Larissa sorriu de canto de um jeito travesso, e me olhou com um brilho diferente no olhar.
— Agora me conta... — disse, inclinando levemente a cabeça. — Tá de caso novo, é?
Arqueei as sobrancelhas, surpreso.
— Como é que é?
— Ah, Diogo, por favor — ela riu, e então apontou discretamente para o meu pescoço. — De todos esses anos que te conheço... nunca vi nenhuma marquinha dessas aí. Nem uma sequer. Alguém te pegou de jeito.
Instintivamente levei a mão ao pescoço e senti a pele quente no ponto exato da mordida. Maldição, achei que já tinha sumido.
— Tá até corado, olha só — ela riu, divertida. — Quem é essa mulher, hein? Pra deixar marca em você, ela deve ser especial.
Antes que eu pudesse responder, Alessandro se aproximou e se sentou ao lado dela, passando o braço pelo seu ombro e a puxando mais pra perto, de um jeito automático, quase possessivo.
Típico dele.
— Conheci uma mulher sim... — confessei, tentando manter o tom casual. — Mas é só... casual.
— Esse negócio de “só casual” é perigoso — Alessandro disse, me lançando um olhar sugestivo. — Vai que você acaba se apaixonando?
— Pode ser bom — Larissa completou, animada. — Vai que é isso mesmo que você precisa.
— Não é. — sacudi a cabeça. — E nem eu, nem ela, queremos algo sério. A gente deixou isso bem claro desde o começo.
— Eu conheço essa pessoa? — ela perguntou animada, já toda curiosa.
Desviei o olhar por um instante, tomando um gole do café frio só pra fazer alguma coisa com as mãos.
— Você se lembra daquela moça do restaurante? Aquela que você disse que ficou me encarando?
Os olhos dela se arregalaram.
— Não acredito, é ela?
Assenti com um meio sorriso.
— Aquela mesma.
Larissa deu um gritinho, quase pulando do sofá.
— Eu sabia! Sabia que vocês iam acabar se envolvendo! Ela é linda! Uma energia... sei lá, diferente! Você não podia deixar essa chance passar!
Não consegui conter a risada. O entusiasmo dela era contagiante.
— Eu até tentei... juro que tentei. Mas ela... cara, ela é louca. Num bom sentido, sabe? Do tipo que aparece do nada, fala o que pensa, não tem filtro nenhum, não tem vergonha de nada...
— Eu já a amo — Larissa disse, com os olhos brilhando. — Você precisa trazer ela aqui qualquer dia. E se ela tiver rede social, já me manda o @ que eu vou stalkear. Vocês dois juntos devem ser tipo... um furacão com terno.
— Você virou fã, é isso? — provoquei, rindo.
— Total. Eu shippo! — Ela olhou pro Alessandro. — Não é, amor? Já pensou ele com uma mulher que tira ele do prumo assim? A gente precisa disso. Um Diogo mais leve, mais... feliz.
Alessandro riu, dando de ombros.
— Se ela conseguir aguentar esse teu mau humor matinal, ela merece mesmo.
Revirei os olhos, mas sorri. A verdade é que ouvir isso deles me deu uma estranha sensação de paz. Como se, pela primeira vez em muito tempo, eu estivesse fazendo algo fora do controle... mas que, curiosamente, parecia certo.
E Alice... era isso. Um furacão com sorriso de tempestade, que chegou bagunçando tudo. E que, mesmo sem querer, estava deixando marcas mais fundas que aquela no meu pescoço.
Estava prestes a comentar mais alguma coisa quando o celular vibrou no meu bolso. Peguei, curioso, e assim que vi o nome dela na tela senti aquele sorriso idiota se formando no meu rosto antes mesmo de abrir a mensagem.
“Tô tentando trabalhar, mas tá difícil com as pernas bambas. Você vai pagar caro por isso, Bilionário.”
Tive que conter o riso.
