(Diogo)
Entrei no carro, respirei fundo e fechei a porta com calma. O silêncio dentro do veículo era quase sufocante. Encostei por um instante a cabeça no banco de couro com os olhos fechados, sentindo a raiva pulsar como um tambor no fundo da minha mente. Mas eu não podia me deixar consumir, inteligência era sempre mais eficaz do que violência.
Peguei o celular, deslizei a tela e disquei o número.
— Diogo Montenegro — ouvi a voz animada de Heitor do outro lado, com aquele sotaque inconfundível. — Achei que tinha se esquecido de mim.
— Heitor… — minha voz saiu baixa, firme. — Vou precisar dos seus serviços para duas pessoas.
Houve uma breve pausa.
— Serviços? — ele repetiu, curioso. — Você está falando da empresa ou… da outra parte?
Sorri de canto, olhando a rua pela janela.
— A empresa, a de prestação de serviços. Ainda tem aquela… que limpa fossas?
Heitor riu do outro lado, um riso rouco.
— Ainda tenho, sim. Tem bairro que até hoje não recebeu esgoto, acredita? Então, por enquanto, a gente faz esse tipo de serviço. Mas vou te dizer, tá difícil manter funcionários. Quase ninguém aguenta o odor… e pior ainda, o que se encontra nessas fossas.
Meu sorriso se abriu mais. — Perfeito. Vou mandar dois funcionários novos.
Do outro lado da linha, ele ficou em silêncio por um segundo antes de soltar um assobio longo.
— Dois? Funcionários seus? — a voz dele estava carregada de surpresa. — Tem certeza que… essas pessoas querem isso?
— Eles querem, sim. — minha voz soou mais fria do que eu esperava. — Querendo ou não, eles vão. Lurdes e Renato. Fizeram algo que me deixou com muita raiva… e agora vão pagar com os serviços mais sujos que eu conseguir encontrar para eles.
Heitor soltou uma risada baixa, quase incrédula.
— Então alguém conseguiu arrancar a tua calma? — fez uma pausa, o tom dele ficando mais sério. — Não é pouca coisa, Diogo.
Suspirei, encarando o reflexo do meu próprio rosto no vidro escuro.
— Foi, Heitor. Eles passaram dos limites e não vai ser rápido. Quero que fiquem nisso por tempo indeterminado.
— Indeterminado? — ele repetiu, surpreso.
— Exatamente. E não me dê moradia para esses dois e será por metade do salário, apenas para conseguirem sobreviver.. — acrescentei, com firmeza. — Eles já têm a casa antiga deles. É lá que merecem dormir depois de enfiar as mãos na sujeira que tanto tentaram evitar.
Silêncio do outro lado. Então ouvi o estalo do isqueiro acendendo e ele dar uma tragada demorada.
— Tá certo. — disse enfim, a voz grave, resignada. — Eu confio no teu julgamento, Diogo. Se você acha que eles merecem… é porque merecem. Manda os dois amanhã cedo para a empresa. Eu mesmo vou recebê-los.
— Vou fazer isso. — respondi sem hesitar.
Desliguei. O silêncio voltou a tomar conta do carro, mas minha mente ainda estava acesa como fogo. Liguei de novo, agora para um dos meus homens que havia ficado de olho no casal.
— Ouça com atenção. Amanhã cedo, você leva Lurdes e Renato para a empresa do Heitor. Ele vai cuidar deles a partir daí. Entendido?
— Sim, senhor. — a voz do homem veio firme, sem questionar.
— Ótimo. — encerrei a chamada, deixando o celular cair no banco ao meu lado.
***
Cheguei na empresa já com o celular no ouvido, esperando a voz dela. Chamava… chamava… e nada. O cenho foi se fechando, a impaciência crescendo dentro de mim.
— Vamos, Alice… atende. — murmurei.
Cancelei a chamada e imediatamente liguei para um dos seguranças.
— Alice saiu da empresa? — perguntei sem rodeios.
— Senhor, a senhora Alice ainda não saiu da empresa, ainda está no prédio. — a voz do cara veio firme.
Soltei o ar, forçando a calma.
— Certo. Mantenha os olhos nela.
Mas a verdade é que isso não bastava. Eu não ficaria tranquilo enquanto não a visse. Guardei o celular e desci.
Atravessei a recepção cumprimentando quem aparecia na minha frente e segui direto para o elevador. O som da campainha ecoou, as portas se abriram e… um burburinho estranho subiu até mim. Vozes agitadas, gente cochichando em um tom de confusão. Meu coração acelerou e, sem pensar, apressei os passos.
Passei entre um grupo que se acumulava no corredor e a cena se abriu diante dos meus olhos. Alice agarrada no cabelo de Danila e a cara da mulher sendo esfregada contra papéis amassados em cima da mesa.
— Solta! — Miqueias tentava puxar Alice de cima da assistente dele, que gritava feito uma condenada.
Não pensei duas vezes e corri.
— Alice! — chamei, envolvendo os braços nela e a erguendo do chão, como já tinha feito antes.
Ela ainda segurava mechas de cabelo de Danila, que gritava enquanto Miqueias puxava a assistente para longe. Um punhado de fios ficou preso nas mãos de Alice.
Coloquei ela no chão, firme.
— Que diabos está acontecendo aqui?! — minha voz ecoou mais forte do que pretendia.
Danila apontou para Alice, o rosto vermelho e os olhos marejados.
— Essa mulher é louca! Completamente louca!
Alice riu, amarga.
— Se você mentir mais uma vez, eu enfio a mão na sua cara de novo, sua cobra! — ela deu um passo à frente.
Danila recuou assustada e eu segurei a onça pelos ombros.
— Chega. Para com isso, Alice. — tentei conter.
Miqueias estava furioso, vermelho até as orelhas.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Aliança Provisória - Casei com um Homem apaixonado por Outra
Quantos capítulos são?...
Não consigo parar de ler é surpreendente, estou virando a noite lendo. É tão gostoso ler durante a madrugada no silêncio enquanto todos dormem. Diego e Alice são perfeitos juntos, assim como Alessandro e Larissa...
Maravilhoso,sem palavras recomendo vale muito apena ler👏🏼👏🏼...
Quem tem a história Completa do Diogo?...
Gostaria de dizer que plágio é crime. Essa história é minha e não está autorizada a ser respostada aqui. Irei entrar com uma ação, tanto para quem está lançando a história como quem está lendo....
Linda história. Adorando ler...
Muito linda a história Estou gostando muito de ler Só estou esperando desbloquear e liberar os outros que estão faltando pra mim terminar de ler...
Muito boa a história, mas tem alguns capítulos que enrolam o desfecho. Ela já tá ficando repetitiva com o motivo da mágoa...
História maravilhosa. Qual o nome da história do Diogo?...
Não consigo parar de ler, cada capítulo uma emoção....