo — Alessandro se aproximou pra um aperto de mão e me puxou pro abraço, como sempre fazia. — Tá tudo certo?

— Do jeito que dá pra estar, entra aí.

— Oi, Diogo! — Larissa me cumprimentou com um beijo no rosto e aquele olhar sincero dela. — A casa da sua mãe é linda.

— Obrigado. Ela vai adorar saber que você gostou.

Gabriel correu na minha direção, praticamente pulando no meu colo.

— E ai, campeão, como você está?

— Bem, tio Diogo. Essa é a sua casa? Seu irmão tá aí? Meu pai disse que ele tem um monte de brinquedos.

Rir, sabendo que da coleção que Alessandro estava falando.

— Tem sim e o Caleb vai adorar te conhecer — falei, estendendo a mão pra ele bater um “toca aqui”.

Logo a Helena apareceu, toda sorrisos, recebendo Larissa com carinho e perguntando se ela queria se sentar, se estava cansada da viagem. Aquela típica hospitalidade Montenegro.

Entramos na casa e Alessandro foi o primeiro a ir até Caleb.

— Quanto tempo, moleque.

— Oi, Alessandro! — Caleb sorriu, e os dois se cumprimentaram com uma mistura de aperto de mão e tapinha no ombro. — Faz tempo mesmo.

— Deixa eu te apresentar a minha família, essa é a Larissa, minha esposa, e esse aqui é o Gabriel.

— Oi, Caleb — Larissa disse, se aproximando, apertando levemente a mão dele. — É um prazer finalmente te conhecer. Diogo falava muito sobre você.

— O prazer é meu — Caleb respondeu, simpático. — E aí, Gabriel?

Gabriel olhou curioso pra cadeira de rodas, mas foi educado como sempre.

— Oi. Você também gosta de carrinho?

— Gosto. Eu era viciado, tenho uma coleção até hoje.

— Eu tenho também! — Gabriel disse, animado de repente.

— Então depois você me mostra, hein?

Fiquei ali, só observando. Era bom ver Caleb interagindo de forma tão leve, tão aberta. A presença do menino tinha esse efeito em muita gente.

Não demorou muito e ouvimos outro carro parando.

Fernanda entrou pela porta sorrindo, com um vestido claro. Ela olhou ao redor, parecendo um pouco tímida, mas a leveza que eu estava a segundos atrás, se foi. Por que eu sempre ficava em alerta com ela por perto?

— Oi, gente. — Ela se aproximou e beijou o Caleb, apertando a mão dele com carinho. — Desculpa o atraso. Eu demorei pra encontrar um táxi disponível.

— Tá linda, Fernanda — disse minha mãe, tentando deixar o clima leve.

— Obrigada, dona Helena.

Caleb apresentou Fernanda a Larissa e Alessandro. Ela sorria para eles, falava um pouco sobre si, da mesma forma automática como tinha sido antes.

Sentamos todos à mesa e enquanto minha mãe servia as coisas, Larissa puxava conversa com a naturalidade de sempre.

— Então… vocês dois fazem faculdade no mesmo campus, né? — ela perguntou, sorrindo pros dois. — Que curso mesmo?

— Direito — respondeu Fernanda, antes de Caleb. — A gente se conheceu numa matéria optativa. Eu quase desisti no primeiro ano, mas aí encontrei esse chato e ele ficou me incentivando a continuar.

— Ela tem talento — Caleb disse. — Só precisava de um empurrãozinho.

— E você, Caleb? — Larissa perguntou. — Tá em qual semestre?

— Tô no quinto. Faço Ciência e Tecnologia, queria fazer engenharia, mas aí mudei de ideia depois de conhecer alguns professores bem ruins.

— Normal — Alessandro riu. — Eu mudei de curso três vezes.

Enquanto a conversa rolava, eu comia, mas prestando atenção nela. No tom de voz, nas pausas e escolhas de palavras. Ela falava com calma, com um certo brilho nos olhos quando contava das aulas que gostava, da irmã.

Tudo parecia muito encaixado, talvez até demais. Eu não tinha certeza se era excesso de desconfiança… ou se meu instinto estava certo.

A sobremesa estava sendo servida e ela comentava alguma coisa com Larissa sobre doces de festa quando o olhar dela cruzou com o meu por um segundo. Ela percebeu que eu a observava e sorriu de leve.

Talvez eu estivesse vendo coisas onde não tinha.

De qualquer forma, eu ia continuar observando. Se tem uma coisa que aprendi nesses anos todos… é que o perigo raramente chega fazendo barulho.

Depois do almoço, minha mãe foi levar Gabriel até o quarto de hóspedes pra ele descansar um pouco, Larissa ficou sentada conversando com a Fernanda e com o Caleb na sala, e Alessandro se aproximou de mim, cruzando os braços.