— É ela? — Larissa perguntou, toda curiosa, inclinando-se levemente pra espiar o celular.
Assenti, ainda sorrindo feito bobo.
— A própria.
Ela sorriu, satisfeita e olhou para Alessandro com aquele olhar cúmplice que só os dois entendiam.
— Não vai demorar muito pra esse homem se apaixonar. Tá escrito.
Levantei os olhos pra ela, franzindo a testa.
— Isso não vai acontecer.
Ela só arqueou as sobrancelhas e assentiu, fingindo uma credibilidade que não tinha.
— Uhum, claro. Eu super acredito.
Antes que eu pudesse retrucar, Alessandro já estava se levantando.
— Vamos, amor? A gente ainda tem que passar na casa dos meus avós.
Larissa se levantou com a ajuda de Alessandro e olhou na direção de Gabriel.
— Gabriel! Bora, meu amor!
Ele se levantou com cara emburrada, mas veio fazendo bico.
— Ah, mãe… eu tava vendo a coleção de miniaturas do tio Caleb!
— Eu sei, meu bem, mas a gente precisa ir. Depois você vê de novo, tá bom?
Ele cruzou os braços, deu um suspiro de protesto, mas acabou assentindo. Então se virou para mim e se jogou no meu colo num abraço apertado.
— Tchau, tio Diogo! — disse, me apertando o pescoço.
— Tchau, campeão. Se comporta, hein?
Ele assentiu, já se virando pra abraçar Caleb também.
Enquanto isso, Alessandro se despedia de Helena com um beijo respeitoso na bochecha e depois apertou a mão de Caleb.
— Foi bom te ver, cara. Qualquer coisa, manda mensagem.
— Pode deixar — Caleb respondeu, sorrindo.
Ficamos todos observando enquanto eles se encaminhavam para o carro. Larissa ajeitava a bolsa, falava com Gabriel e ainda acenava pra gente ao mesmo tempo. Alessandro abriu a porta, esperou os dois entrarem, contornou o capô e assumiu o volante.
O carro deu partida devagar, e a última coisa que vi foi Larissa ainda mandando beijos pela janela enquanto Gabriel dava tchauzinho com as duas mãos, já rindo de alguma coisa que o pai disse.
Suspirei. Aquela bagunça familiar, mesmo que barulhenta, me fazia bem.
Peguei o celular, não resistindo em responder a pimentinha.
“Tô curioso pra saber como exatamente vou pagar por isso.”
Talvez essa mulher, com sua risada livre e jeito imprevisível, fosse mesmo a exceção. Mas me apaixonar?
Não. Isso definitivamente não ia acontecer.
(Eu só esperava que Alice concordasse com isso também.)
Quinta , 22 de setembro
A rotina me engoliu de novo com relatórios, reuniões, uma conferência internacional em vídeo e o fechamento de um contrato com investidores canadenses. Foi tão intenso que nem vi a semana passar.
Alice tinha mandado algumas mensagens nos primeiros dias, mas andamos nos desencontrando. De propósito ou não, eu não saberia dizer. Ela era um furacão que passava e sumia, no fundo, talvez fosse melhor assim.
Na manhã de segunda, eu estava sentado na sala de reuniões com o pessoal da engenharia revisando os cronogramas das obras de infraestrutura no sul do país. Quando Jonas entrou às pressas e bateu duas vezes na porta de vidro, mas nem esperou por resposta antes de abri-la.
— Com licença, Senhor. Preciso falar com você, é urgente.
O tom dele me fez levantar da cadeira na hora.
— Pessoal, a reunião está encerrada, obrigada. Continuem com o planejado. — Saí da sala, com Jonas me esperando no corredor. — O que foi?
Ele me entregou o tablet, já com os registros abertos.
— Tentaram invadir o sistema da empresa há meia hora.
— O quê? — Peguei o tablet e fui rolando os dados. — Tentaram o quê, exatamente?