— Vamos lá fora um pouco? — ele disse, com aquele tom de quem queria conversar em particular.

Assenti e saímos pelos fundos, para o jardim que minha mãe mantinha com todo o cuidado do mundo. O sol tava começando a cair, dando aquela luz alaranjada por cima das plantas.

Alessandro encostou na mureta e me encarou.

— Ainda tá desconfiado da sua cunhadinha?

Soltei o ar com força. Era inútil tentar negar, ele me conhecia bem demais.

— Tô. — Cruzei os braços também. — O Cauã deu uma olhada no histórico dela e até agora tudo que ela falou b**e. O nome é limpo, os lugares onde estudou, o estágio na Defensoria Pública. Tudo certo.

— Então onde tá o problema?

— O tio que criou ela. Esse cara tem o nome mais sujo que barro de enchente com passagem por estelionato, já foi investigado por envolvimento em lavagem de dinheiro e tem uns rolos com propriedade falsificada. O tipo de gente que se aproxima quando sente cheiro de oportunidade.

— Não acho que seja só isso — ela rebateu, me olhando daquele jeito que só quem te conhece de verdade consegue olhar. — Não carrega tudo sozinho, não. A gente tá aqui, você sabe disso, né?

Olhei pra ela, a observando por um momento. Sua barriga estava enorme, maior que a de Gabriel, o rosto um pouco mais redondo deixava ela ainda mais bonita.

Lembro de como eu realmente era apaixonado por ela, como a amei no instante em que a conheci naquela sala de Alessandro, tremendo um pouco antes de assinar os papéis do casamento. Mal olhando para as pessoas, mas o pouco que olhava dava para ver o quão era forte.

Passei um tempo fora, via as notícias sobre Alessandro aparecendo com outras mulheres e só pensava em como ela deveria estar se sentindo. Até que a vi aquele dia no escritório, um pouco nervosa, apresentando seu trabalho para ele e o idiota sendo um idiota com ela… a forma como sorriu quando elogiei seu trabalho.

Respirei fundo… acho que ainda sentia algo por ela naquele dia, como no dia do baile que a levei para afrontar Alessandro. Mas eu sabia e podia sentir que ela o amava e eu nunca iria me envolver com a mulher de um amigo. Por mais que Alessandro dissesse que não a amava, eu o conhecia bem para saber que ele a amava sim, só não queria enxergar isso.

E como um amigo fiel, deixei os sentimentos de lado e me dediquei a cuidar dela. Sabia que naquele momento ela não precisava de um amante e sim de um companheiro, alguém que pudesse contar e a proteger e eu fui isso para ela, sempre serei.

Hoje, vendo como ela está feliz com o homem que sempre amou, acalma meu coração. Fiz uma decisão difícil na época, mas não me arrependo. O amor que sentia por ela se transformou em um amor fraternal e por mim, tudo bem assim.

Larissa provou tantas vezes ser uma família, alguém com quem eu podia confiar. A pergunta rondou minha cabeça e finalmente a fiz.

— E se você descobrisse que eu fiz uma coisa ruim, Larissa?

Ela franziu a testa, confusa.

— Como assim?

— Uma coisa ruim que eu escondi por medo, covardia, de todo mundo. Uma coisa que você mesma, se soubesse, talvez não aceitasse e achasse algo profundamente terrível. Você ainda olharia pra mim do mesmo jeito?

Ela demorou uns segundos pra responder. O seu olhar foi até o Gabriel, brincando com um sorrisão no rosto e depois voltou pra mim. Ela então respirou fundo.

— Eu ia querer que você me contasse e tentaria entender. Saber o que aconteceu, o que você pensou, o que sentiu. E se fosse algo pesado, se fosse algo difícil... é, eu provavelmente te daria umas broncas. Ia ficar brava, falar umas verdades. Mas te deixar de lado? Nunca. Você é família, Diogo.

Ela pousou a mão no meu braço.

— Você me ajudou quando eu mais precisei. Me deu apoio, segurança, coragem de continuar... Eu nunca seria capaz de te abandonar. Nunca.

Suspirei e passei a mão no rosto, tentando disfarçar o peso que me apertava o peito.

— Tem muita coisa rolando, Lari.

— O quê, exatamente?

Balancei a cabeça devagar.

— Nada que eu possa te contar agora.

Ela foi quem suspirou dessa vez.

— Tudo bem. Eu não vou forçar, mas… quando você quiser falar, eu tô aqui. Tá bom?

— Tá bom. — murmurei.

A voz dela era como um cobertor num dia frio. E mesmo que eu continuasse preso no meu próprio silêncio, só de saber que ela tava ali... já fazia o peso parecer um pouco menos insuportável.

Histórico de leitura

No history.

Comentários

Os comentários dos leitores sobre o romance: Aliança Provisória - Casei com um Homem apaixonado por Outra