Fechei os olhos, tentando buscar algo... qualquer coisa que eu tivesse esquecido sobre o Enrique. Algo que me escapou na época.
Silêncio.
Mas, de repente veio. Como um soco no meio da cara.
Uma lembrança antiga, mas clara.
Dela, rindo com os olhos cheios de ironia, falando sobre um irmão mais velho.
“Ele era superprotetor… até que se casou e sumiu do mapa. Abandonou todo mundo.”
Abri os olhos e me levantei num pulo.
— Droga!
Como eu não pensei nisso antes?
Talvez porque ela nunca mais mencionou esse irmão. Nunca disse o nome, sempre se dizia sozinha e eu acreditei.
Passei as duas mãos no rosto, tentando segurar a raiva que me subia como ácido.
Peguei o celular e disquei para o Valter.
— Fala, chefe.
— Quando eu a conheci... ela falou de um irmão mais velho. Que sumiu, casou e deixou a família pra trás.
— Tá...
— Pode ser ele, Valter. Pode ser o Enrique, o sobrenome é o mesmo. É óbvio!
— Você acha que é o mesmo cara?
— Claro que é! Merda, Valter! Como a gente não ligou isso antes?
— Calma... se ele sumiu, por que diabos tá atrás de você agora?
— É isso que eu quero descobrir. Se ele tá querendo dinheiro com essas ameaças e chantagens... sei lá. Mas eu juro que vou arrancar isso dele.
— Tá, mas se for mesmo dinheiro... a gente sabe como esses vermes funcionam. Dá uma vez, ele vai voltar pra pegar mais. Sempre mais.
— Eu sei, porra! — esbravejei, andando em círculos. — Mas se for isso que ele quer, eu dou logo essa merda e acabo com isso de uma vez!
— Diogo... não é assim que funciona.
— Então o que eu faço, hein? Me diz! — disparei, parando de andar.
Ele ficou em silêncio do outro lado da linha e depois deixou escapar um suspiro.
— A gente pode... sumir com ele. Marcar um fim pra essa história.
— Não! — cortei na hora. — Não vou mandar matar ninguém, Valter. Tem gente demais envolvida, coisa demais em risco e não vou descer pra esse nível.
— Eu sei. — Ele pareceu engolir as palavras. — Tá certo. Então a gente resolve, mas com inteligência.
— Como?
— Primeiro a gente precisa encontrar o Enrique. Saber onde ele tá, o que ele quer. Depois a gente decide o próximo passo. Tem que ser um encontro cara a cara.
— E se ele fugir?
— Não vai. Eu vou pensar em uma forma de fazer isso funcionar. Mas você precisa manter a cabeça no lugar.
Fechei os olhos de novo, mais devagar dessa vez.
— Certo, faz isso, Descobre onde ele tá e marca esse maldito encontro.
— Pode deixar. Eu te ligo assim que souber de algo.
Desliguei e larguei o celular sobre a mesa com força.
O pior era isso: a verdade estava começando a aparecer, e eu odiava o que ela dizia sobre mim, sobre ela, sobre o que podia vir depois.

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Aliança Provisória - Casei com um Homem apaixonado por Outra
Tá cada dia pior, os capítulos estão faltando e alguns estão se repetindo....
Gente que absurdo, faltando vários capítulos agora é 319.ainda querem que a gente pague por isso?...
Cadê o capítulo 309?...
Alguém sabe do cap 207?...
Capítulo 293 e de mais tá bloqueado parcialmente sendo que já está entre os gratuitos...
Capítulo 293 tá bloqueado sendo que já está entre os gratuitos...
Quantos capítulos são?...
Não consigo parar de ler é surpreendente, estou virando a noite lendo. É tão gostoso ler durante a madrugada no silêncio enquanto todos dormem. Diego e Alice são perfeitos juntos, assim como Alessandro e Larissa...
Maravilhoso,sem palavras recomendo vale muito apena ler👏🏼👏🏼...
Quem tem a história Completa do Diogo?...